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Leio na internet artigo de Julia Sweig intitulado “Humildade e Desigualdade”.
Alegrou-me de certa maneira ler o título, pois a associação dessas duas palavras, humildade e desigualdade, é raríssima na imensa grei dos que discorrem sobre assuntos sociais.
Mas essa alegria dissipou-se rapidamente ao ler o artigo todo. Pois a autora incide em confusão e chama de humildade viver em situações de miséria.
As desigualdades parecem ser para ela um mal em si. Um pobre seria um humilde, um rico seria um orgulhoso. Quanta ingenuidade…
Que pensar destas duas palavras, humildade e desigualdade?
Imaginemos um homem pobre mas trabalhador. Apesar de seus esforços não consegue sair de sua situação de pobreza.
Em confronto com outros, sua situação poderia ser classificada como de desigualdade social;
Mas poderia ser uma homem humilde na verdadeira acepção do termo.
De acordo como é aceito, assumido e adotado pela doutrina católica, a humildade é a verdade.
Portanto, é possível que haja um homem despretensioso em alta posição social – um São Luis Rei, por exemplo e um pobretão-orgulhoso nos limites inferiores da última ralé. E os há!
Pode haver também um “sem-qualquer-coisa” que seja arrogante, e também os há, e muitos! Ele é um humilde?
Nessa deplorável confusão de linguagem, parece que os ricos são todos orgulhosos, e todos os pobres humildes…
A desigualdade existirá enquanto o mundo for mundo. Pois esta é a verdade.
Disse-o luminosamente Plínio Corrêa de Oliveira:
“Acho sumamente duvidoso que se possa visar como programa sério de justiça social a completa eliminação de toda e qualquer pobreza.
Acho que aquela palavra do Nosso Senhor, pauperem semper habetis vobiscum – vós tereis sempre pobres entre vós, se refere a todos os tempos e todos os lugares.
E uma vez que exista o regime da propriedade privada, exista o vício e exista a maluqueira humana, é impossível evitar que muitas pessoas joguem fora completamente seus haveres e que se encontrem em estado de pobreza”.
Mas as metas de desenvolvimento sustentável para 2030 definidas pela ONU em 2014 são de que todos os países-membros, incluindo os EUA, reduzam a desigualdade e eliminem a pobreza…
É uma utopia da eliminação da pobreza? É claro!
“Organizar um regime pelo qual a pobreza desapareça, ter isto em vista é uma coisa utópica como [o é] organizar um regime pelo qual a doença desapareça;
Ou pelo qual todos os doentes sejam inteiramente bem tratados.
Quer dizer, isto é coisa que é contrária à condição desta vida, que é um vale de lágrimas, em que devemos sempre lutar o mais possível contra certos infortúnios, mas não ter a esperança utópica de os eliminar inteiramente.”
“Eu levanto simplesmente uma questão: quantas são as pessoas que trabalham intensamente para evitar a pobreza?
E como essas pessoas trabalhariam menos se não tivessem diante de si o espectro da pobreza.
Isto nos faz considerar bem até que ponto se deve ser cuidadoso nessa meta socialista de eliminar toda e qualquer pobreza”.
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Fonte: ipco.org.br
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