Meditação para o Sábado de Aleluia: Maria, a Primeira que Adorou Jesus na Cruz
Um manto lúgubre velou o rosto de Maria. São Bernardo diz, que na volta do sepulcro para sua casa. Maria andava tão aflita e triste, que comovia muitos a chorarem, ainda que involuntariamente.
Que noite de dor foi para Maria a que se seguiu à sepultura do seu divino Filho!
Todos que a viam, não conseguimos conter as lágrimas. O ferimento no Coração de Maria, agregava-se aos de mais.
Qual filho se conteria ao ver uma mãe derramar lágrimas?
Ao passar na cruz, banhada com o sangue de Seu Filho, foi a primeira a Adorá-lo. Disse:
“Ó Santa Cruz, eu te beijo e te adoro. Já que não és mais madeiro infame, mas o trono de Amor e Altar da Misericórdia. Consagrado com o sangue do Cordeiro Divino, quem em ti foi vítima pela salvação do mundo.”
Ela deixa a Cruz e volta à sua casa. Chegando ali, olha em torno e não vê mais Jesus; em vez da presença do Seu Filho, apresentam-se-lhe aos olhos todas as recordações da sua bela vida e de sua e de sua piedade morte.
Lembrou-se dos abraços dados ao Filho, da conversação com ele por trinta anos na casa de Nazaré; recorda-se do muitos afetos, dos olhares cheios de amor, das palavras de vida eterna.
E depois se lhe representa a cena funesta presenciada naquele mesmo dia; vêem-lhe à memória os cravos, os espinhos, as carnes dilaceradas do Filho, as chagas profundas, os ossos descarnados, a boca aberta, os olhos escurecidos.
E com tão funesta recordação, quem poderá dizer qual tenha sido a dor, a desolação de Maria? E você? Por que não choras ou se lamentas?
Ah, que noite de dor para a Bem-Aventurada Virgem, Aquela que se seguiu à sepultura do Seu Divino Filho! Voltando-se a dolorosa Mãe para São João, perguntou-lhe com voz triste:
“Ah! Filho, onde está o teu mestre?
Depois a Magdalena:
“Filha, dize-me, onde está o teu dileto? Ó Deus! Quem no-lo tirou?Chora Maria, e todos ao seu redor.
E tu, minha alma, não choras? Ah! Volta-te a Maria, e roga-lhe que te admita consigo a chorar.
Maria chora por amor, e tu, chora pela dor de teus pecados! Minha aflita Mãe, não vos quero deixar só a chorar; não, quero acompanhar-vos também com as minhas lágrimas.
Eis a graça que hoje vos peço: alcançai-me uma memória contínua, junto com uma terna devoção para com a paixão de Jesus e a vossa;
A fim de que todos os dias que me restam de vida, não me sirvam senão para chorar as vossas dores e as do meu Redentor.
Espero que, na hora da minha morte, essas dores me darão confiança e força para não desesperar à vista das ofensas que tenho feito a meu Senhor.
Elas devem impetrar-me o perdão, a perseverança e o paraíso.
E Vós,
“Ó meu Senhor Jesus Cristo,
que para resgatar o mundo quisestes nascer,
receber a circuncisão, ser condenado pelos judeus;
Traído por Judas com um ósculo, acorrentado,
levado para o sacrifício como um inocente cordeiro;
Arrastado com tanta ignomínia diante de Anás,
Caifás, Pilatos e Herodes, acusado por falsas testemunhas, flagelado, esbofeteado;
Carregado de opróbrios, coberto de escarros, coroado de espinhos,
ferido com uma cana, vendado, despojado dos vossos vestidos, pregado e levantado na cruz entre dois ladrões;
Abeberado de fel e vinagre e transpassado por uma lança;
Suplico-Vos, ó Senhor, em nome destas santas penas que venero, ainda que indigno;
Suplico-Vos por vossa santa cruz e morte, livrai-me do inferno;
E dignai-Vos levar-me para onde levastes o bom ladrão crucificado convosco;
Ó meu Jesus, que viveis e reinais com o Padre e o Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.”
Assim seja!
- Ajuntando-se 5 Pais-Nosso, Aves Maria, Glória ao Pai e esta oração, pode-se ganhar uma indulgência de 300 dias uma vez por dia.
Fonte: “Meditações para todos os dias e festas do ano” de Santo Afonso de Ligório.