Por Marco Tosatti – La Stampa | Tradução: Gercione Lima
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“Eu não tive nenhuma notícia das prisões. Que isso tenha acontecido, eu não tenho nenhuma notícia”.
As respostas que o Papa Francisco deu no avião que o levou aos Estados Unidos, após a prisão de dezenas de dissidentes que se mobilizaram para ir ao seu encontro, causaram estranheza em não poucos observadores
Também porque, como o próprio Papa disse, aquelas pessoas não haviam se mobilizado por sua própria iniciativa.
“Da Nunciatura foram feitos alguns telefonemas para algumas pessoas que estão nesse grupo de dissidentes, para dizer-lhes que no momento da minha chegada à Catedral, eu os teria saudado com prazer.
Nenhum deles, no entanto, se identificou como um dissidente no momento da saudação, assim eu não sei se estavam ou não estavam lá, eu cumprimentei a todos aqueles que estavam lá”.
Não estavam, porque a polícia os prendeu antes que pudessem chegar perto, e, aparentemente, ninguém informou o Papa. Embora a notícia tenha sido divulgada imediatamente (este blog falou do ocorrido quase ao vivo).
Se na comitiva do Papa e na sua Embaixada, pensaram que não era o caso advertí-lo sobre o que poderia ser interpretado como um insulto a um hóspede (afinal, no fundo tinha sido a Nunciatura a convidá-los) é provável que tenham entendido ou interpretado que afinal de contas não se tratava de algo do interesse do Pontífice.
Que, aliás, em seus três dias de estadia em Cuba não fez referências explícitas ao problema dos dissidentes políticos.
O que posso dizer?
Certamente, pessoas mais sábias que nós e que estão por dentro dos ambientes secretos nos explicarão que nesta fase delicada do relacionamento entre o regime comunista, Washington e a Igreja cubana era mais prudente não levantar a questão.
Isso não elimina o fato de que todo o episódio deixa um gosto ruim, quando o comparamos com a imagem midiática de um Papa que se apresenta como o ícone dos mais fracos.
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Tal prudência renderá frutos?
Segundo o Washington Post, a adoção de uma estratégia semelhante à da Santa Sé por parte Obama tem sido até agora decepcionante:
“As exportações dos EUA para Cuba, controladas por Havana, caíram esse ano enquanto só aumentaram as prisões dos opositores do regime e refugiados.
Muitos cubanos estão tentando chegar aos Estados Unidos antes que Obama dificulte as regras de asilo para os cubanos, como uma medida para apaziguar o regime”.
É claro, continua o colunista, que “os Castro não serão abalados por uma diplomacia discreta ou por alusões indiretas.
Uma campanha de gestos e palavras diretas como as que o Papa Francisco tem em mente para os Estados Unidos, certamente, teriam um impacto.
Afinal, é preciso mais coragem para desafiar uma ditadura do que uma democracia”.
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Fonte: http://fratresinunum.com/
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1 Comentário
Pelo que eu sei, Deus não fez o mundo em um só dia! Como bem foi dito, Cuba é governada por um regime ditador, não é bom nem tão pouco inteligente, chegar ditando na casa de um ditador. Vamos esperar um pouco mais, afinal, quem espera meio século e não desiste, é porque a Fé é forte.