Como se mesmo depois da morte quisesse continuar a guerra que declarara ao desalento, São Francisco de Sales arrancou ao próprio demônio uma confissão repleta de estímulo até para as almas mais criminosas.
Trouxeram para junto do túmulo do bispo de Genebra, no tempo em que se instruía o processo de sua beatificação, um jovem que havia cinco anos estava possuído pelo espírito maligno.
Tardou vários dias em ver-se curado e, entretanto, foi submetido pelo bispo Charles-Auguste de Sales e pela Madre de Chaugy a vários interrogatórios junto dos restos mortais do Santo. Relata uma testemunha ocular que, numa dessas ocasiões, o demônio gritava com mais furor e confusão, dizendo:
— “Por que hei de sair?”, e a Madre de Chaugy exclamou com aquela veemência que lhe era peculiar:
— “Ó Santa Mãe de Deus, rogai por nós! Maria, Mãe de Jesus, socorrei-nos!”
A essas palavras, o espírito infernal redobrou os seus horríveis alaridos e bradou:
— “Maria! Maria! Ah! E eu, que não tenho Maria!… Não pronuncieis esse nome, que me faz estremecer. Se houvesse uma Maria para mim, como a tendes para vós, não seria o que sou!… Mas eu não tenho Maria!” Todos choravam.
— “Ah!”, continuou o demônio, “se eu tivesse um só instante dos muitos que desperdiçais, sim, um só instante e uma Maria, não seria um demônio!”*
Pois bem. Nós que vivemos (Sl 113, 18) temos o momento presente para regressar a Deus, e temos Maria para nos obter essa graça. Quem há então que possa desesperar?
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* Relato da Irmã E.-C. de la Tour, do primeiro mosteiro da Visitação.
Fonte: TISSOT, Joseph, MSFS. A arte de aproveitar as próprias faltas. 2. ed. São Paulo: Quadrante, 1995.
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