.
Outro ponto fundamental da formação católica que os mestres do novo cristianismo igualmente deturpam refere-se à credibilidade da Religião revelada.
Pois, de fato, contendo embora mistérios que ultrapassam a capacidade intelectual criada, a Religião Católica não se impõe arbitrariamente ao fiel.
Está muito longe do “crê ou morre” dos muçulmanos.
É ela um “rationale obsequium” não somente enquanto envolve a humildade da inteligência que se curva diante da Verdade incriada;
Mas também porque essa submissão não é cega, e sim plenamente justificável.
E a justificação, que torna racional nosso assentimento às verdades reveladas;
São especialmente os milagres operados pela Onipotência divina em abono da Revelação.
O milagre vem a ser uma interferência de Deus Nosso Senhor à margem das leis da natureza;
Pela qual Ele produz um efeito que é inexplicável pela ordem natural das coisas;
E que Ele assume com seu selo divino para comprovar a autenticidade da doutrina revelada por Ele, ou por seu profeta.
Jesus Cristo aos judeus incrédulos apresentava como prova da verdade de sua doutrina os milagres que fazia:
“Si mihi non vultis credere, operibus credite – Se não quiserdes crer em mim, crede nas minhas obras” (Jo. 10, 38);
Nos meus milagres que dão testemunho de que minha doutrina é realmente de Deus.
No decurso da história da Igreja, Deus tem agido da mesma maneira.
Ainda em Fátima, para autenticar junto ao povo que os pastorinhos recebiam de fato a visita e a mensagem de Nossa Senhora, fez Ele o milagre do sol;
Que se desprendeu da abóbada celeste e caminhou em ziguezague sobre a multidão, enchendo-a de pavor.
Por isso mesmo, pela importância que têm os milagres como obra realizada imediatamente pela Onipotência divina;
E, pois, como meio para autenticar a mensagem celeste;
A Santa Igreja em Concílios e outros documentos de seu Magistério firmou a possibilidade, natureza e valor probativo dos milagres.
Veja-se, por exemplo, o Concílio Vaticano I, Sess. III, cap. IV, cânones 3 e 4, ou o juramento anti-modernista.
Pelo exposto, vedes, amados filhos, como apreciar a tentativa de dar às ações miraculosas uma explicação natural;
Sob pretexto de que Deus não iria contrariar uma natureza que Ele mesmo fez.
Tal explanação não mantém, mas subverte totalmente a Religião Católica.
Sem milagres, o Cristianismo não passaria de uma filosofia irracional;
Porquanto é firmado nos milagres operados por Jesus que nós sabemos que os mistérios por Ele revelados são de fato verdades divinas;
E a eles assim aderimos com todas as veras de nossa alma.
Aceitar mistérios sem ter a certeza de que realmente Deus os revelou, é agir irracionalmente.
Não pretendamos, a título de reverência para com a obra de Deus que é a natureza;
Coibir o Senhor dessa mesma natureza de superá-la quando Lhe parecer conveniente para os seus inefáveis fins.
E tenhamos a certeza de que Deus Nosso Senhor acompanhará sempre sua Igreja aprovando-a com milagres verdadeiros como já fez no início do Cristianismo;
Quando acompanhou com prodígios a pregação dos Apóstolos (cf. Marc. 16, 20).
Os exemplos propostos são suficientes para perceberdes, amados filhos, como os mestres do novo cristianismo de fato subvertem completamente a Religião Católica.
Servem também para que vos mantenhais vigilantes contra tão nefastas inovações.
.
Fonte: fratresinunum.com
.
.
* * *