O ministro federal para as minorias religiosas no Paquistão, o católico Shahbaz Bhatti -quem em distintas ocasiões expressou sua oposição à Lei de Blasfêmia- foi assassinado a tiros esta semana em Islamabad ao sair de sua casa enquanto se encontrava em seu automóvel.
Bhatti era o único cristão do gabinete do Paquistão, país no qual 95% da população professa o Islã.
A agência vaticana Fides informa que o ministro havia saído de sua residência rumo ao seu escritório. Não levava escolta. De repente, um pequeno automóvel se colocou ao lado do dele, um de seus ocupantes disparou uma vez para detê-lo e logo vários homens mascarados saíram do carro com armas automáticas e dispararam durante dois minutos e logo fugiram.
Conforme assinala o jornal britânico The Guardian, os assassinos deixaram na cena do crime uns panfletos nos quais descreviam o ministro como um “cristão infiel” e que estava assinado por “Taliban al-Qaida Punjab”.
Uma sobrinha do ministro, Mariam, de 22 anos, foi em auxílio de Bhatti: “corri aonde ele estava e vi o corpo coberto de sangue. Disse-lhe ‘tio’, ‘tio’ e tentei tomar-lhe o pulso. Já estava morto”.
Vamos acender agora uma vela no Oratório da Medalha Milagrosa pela alma de Bhatti, mais um mártir do cristianismo vítima da intolerância religosa.
Segundo diversos informes de imprensa o funcionário recebeu ao menos oito disparos.
Conforme assinala a cadeia CNN, o porta-voz dos Talibãs, Ihsanullah Ihsan, assinalou que “o assassinato de Bhatti é uma mensagem para todos os que estão contra a Lei de Blasfêmia”, uma norma que se costuma usar para perseguir os cristãos e que castiga quem ofende o Corão ou Maomé, inclusive com a pena de morte.
Fides assinala que diversos sacerdotes e religiosas no Paquistão consideram que o ministro Bhatti é um “mártir”, alguém que “deu sua vida pela defesa dos direitos das minorias religiosas, especialmente dos cristãos”.
Declaração do Vaticano
Sobre este assassinato, o Diretor do Escritório de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, disse que o episódio é um novo ato de violência de enorme gravidade. Tal fato demonstra quanto são acertadas as intervenções do Papa Bento XVI para frear a violência contra cristãos e contra a liberdade religiosa em geral.
Pe. Lombardi recordou, ainda, que “Bhatti era o primeiro católico que ostentava um cargo desse tipo. Recordamos que tinha sido recebido pelo Santo Padre no último mês de setembro e que tinha dado testemunho de seu compromisso em favor da convivência pacífica entre as comunidades religiosas de seu país”.
Lei da Blasfêmia
A Lei de Blasfêmia agrupa várias normas contidas no Código Penal inspiradas diretamente na Xaria -lei religiosa muçulmana- para sancionar qualquer ofensa de palavra ou obra contra Alá, Maomé ou o Corão.
A ofensa pode ser denunciada por um muçulmano sem necessidade de testemunhas ou provas adicionais e o castigo poderia supor o juízo imediato e a posterior condenação à prisão ou à morte.
A lei é usada com freqüência para perseguir a minoria cristã, que costuma ser explorada no trabalho e discriminada no acesso à educação e aos cargos públicos.
Fonte: ACI Digital