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“Que situação tristíssima! Os Apóstolos estavam em decadência espiritual quando chegou a Paixão.
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No Horto das Oliveiras, dormiram o sono do preguiçoso, dominados pela tristeza, pelo aborrecimento e medo.
Nosso Senhor chegou a censurá-los: ‘Uma hora não pudestes vigiar comigo?’ (Mt 26,40). Eles sabiam o que tinham de fazer, mas sua atitude era outra: dormiam.
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Quando Nosso Senhor foi preso, eles fugiram. Até São João Evangelista, o discípulo amado, desapareceu também.
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A solidão de Nosso Senhor no Horto pode dar impressão de fraqueza. Porém, é uma prova de seu prestígio. Era preciso prendê-Lo às ocultas, porque Ele podia arrastar as multidões em seu favor.
O Sinédrio reconhecia assim o prestígio e o poder de dominação de Nosso Senhor: Ele era tão poderoso que, dentro em pouco, seus inimigos cairiam.
Por isso, apressaram a conspiração. E foi assim que Nosso Senhor determinou a hora de sua morte”.
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“Os algozes amarram-Lhe as mãos e levam-No para junto da coluna com bofetadas, empurrões e gargalhadas.
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A mansidão, a bondade, a voluntária incapacidade de defender-Se, contrastam com o ódio brutal, estúpido, cruel. Ó estulta ilusão de que, amarrando-O, Ele estava preso!
Seria só Ele dizer ‘corda, rompe-te’, e ela cairia no chão! Se Ele desse ordem, a corda transformar-se-ia em serpente e atacaria aqueles malvados.
O extraordinário é que Ele entregou-Se à flagelação. Podemos imaginar a doçura dos seus gemidos. O Corpo Santíssimo contorcia-Se, pedaços de carne caíam ao chão, e eram carnes do Homem-Deus!
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Ele, de pé, digníssimo, inteiramente manso, sem um protesto, apenas falando com o Padre Eterno.
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Naquela hora, o Filho de Deus, dirigente supremo de todos os acontecimentos, deve ter considerado a obra bendita da Civilização Cristã na Idade Média, as catedrais, os mosteiros, os castelos, as cidades, a cultura florescendo pelos méritos da sua Paixão.
Mas viu também que, em certo momento, as nações católicas voltar-se-iam contra Ele e seriam dominadas por uma anti-civilização.
A qual, por ser a negação de Deus pessoal, nega o homem como indivíduo e como pessoa.
Nessa anti-civilização niveladora, os homens seriam declarados iguais e tornar-se-iam massa escrava da utopia anarco-comunista.
Sem propriedade, e portanto sem justiça; sem família, e portanto sem pureza; sem religião, e portanto sem sacralidade; sem tradição, e portanto sem história.
É a inversão de todos os valores, um grande caos, um grande nada, dentro do qual são afogados os povos ex-cristãos.
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É a tirania da matéria, da máquina, do anonimato, do ateísmo. Em uma palavra, o reino de Satanás.
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Então Ele gemeu com o profeta David: ‘Quae utilitas in sanguine meo?’ (Sl 29,10) — ‘Que utilidade há nesse sangue que Eu derramo com tanta generosidade e abundância?’”
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“A coroa de espinhos, penetrando na fronte de Nosso Senhor, produziu lesões nervosas de estremecer.
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Nossa Senhora viu aquela coroa, o Sangue escorrendo, a sede tremenda, a febre altíssima, o Corpo todo contorcido. Ela, entretanto, queria tudo isto, como um sacerdote que imola a Vítima.
Eu tenho consciência do que custou a minha salvação? Eu faço idéia das dores que custaram ao Coração Imaculado de Maria as graças que eu tenho recebido?
Como eu tenho correspondido? Que significado tem a minha ingratidão? Quantas faltas cometidas porque eu não quis evitar uma ocasião de pecado, ou recusar uma pequena mortificação!
O Sangue de Cristo foi derramado para mim, e eu bordejei a perdição?
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Mas Deus ainda me suportou nesta vida e esperou-me com graças novas, maiores do que as que eu havia recebido.
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Do flanco aberto de Nosso Senhor jorra misericórdia, e nos chama à contrição e à reconciliação magnífica com Ele. Há no Divino Redentor uma efusão de bondade e de carinho inimagináveis.
Ele viu também o seu Sangue frutificar naqueles que permanecem fiéis à ortodoxia [verdadeira doutrina], quando todo o mundo a abandona.
Naqueles que compreendem o martírio da Igreja corroída pelo progressismo, sendo chamados a lutar por Ela e serem outros varões das dores”.
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Fonte: Revista Catolicismo.
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