Aos profetas – sobretudo a Isaías – já havia sido revelado: o Messias chegaria nascido de uma virgem. Certamente, não poderiam aqueles homens imaginar quem seria essa virgem. E, como a maioria do povo, provavelmente também eles acreditavam que a escolhida por Deus seria alguém de alta linhagem social.
Importa saber que o Senhor não se revelaria mais como uma força da Natureza como por diversas vezes havia se mostrado. Nem tampouco seria apenas mais palavras nas bocas dos profetas. Seria, sim, homem nascido de uma mulher, para experimentar-lhe os limites, as dificuldades, as possibilidades. Este era um primeiro passo do plano de Deus: se até aquele momento, tudo o que já demonstrara por seu povo não havia sido suficiente, Ele se tornaria como um de nós, para mostrar, definitivamente, que era possível.
Havia entre as mulheres daquele tempo a expectativa de ser a escolhida. Certamente não sabiam como isso aconteceria e o imaginário muito provavelmente alimentava as esperanças das moças que desejavam ser aquela que o Senhor viria a escolher para ser a mãe do Messias. Ainda que em atitude humilde, ainda que provavelmente não conseguindo reconhecer nenhum mérito em sua simples vida, Maria Santíssima era uma jovem absolutamente normal e conhecia a realidade das mulheres de seu tempo.
Por que, então, estaria ela nos planos de Deus? Por que o Senhor marcou apenas aquela jovem para ser a mãe de Seu Filho? O que haveria nela de tão especial?
Deus sabia da infidelidade do homem à sua aliança e, por ser todo misericórdia, decidiu enviar Seu Filho Unigênito ao mundo. Era preciso, pois, que Jesus nascesse de uma mulher, que crescesse, que por ela fosse cuidado, educado, constituído homem. Maria Imaculada foi capaz de compreender os desígnios de Deus, foi capaz de reconhecer naquele ser que lhe visitava o anjo do Senhor e, mais que tudo, foi capaz de responder “sim” ao que lhe era pedido. E se ela tivesse respondido “não”, ou se não tivesse visto nada de especial naquele anjo que lhe abordava com uma proposta “absurda” – como ela mesma o questionará? Não sabemos e nem é possível imaginar!
A pergunta feita pela Santíssima Virgem ao anjo mostra alguém que questiona, que não entendera, de início, o que ia acontecer. A revelação de que Santa Isabel
também está grávida, faz com que Ela corra a ver a prima, que também é detentora de uma situação especial, para com ela compartilhar aquela maravilha. E quantas outras vezes Nossa Senhora não terá entregue a reflexões sobre tudo aquilo que Deus lhe revelava! Atitudes plenamente humanas, mas que revelam uma consonância profunda e constante com o Senhor para Nele encontrar todas as respostas.
Maria fora particularmente preparada por Deus para ser a Mãe de Jesus. Foi concebida e mantida imaculada, com um carinho de Deus para não permitir que o pecado maculasse o corpo que geraria Seu Filho, para que ninguém o não tocasse senão Ele próprio. Mas Deus não tirou uma só característica da personalidade de Maria. Ele a quis em sua integridade, em sua forma de ser. Nela confiou, nela acreditou e sabia que daria conta da Missão que lhe confiava.
Como Maria, cada um de nós temos também nossa parte nos planos de Deus. Somos todos escolhidos. Estamos nos planos de Deus antes mesmo de sermos concebidos. Deus nos quer desde sempre e nos prepara para uma missão. Cabe a cada um reconhecer os anjos que nos procuram, responder aos convites que Deus nos faz – ainda que nos pareçam impossíveis serem realizados. Maria foi preparada por Deus para a Sua Missão, que certamente supera a nossa. Mas, por Ela e nEla podemos crer que Deus também nos prepara para as nossas missões individuais, nos concede graças especiais que nos fortalecem e protegem. Ele só quer que digamos “sim”, como quis um dia o “sim” da Virgem Santíssima.
(Transcrito, com adaptações. Fonte: Amai-vos)