.
Um dos mais belos ensinamentos que nos trouxe Nosso Senhor Jesus Cristo a esta terra, foi o da paternidade divina a nosso respeito.
.
Para os antigos, Deus era soberano, era juiz. O Divino Mestre no-Lo mostrou como nosso Pai.
E ninguém, melhor do que Maria, compreendeu esta sublime doutrina, ninguém melhor do que ela penetrou no sentido profundíssimo desta paternidade.
.
Eis por que exclamamos: alma do Pai Eterno! Pois ela soube, melhor do que ninguém, dar a Deus este nome terníssimo de Pai.
.
Eis por que exclamamos: alma do Pai Eterno! Pois ela soube, melhor do que ninguém, dar a Deus este nome terníssimo de Pai.
E como filha amantíssima, ela viveu durante a vida inteira. Filha que serve, filha que obedece, filha que ama.
.
Nós podemos imaginar, de algum modo, que sentimentos de respeito, de adoração, de amor teria a Virgem Beatíssima para com Aquele que era seu Pai e Pai de quem;
Por um mistério insondável, seria Filho seu.
.
E com que extremos de amor amava o Pai Eterno aquela que seria Mãe de seu Unigênito. Com que liberalidade lhe ornava a alma!
.
Foi neste amor recíproco e forte de Pai e de filha que se desenvolveu e cresceu a alma gloriosa de Maria.
Daí a sua obediência filial desde a sua conceição prodigiosa até à sua morte bem-aventurada, obediência que, pela sua perfeição, se transformava continuamente em oblação e amor.
.
“À voz paterna de Deus — escreve Santo Afonso de Ligório — a alma da Virgem se liquefazia; e semelhante a um metal derretido;
Estava sempre disposta a tomar todas as formas que Ele lhe quisesse dar”.
.
E como filha que, conhecendo o amor de seu pai, confia nele cegamente, assim Maria confiava cegamente na Providencia divina.
Descansava nos braços de seu Pai, quer no recolhimento do templo, quer aceitando a maternidade, quer fugindo para o Egito, quer acompanhando o Filho ao Calvário.
.
Em todas as circunstâncias, nos dias alegres e nos dias tristes, era a Filha amorosa e confiante, que se deixa guiar pela mão paterna de Deus.
São Francisco de Sales conta que, andando ele, certo dia, por uma estrada, saiu-lhe ao encontro uma velhinha que em lágrimas lhe dizia: sr. Bispo, ensinai-me a rezar!
.
— Como, filha?! És tão velha já e não sabes rezar ainda?!— É que, sr. Bispo, quando começo a rezar o Padre Nosso e me lembro de que Deus é meu Pai, Pai de uma criaturinha tão miserável como eu sou, ah! sr. Bispo, não sei, princípio a chorar e não posso ir adiante, e fico sempre com a oração por terminar…
.
Mas se esta velhinha assim falava, que diria a Virgem Santa ao lembrar-se da paternidade divina. Mistérios, que só a vida futura no-los revelará…
.
Nós somos também filhos de Deus. Deus é nosso bom Pai! Mas quão pouco nos lembramos desta verdade! Eis por que é tão fria e tão convencional a nossa devoção.
.
Se nos lembrássemos sempre de que temos um Pai no céu que vela sobre nós e que só deseja o nosso bem porque muito nos ama, que confiança e paz nasceriam em nossas almas!
Como viveríamos felizes sob sua mão paterna e como se transformaria a nossa vida de oração…
Que obediência filial, que prontidão, que amor!
Então diríamos com o P. Faber: “se trabalho ou sofro é debaixo das vistas do bom Pai do céu que me encoraja e conforta; se me divirto, o seu paternal sorriso incita a minha alegria”.
.
Na linda capela das Irmãs da Divina Providência, em Florianópolis, está gravada, em grandes letras, uma frase consoladora:
.
“A tua Providência, ó Pai, governa todas as coisas!”
.
Feliz de quem lê esta mesma frase, com sentimento filial, em todos os acontecimentos da vida, pois ela está gravada, também, no grandioso templo deste mundo…
.
MARIA SSma., fazei que, cada vez mais, compreendamos que Deus é nosso bom Pai e que, cada vez mais, vivamos segundo esta verdade suavíssima. Assim seja!
.
.
Fonte: A Alma Gloriosa de Maria – Frei Henrique G. Trindade, O.F.M. – 1937 – segunda edição
.
* * *