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Durante os últimos dez anos, o reverendo Padre Guilherme de Tanoüarn tem celebrado a Santa Missa nos cômodos apertados de uma pequena loja em uma rua estreita no centro de Paris.
Localizado na Rue Saint-Joseph, o cômodo indefinido é ladeado de um lado por um par de salões de massagens de reputação duvidosa e uma agência de viagens especializada em vôos baratos para a África.
O piso térreo é ocupado pelo Centro Saint-Paul, que oferece conferências culturais e espirituais, aulas de catecismo, cursos de línguas antigas e teologia.
A capela, situada no segundo andar, onde se chega por uma escada em espiral, oferece duas missas diárias e cinco missas a cada domingo.
Dos poucos locais em Paris em que se oferece a celebração da missa tradicional em latim é, de longe, o menor. Mas pode muito bem ser o mais amado.
Ouvir falar de pessoas que são atraídas para a missa tradicional em latim por causa da beleza da liturgia é tão comum que beira o clichê.
Na verdade, há muito pouco deste lado do céu que é mais bonito do que uma missa celebrada em latim, especialmente quando celebrada em sua configuração arquitetônica adequada e acompanhada por um coro bem ensaiado.
É menos comum, porém, ouvir que pessoas são atraídas para a Missa antiga devido ao cuidado pastoral que recebem dos sacerdotes que a oferecem.
Mas para os fiéis reunidos em torno do reverendo padre, renunciar à visão e sons das bem ornamentada e neo-gótica SS. Eugène e Cécile, onde a liturgia tradicional é oferecida diariamente, e em vez disso fazer o seu trajeto em direção à Rue Saint-Joseph;
Para o comparativamente humilde Centro Saint-Paul – uma mera meia milha de distância – não pode ser a beleza estética do lugar a atrai-los, mas algo muito mais profundo.
Na quarta-feira, 3 de agosto, uma cena desdobrou-se em Paris, que capturou a imaginação do mundo católico.
Um grupo de fiéis estava reunido para assistir a uma missa católica tradicional na igreja de Santa Rita, uma capela de propriedade privada construída em 1900 e marcada para demolição para abrir espaço a um estacionamento.
A polícia, vestida com equipamentos anti-choque, fez uma entrada barulhenta dentro do prédio, removendo os bancos que haviam sido usados como barricadas pelos presentes na missa.
Um padre foi arrastado do presbitério, enquanto os fiéis cerraram fileiras para protegerem-se uns aos outros, ao passo que o outro oferecia ainda a missa, de frente para o altar, de costas para a ameaça que lhe aproximava.
Eventualmente, ele também foi removido pela polícia antes que pudesse concluir a liturgia. Ele foi escoltado para fora, enquanto estava ainda totalmente paramentado com sua casula romana.
As primeiras reportagens alegavam que a missa estava sendo oferecida por membros da comunidade “galicana” em Paris – um grupo cismático que havia obtido o uso da igreja de Santa Rita para suas liturgias em 1988.
Mas quando esta comunidade independente abandonou a igreja de Santa Rita, em outubro 2015 , o Padre de Tanoüarn foi pessoalmente convidado para celebrar a missa em latim para um grupo de três dezenas de fiéis.
Era um convite que ele se sentiu no dever de aceitar.
Os riscos envolvidos eram claros para ele: sem a permissão dos proprietários do edifício, isso significaria se engajar em uma ocupação ilegal.
Em qualquer outro país isso poderia ser visto como um fator dissuasivo suficiente para impedir que alguém se envolvesse.
Mas esta é a França, onde ocupar igrejas abandonadas ilegalmente é uma espécie de tradição em seu direito próprio.
Em 1977, membros da Fraternidade de São Pio X, liderados pelo padre François Ducaud-Bourget, expulsaram o padre diocesano encarregado da Saint-Nicholas-du-Chardonnet, localizada no 5º arrondissement, e ocuparam a igreja.
O conselho municipal prontamente decidiu que a ocupação era ilegal e emitiu uma ordem de despejo.
Havia, no entanto, pouca vontade política por trás da ordem de despejo que acabou sendo ignorada e jamais foi cumprida.
Dez anos mais tarde, o Conseil d’Etat determinou que a perturbação da ordem pública que inevitavelmente resultaria de uma desocupação forçada seria maior do que a da própria ocupação;
Uma decisão que efetivamente permitiu à Fraternidade continuar usando a igreja, que permanece sob seu cuidado até este dia.
Uma ação semelhante foi realizada em 2002 pelo Padre Philippe Laguérie (SSPX) para obter a igreja de St. Eloi em Bordeaux, que estava abandonada e sem uso por muitos anos.
Nesse caso, o conselho da cidade, à época, aprovou a ocupação e o arcebispo Jean-Pierre Richard permitiu a criação de uma paróquia pessoal sob a orientação do Instituto do Bom Pastor em St. Eloi em 2007.
Assim, havia uma boa razão para o Padre de Tanoüarn alimentar a esperança de uma solução feliz para a situação, com a ocupação sendo admitida como lamentável mas reconhecidamente como um primeiro passo necessário para esse fim.
Os fiéis de Santa Rita mereciam o acesso aos sacramentos, e a igreja prestava um papel importante na comunidade local.
O Instituto do Bom Pastor estava disposto a comprar a propriedade, embora não estivesse em condições de pagar o preço pedido de 3 milhões de Euros.
Os vereadores locais, também concordavam que a igreja de Santa Rita deveria ser poupada da demolição.
A única parte a favor da destruição da igreja era o novo proprietário, que pretende converter a propriedade em um estacionamento financeiramente lucrativo.
Todavia, quem sabe, com a intervenção divina de Santa Rita, padroeira das causas impossíveis, um acordo mutuamente aceitável poderia ser alcançado. A esperança, portanto, não foi perdida.
Depois de obter permissão do arcebispo, o reverendo padre e seus irmãos sacerdotes começaram o trabalho de estabelecimento de uma autêntica comunidade católica em Santa Rita.
Como qualquer boa paróquia, eles ofereciam os Sacramentos e bênçãos, ensinando as verdades da fé a todos que quisessem ouvir.
Mas acima de tudo, eles ofereciam um lar espiritual marcado pela autêntica caridade e amor ao próximo.
Eles abriram as portas da igreja de Santa Rita para os pobres e socialmente indesejáveis, em suma, às periferias existenciais da sociedade parisiense;
Permitindo-lhes, talvez pela primeira vez em suas vidas, se sentirem verdadeiramente acolhidos.
E o Senhor não poupou Sua bênção: no giro de menos de um ano, a comunidade em Santa Rita cresceu para um número de cerca de 200 almas.
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(Continua…)
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