Neste dia, várias irmandades saem às ruas. A Confraria de Nosso Senhor da Oração no Horto e Nossa Senhora da Esperança o faz às 11:30h da manhã. Túnica e capa brancas, com botões, faixas e chapéu cônico (capirote) verde. No primeiro andor os Apóstolos dormem, enquanto Nosso Senhor recebe o cálice do Anjo. No segundo Nossa Senhora repara, à distância, o abandono espiritual a que ficou reduzido o Redentor.
“Que situação tristíssima! Os Apóstolos estavam em decadência espiritual quando chegou a Paixão. No Horto das Oliveiras, dormiram o sono do preguiçoso, dominados pela tristeza, pelo aborrecimento e medo.
Apóstolos dormem durante a Agonia de Nosso Senhor no Horto das Oliveiras
Nosso Senhor falava-lhes, e eles não davam atenção. O Divino Mestre alertava-os para a gravidade da situação, e eles se incomodavam mais ou menos.
Nosso Senhor chegou a censurá-los: ‘Uma hora não pudestes vigiar comigo?’ (Mt 26,40). Eles sabiam o que tinham de fazer, mas sua atitude era outra: dormiam.
Quando Nosso Senhor foi preso, eles fugiram. Até São João Evangelista, o discípulo amado, desapareceu também.
A solidão de Nosso Senhor no Horto pode dar impressão de fraqueza. Porém, é uma prova de seu prestígio. Era preciso prendê-Lo às ocultas, porque Ele podia arrastar as multidões em seu favor.
O Sinédrio reconhecia assim o prestígio e o poder de dominação de Nosso Senhor: Ele era tão poderoso que, dentro em pouco, seus inimigos cairiam. Por isso, apressaram a conspiração. E foi assim que Nosso Senhor determinou a hora de sua morte”.
No início da tarde, é a vez da Confraria de Nosso Senhor na Coluna e Maria Santíssima da Caridade. Cantando Desconsolo e o hino Caridade, os irmãos andam de preto, com botões e capas roxas. As trombetas rasgam o silêncio, o passo é lento. Os turiferários incensam intensamente o andor de Nossa Senhora.
Neste dia em que relembramos a Via Sacra de Nosso Senhor Jesus Cristo, resta-nos em silêncio, rezar em agradecimento a tão grandioso sacrifício que Cristo fez por nós. Acenda uma vela no Oratório da Medalha Milagrosa.
“Os algozes amarram-Lhe as mãos e levam-No para junto da coluna com bofetadas, empurrões e gargalhadas. A mansidão, a bondade, a voluntária incapacidade de defender-Se, contrastam com o ódio brutal, estúpido, cruel.
Ó estulta ilusão de que, amarrando-O, Ele estava preso! Seria só Ele dizer ‘corda, rompe-te’, e ela cairia no chão! Se Ele desse ordem, a corda transformar-se-ia em serpente e atacaria aqueles malvados.
O extraordinário é que Ele entregou-Se à flagelação. Podemos imaginar a doçura dos seus gemidos. O Corpo Santíssimo contorcia-Se, pedaços de carne caíam ao chão, e eram carnes do Homem-Deus! Ele, de pé, digníssimo, inteiramente manso, sem um protesto, apenas falando com o Padre Eterno.
Naquela hora, o Filho de Deus, dirigente supremo de todos os acontecimentos, deve ter considerado a obra bendita da Civilização Cristã na Idade Média, as catedrais, os mosteiros, os castelos, as cidades, a cultura florescendo pelos méritos da sua Paixão.
Mas viu também que, em certo momento, as nações católicas voltar-se-iam contra Ele e seriam dominadas por uma anti-civilização. A qual, por ser a negação de Deus pessoal, nega o homem como indivíduo e como pessoa. Nessa anti-civilização niveladora, os homens seriam declarados iguais e tornar-se-iam massa escrava da utopia anarco-comunista.
Sem propriedade, e portanto sem justiça; sem família, e portanto sem pureza; sem religião, e portanto sem sacralidade; sem tradição, e portanto sem história. É a inversão de todos os valores, um grande caos, um grande nada, dentro do qual são afogados os povos ex-cristãos.
É a tirania da matéria, da máquina, do anonimato, do ateísmo. Em uma palavra, o reino de Satanás.
Então Ele gemeu com o profeta David: ‘Quae utilitas in sanguine meo?’ (Sl 29,10) — ‘Que utilidade há nesse sangue que Eu derramo com tanta generosidade e abundância?’”
A Real Confraria do Santíssimo Cristo da Humildade e Nossa Senhora da Fé sai às 19:00h, ostentando túnica e capirote amarelo, capa grená, cíngulo, luvas e sandálias amarelas.
Os componentes da banda de trombetas e tambores vestem-se como soldados romanos, verdugos de Cristo, representantes da gentilidade pagã.
“A coroa de espinhos, penetrando na fronte de Nosso Senhor, produziu lesões nervosas de estremecer. Nossa Senhora viu aquela coroa, o Sangue escorrendo, a sede tremenda, a febre altíssima, o Corpo todo contorcido. Ela, entretanto, queria tudo isto, como um sacerdote que imola a Vítima.
Eu tenho consciência do que custou a minha salvação? Eu faço idéia das dores que custaram ao Coração Imaculado de Maria as graças que eu tenho recebido? Como eu tenho correspondido? Que significado tem a minha ingratidão?
Acenda agora uma Vela em reparação de seus pecados.
Quantas faltas cometidas porque eu não quis evitar uma ocasião de pecado, ou recusar uma pequena mortificação! O Sangue de Cristo foi derramado para mim, e eu bordejei a perdição?
Mas Deus ainda me suportou nesta vida e esperou-me com graças novas, maiores do que as que eu havia recebido. Do flanco aberto de Nosso Senhor jorra misericórdia, e nos chama à contrição e à reconciliação magnífica com Ele. Há no Divino Redentor uma efusão de bondade e de carinho inimagináveis.
Ele viu também o seu Sangue frutificar naqueles que permanecem fiéis à ortodoxia [verdadeira doutrina], quando todo o mundo a abandona. Naqueles que compreendem o martírio da Igreja corroída pelo progressismo, sendo chamados a lutar por Ela e serem outros varões das dores”.
Os membros da Confraria do Cristo da Boa Morte percorrem as ruas na virada da noite, descalços, carregando um grande Crucifixo. A túnica e o capirote são pretos, com rendas e cinto branco. O cortejo avança em eloqüentíssimo silêncio.
“Podemos imaginar a formosura infinita de Nosso Senhor, a beleza de seu Corpo e a luminosidade de sua Face sagrada, na qual os princípios todos da estética do universo estavam condensados.
A graça dos movimentos de Nosso Senhor, a distinção do porte, a sobriedade das maneiras, a bondade, deviam irradiar um atrativo extraordinário. E quando Ele fala, quem pode imaginar o timbre de sua voz, as inflexões dela e a sua capacidade única de expressão?
Pois bem, Ele foi pregado na Cruz, disforme e sem formosura, reduzido a uma imensa chaga sanguinolenta. Essa grande vítima era a inocência por excelência. Aquele que nunca pecou, que é a personificação da virtude, que nunca teria que expiar, expiou em proporção desmesurada. Por quê? Por causa da gravidade de nossos pecados.
É de varar, de lado a lado, de compunção e tristeza, comparar Quem carregou os pecados com o pecador! O mais puro, o Sacrossanto, carregou por mim! Entretanto, dali origina-se uma confiança colossal. Porque quem foi comprado por preço tão imenso, por pouco que peça, pode esperar a graça que o reconduza à virtude e o leve ao Céu”.
Fonte: Revista Catolicismo
3 Comentários
Meu Jesus eu te agradeço por tantas coisas,por ter saúde,por ter meu esposo Jorge, meu filho do coração Carlos,e minha familia.
obrigada Deus.
Senhor Jesus,,,Meu unico Deus,,,muito obrigada por ter me salvado,,,Eu prometo fazer tudo para que Seu Santo Nome seja cada vez MAIS HONRADO,Quero ter a Melhor Pascoa na fe ,,,neste ano de 2011.
Perdoe das Coisas que Eu ainda preciso Melhorar,,,Orgulho,Falta de Perdao e Soberba.
Me ajude neste especial Pedido desta Pascoa,,,Amen
Lindissima esta pagina , Marilia