.
Foram várias as ocasiões, ao longo da história da Igreja, em que a assistência providencial da Virgem Maria fez com que os católicos travassem o bom combate (cf. 2 Tm 4, 7) e guardassem intacto o “precioso depósito” da fé católica (2 Tm 1, 14).
Não se contentando em deixar aos homens o seu digno exemplo de mãe e discípula de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Senhor presenteou a Sua Igreja com o dom inestimável do Santo Rosário.
No final do século XII, para vencer a péssima heresia dos albigenses (de matriz gnóstica, esta heresia chegava a negar a ressurreição de Nosso Senhor), São Domingos de Gusmão recorreu ao auxílio da Santíssima Virgem.
“Insigne pela integridade da doutrina, por exemplos de virtude e pelos seus trabalhos de apostolado”, escreve o Papa Leão XIII, São Domingos confiou “na força sobretudo daquela oração que ele, por primeiro, introduziu sob o nome do santo Rosário, e que, ou diretamente ou por meio dos seus discípulos, depois divulgou por toda parte”.
A grandeza desta devoção, profundamente enraizada no espírito dos católicos de todo o mundo, reside especialmente em sua simplicidade.
Nesta “escola de oração” os católicos são chamados a configurar-se de modo mais perfeito a Nosso Senhor Jesus Cristo, contemplando os episódios de sua vida e haurindo deles a força para perseverar dia a dia na fé.
A oração do Santo Rosário está na contemplação dos mistérios da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo, desde a Sua encarnação no seio da Virgem até a Sua gloriosa ascensão aos céus.
As Ave Marias são, sobretudo, coroas de rosas que se oferecem a Nossa Senhora, a fim de ornar com a sublimidade da saudação angélica os pilares fundamentais de nossa salvação.
A devoção à Nossa Senhora do Rosário foi instituída no século XVI pelo Papa São Pio V. É um episódio particularmente notável da força desta simples oração.
Foi em Lepanto, no dia 7 de outubro de 1571, que os combatentes católicos, com a bênção do Santo Padre e a proteção da Virgem das Vitórias, venceram os turcos muçulmanos, que estendiam seu domínio por grande parte da Europa.
Os otomanos ficaram aterrorizados ao vislumbrar, acima dos mastros da esquadria católica, a imagem de uma Senhora de aspecto grandioso e ameaçador.
Assim como triunfou na batalha de Lepanto, a Igreja militante é hoje chamada a recorrer continuamente à Mãe do Rosário, para vencer a guerra mais importante de todas – a que diz respeito ao mal dentro do recinto sagrado, aquele que mais prejudica a salvação do maior número de almas.
E, assim, no Céu, todos entoarão a famosa frase que representou aquele grande combate marítimo:
Non virtus, non arma, non duces, sed Maria Rosarii victores nos fecit – Nem as tropas, nem as armas, nem os combatentes, mas a Virgem Maria do Rosário é que nos deu a vitória.
.
* * *
.
Fonte: Christo Nihil Praeponere (com adaptações)