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Na entrevista a seguir, Padre de Tanoüarn fornece seu próprio lado da história pela primeira vez.
OnePeterFive: Obrigado, reverendo padre, por tomar tempo para conceder-nos esta entrevista.
O mundo católico ficou chocado com as imagens divulgadas na quarta-feira que documentam o despejo violento dos fiéis de Santa Rita talvez muito mais pelo fato de que um sacerdote foi arrastado do presbitério.
O senhor poderia nos revelar a identidade do sacerdote? Ele foi fisicamente ferido durante o despejo? Qual é a sua condição agora?
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Reverendo Padre Guillaume de Tanoüarn: O jovem padre que você menciona é Padre Jean-François Billot. Foi ordenado em 2010 pelo Instituto do Bom Pastor.
As imagens são chocantes, mas a violência era meramente simbólica. A polícia é muito profissional; eles sabem como arrastá-lo sem machucá-lo muito.
Então, sim, é impressionante quando você vê; e é ainda mais impressionante quando você o experimenta. Quer dizer, a armadura, os capacetes – ainda que eles não os usem, estão lá para impressioná-lo.
E funciona. Além disso, eles usaram gás lacrimogêneo, que entra em seu nariz e nos olhos. Dito isso, Padre Billot não foi ferido e está bem, graças a Deus, assim como o resto de nós, mesmo que ainda tristes com o despejo.
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Fiéis católicos ficaram horrorizados ao ver a polícia de choque armada com cassetetes, escudos e gás lacrimogêneo irromperem numa igreja durante a celebração da Santa Missa.
Ficamos muito aliviados ao saber que as sagradas espécies não foram profanadas, apesar da violenta interrupção.
Se a polícia tivesse decidido esperar até a conclusão da Missa, o senhor acha que o despejo teria progredido mais pacificamente?
Ou foram os paroquianos que estavam preparados para resistir ativamente, independentemente de quando o despejo ocorreu?
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Um “resistência ativa”, como você diz, nunca foi uma opção para nós.
Nós somos Católicos e eu sou padre; rechaçamos a violência, mas todavia ainda não estávamos dispostos a abandonar a igreja por nós mesmos, só porque um advogado nos pediu.
A polícia entrou durante a missa que eu estava celebrando, mas, estranhamente, eles pararam no exato momento da Elevação.
A França, depois de tudo, ainda tem uma cultura católica, ainda que a prática derreta como a neve no verão. Mais uma vez, nós não temos um problema com a polícia – eles estão apenas obedecendo ordens.
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Alguns questionaram a motivação e/ou justificação dos paroquianos em sua decisão de resistir ao despejo.
De acordo com muitos relatos, os proprietários do imóvel tinham a lei do lado deles, e vocês estavam essencialmente invadindo uma propriedade privada.
Alguns sugeriram, no entanto, que as discussões com os proprietários estavam em curso, e que vocês estavam buscando uma solução pacífica para a situação.
O senhor pode explicar as circunstâncias do despejo, bem como as suas razões para resistir?
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O proprietário formal da igreja quer transformá-la em um estacionamento. A congregação quer manter a igreja.
Os advogados ainda estão argumentando e a batalha legal ainda não acabou. Nossa idéia básica é a de comprar o imóvel, mas custa muito dinheiro.
De uma forma ou de outra, temos de encontrar um acordo comum entre as pessoas de boa vontade, e enviar a polícia não vai ajudar em nada.
Fala muito o fato de que temos o prefeito de nosso distrito ao nosso lado. Além disso, estamos sendo apoiados publicamente por uma variedade de políticos locais.Eles não são necessariamente Católicos, mas compreendem o que esta igreja significa para a comunidade.
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Alguns setores da mídia francesa estão pintando a comunidade dos fiéis de Santa Rita como “militantes fundamentalistas”;
Sendo que uma revista on-line chegou ao ponto de descrever Santa Rita como um reduto de “grupos dissidentes católicos tradicionalistas e pseudo-revolucionários de extrema-direita.”
Como o senhor responde a tais acusações? Estas acusações também estão sendo usadas para manchar a reputação do Instituto do Bom Pastor (IBP) na França?
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Há uma boa parte de ideologia envolvida nisso – sim.
Mas, francamente, eu fiquei realmente surpreso pelo número de bons artigos sobre nós escritos por jornalistas que vieram nos entrevistar.
Só para citar dois exemplos, Liberation e Le Monde são dois jornais de esquerda; o que você poderia chamar de “liberais”.No entanto, eles vieram, e eles relataram a partir de suas perspectivas, mas de uma forma justa.
Houveram duras críticas também, mas isso da parte de pessoas que não se preocuparam em passar por aqui ou telefonar.
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O senhor disse que pretende continuar a sua luta para salvar Santa Rita da demolição. Que passos permanecem possíveis para vocês? Existe alguma coisa que a comunidade internacional poderia fazer para ajudá-lo?
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Como já referi, a luta legal ainda não acabou, o prefeito local e o conselho da cidade estão do nosso lado. Assim, ainda temos algumas cartas na manga.
Eu continuo a celebrar a missa para os fiéis; não na igreja, uma vez que ela foi interditada, mas bem na frente dela. Eu celebro – para números cada vez maiores.
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O membro da Assembléia Nacional, Frederic Lefebvre, apelou publicamente para o Papa Francisco pedindo sua intervenção para ajudar a salvar St. Rita da demolição. O senhor gostaria de receber tal intervenção por parte do Santo Padre?
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Qualquer intervenção seria muito bem vinda, de qualquer um. E do Santo Padre? Ele é nosso Papa, literalmente.
Como você deve saber, eu fui ordenado em 1991 pela FSSPX, então em 2006 eu co-fundei o Instituto do Bom Pastor.
Isso significa que eu tenho mais de 10.000 missas celebradas na minha vida, com cada uma delas em união espiritual com o papa: una cum papa nostro.
Assim, eu não sei se Fréderic Lefebvre será ouvido, mas eu acredito na Providência.
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O Instituto do Bom Pastor não é muito conhecido fora da França. O senhor poderia explicar qual é a sua relação pessoal com o Instituto e descrever o papel que ele desempenha hoje na vida da Igreja na França?
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Temos 10 anos de idade, o que significa que ainda somos um jovem instituto. Este ano, cinco padres foram ordenados para o Instituto, o que nos coloca acima da média das dioceses francesas.
O nosso objetivo não é existir em todos os lugares – somos pequenos demais para isso – mas servir aqui e ali. Fazemos o melhor ao nosso alcance.
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Para os observadores externos, a França Católica parece estar sob o cerco tanto de terroristas islâmicos como de um governo secular, historicamente dedicado a reduzir a influência da Igreja no domínio público.
Este é um retrato preciso da experiência dos Católicos franceses?
O senhor já sentiu um aumento no interesse dos católicos franceses por uma liturgia mais tradicional e pelos ensinamentos da Igreja nas últimas décadas e/ou meses?
Qual tem sido a reação entre os Católicos tradicionais na França diante do martírio do Padre Jacques Hamel?
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Não vou minimizar os problemas que estamos enfrentando. Mas o nosso maior inimigo é a nossa própria preguiça e covardia.
Se você é Católico, você pode passar a vida lamentando sobre o quão ruim a política, os meios de comunicação e a sociedade como um todo são.
Ou você pode simplesmente fazer suas orações, criar seus filhos, fazer o seu trabalho, encontrar seus amigos, rezar o seu rosário, compartilhar uma refeição… em outras palavras:Viver a boa vida de um bom Católico. Temos um ditado aqui que diz «C’est un triste saint qu’un saint triste», o que poderia ser traduzido como “É um triste santo quem é um santo triste”.
Quanto ao desenvolvimento do movimento tradicionalista aqui na França, é um saco misturado.
Um quarto de todos os padres ordenados na França são ordenados para a missa em latim, que tem uma participação sempre crescente.
Mas é como ter a mesma fatia de uma torta que está sempre encolhendo. Na França, uns meros 100 sacerdotes são ordenados a cada ano, enquanto 800 morrem.
Um a cada dois padres franceses tem mais de 75 anos de idade.
Soubemos esta semana que as últimas palavras de Pe. Hamel foram: “Vá t’en Satan”, “Vade retro Satanás!” Não cabe a nós decidir quem é santo e quem não é.
Mas o padre Hamel certamente deixou um exemplo que nos fez “tremblants et confiants”, como seu bispo disse: “tremulantes e confiantes”.
Tremulantes por causa de sua sorte e confiantes por causa da nossa fé comum.
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Fonte: fratresinunum.com
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