Consideremos os elevados fins a nossa Mãe a Santa Igreja teve em mira pela instituição da festa do Santíssimo Sacramento com oitava solene.
Com todo esse esplendor de missas, procissões e outros exercícios piedosos ela quer tributar a seu divino Esposo um tríplice preito, de veneração de gratidão e de reparação.
Um preito de veneração para compensar-lhe de algum modo o estado de aniquilamento e humilhação a que se quis sujeitar e ainda se sujeita continuamente para ficar conosco sobre
os altares;
Onde, na palavra de São Bernardo, esconde a sua divindade, esconde também a sua humanidade, só deixando ver as aparências de pão para assim patentear a ternura do amor que nos tem.
Quis a Igreja também tributar a Jesus Cristo um preito de gratidão, por um dom tão grande, no qual fez o supremo esforço de seu amor para com os homens.
– “O Esposo”, diz São Pedro Alcantara, “para consolar a sua Esposa durante a sua longa ausência, quis dar-lhe uma companhia; e instituiu este Sacramento, no qual reside em pessoa: era a melhor prova que lhe podia dar do seu amor”.
Justo pois era que a Igreja excitasse os fieis, seus filhos, por uma solenidade especial agradecerem a Jesus sua amorosa presença e venerarem com afetos de gratidão.
Finalmente, com a festa de hoje, a Igreja quer tributar a Jesus um preito de reparação, a fim de o desagravar de tantas ofensas que ele recebe continuamente neste divino Sacramento. A Igreja vê que a maior parte dos homens recusa adorá-lo e reconhecê-lo pelo que é neste adorável mistério.
Sabe que mais de uma vez estes mesmos homens chegaram a calcar aos pés as hóstias consagradas, a lançarem-nas ao lodo, à água, ou às chamas.
O que mais aflige é ver que também a maior parte dos que creem na Eucaristia, em vez de repararem tantos ultrajes por testemunhos de respeito e piedade, vem aumentar a dor de Jesus pelas suas irreverências nas Igrejas, ou deixam-no só sobre o altar, desprovido por vezes de lâmpada e dos ornamentos mais indispensáveis. Oh! Que negra ingratidão!
Meu irmão…
Procura informar-te ao espírito da Igreja e tributa a Jesus o tríplice preito de veneração, de gratidão e de reparação, de gratidão e de reparação, assistindo com fé as missas e outros exercícios piedosos, aproximando-te da santa comunhão e visitando-o nestes dias com mais frequência.
Senhor, meu Jesus Cristo, que por amor dos homens ficais noite e dia no Sacramento do altar, onde, cheio todo de misericórdia e bondade, chamais e acolheis todos os que Vós vêm visitar: eu creio que estais presente
neste Sacramento.
Desde o abismo de meu nada, Vos adoro, e graças vos dou por todos os benefícios que me tendes feito; especialmente por que Vos destes a mim neste Sacramento, me concedestes por advogada vossa Mãe, a Santíssima Virgem Maria, e me chamastes a Vos visitar nesta Igreja.
Saúdo hoje o Vosso Coração amantíssimo, e quero saudá-lo por três fins: 1º em reconhecimento deste grande dom; 2º em reparação de todos os ultrajes que dos vossos inimigos tendes recebido neste Sacramento;
3º na intenção de Vos adorar, por esta visita, em todos os lugares do mundo, onde sois menos reverenciado e mais abandonado neste Sacramento.
Amo-Vos, meu Jesus, de todo o meu coração. Pesa-me de ter, no passado, desagradado tantas vezes vossa bondade infinita. Proponho, com o socorro de vossa graça, não Vos ofender mais no futuro.
E nesta hora, miserável como sou, me consagro todo a Vós; eu vos dou e sacrifico minha vontade, meus afetos, meus desejos, e todos os meus interesses. Doravante, fazei de mim, e de tudo o que é meu, o que for do vosso agrado.
Somente peço e quero o vosso santo amor, a perseverança final e a graça de cumprir perfeitamente a vossa vontade. –
Recomendo-Vos as almas do purgatório, principalmente as mais devotas do Santíssimo Sacramento e de Maria Santíssima. Recomendo-Vos também todos os pobres pecadores.
Enfim, amadíssimo Salvador meu, uno os meus afetos aos afetos do vosso Coração amantíssimo, e assim unidos, ofereço-os a vosso Eterno Pai, pedindo-lhe em vosso nome que por vosso amor se digne de os aceitar e atender.
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Fonte: retirado do livro “Meditações para todos os dias e festas do ano” de Santo Afonso de Ligório.