A igreja celebra hoje o dia de Finados.
Não julguemos que lembrar nossos mortos é ter apenas deles uma saudade que aos poucos vai decrescendo em intensidade, à medida que passam os anos..
Chorar nossos mortos e perpetuar-lhes a lembrança no mármore, na tela, no livro é permitido, sim. Porém, não fiquemos só nisto. Juntemos à saudade a oração. Não basta chorar, precisamos orar. E nunca se precisa tanto de orações como depois da morte..
No purgatório as pobres almas estão como o paralítico da piscina que dizia a Jesus: – Hominem non habeo! Senhor eu não tenho um homem que me lance na piscina para ser curado..
Dependem aquelas almas santas de nossos sufrágios, de nossas orações e sacrifícios. Deus as entregou à nossa caridade. Sempre é eficaz a nossa oração pelas almas..
“É infinitamente mais útil e eficaz a oração pela libertação dos defuntos que padecem no purgatório, que oração pelos pecadores da terra, cuja perversidade e más disposições paralisam os esforços para os salvar. As santas almas não põem obstáculo algum à eficácia das orações que por elas fazemos.” Tal é a opinião do piedoso oratoriano P. Faber..
Juntemos à nossa imensa saudade dos mortos nossos queridos, a oração e sempre a oração..
Escreveu, o P. Sertillanges: “A lembrança dos mortos sem a oração, é uma lembrança fria, um triste pensamento. É uma exploração do nada. Porém com a oração, é um vento que sopra em direção a Deus, é uma ascensão nas asas da esperança”. (Le probléme de la prière. Revue de Jeunes – Nov. 1915.).
Oremos pelas almas benditas que padecem no purgatório! Demos-lhe a esmola de nossas preces fervorosas e da riqueza das indulgências do tesouro da Igreja.
Por que reservamos um dia de Finados?
Nas palavras do Dr. Plínio Correa de Oliveira:
“O dia de Finados representa para nós muito e até muitíssimo.
Porque diretamente é o dia no qual rezamos por todos os fiéis e por todas as almas que morreram e que porventura estejam no Purgatório.
Mas é também o dia em que a Igreja – com aquele tato que Lhe é próprio e que é qualquer coisa de absolutamente inconfundível – nos recorda a realidade da morte.
Ela como que abre um precipício debaixo de nossos pés e nos faz ver uma multidão de almas que se encontram em estado de pena, de sofrimento, de um lado.
E, de outro, a miséria da morte, a destruição da morte, a aniquilação da morte, a miséria da alma quando ela não vai diretamente para o Céu.
Seria bonito ver na liturgia de Finados as frases de Jó, as lamentações que lembram o homem levado até às beiras da loucura e que depois entra pelas fauces da morte adentro, inteiramente isolado.
Em que os ossos se calcificaram, a carne virou pó, um imenso pranto inunda sua alma separada do corpo, e aquela miséria daquela criatura pecadora posta numa atmosfera de punição, e;
Esperando a misericórdia de Deus e a misericórdia dos vivos. Isso faz muito bem.
De quando em quando nós devemos meditar sobre a morte, para compreendermos o que há de profundamente real naquela advertência que o sacerdote faz na Quarta-feira de Cinzas:
“Lembra-te, homem, de que és pó e que pó voltarás a ser”. Nós não somos outra coisa a não ser pó e voltaremos a ser pó.
E isso nos faz dar uma dimensão exata a todas as coisas dessa vida.
Eu enquanto escrevo esse texto e você enquanto lê, nesse momento, podemos estar movidos por desejos tão vários.
Mas o que são esses desejos, quando a gente calcula o que a gente é? É uma coisa tremenda!
Quando eu passo pelo cemitério, eu vejo ali o meu destino
Eu tinha sempre a ideia de que a gente antes de morrer precisava adoecer, ao menos de morte natural, não digo com um acidente qualquer.
E que, portanto, enquanto a gente se sente bem, teria uma relativa segurança de que não vai morrer.
Mas não é verdade. Pode-se estar passando perfeitamente bem, de repente forma-se no calcanhar ou na ponta do dedo, por exemplo, um coágulo determinado por razões que não se sabe quais são;
E lá vai uma embolia… que se dirige ao cérebro e determina um efeito “X”, cujo fruto mais palpável é a morte.
E isso pode dar-se com qualquer um de nós, a qualquer momento.
Se eu sou algo de tão inconsistente, se um coágulo partido de meu calcanhar liquida com todos os meus desejos, todas as minha aspirações, todos os movimentos que eu tenha em relação às coisas dessa vida.
Se sou uma coisa tão, tão débil que, em ultima análise, eu sei que morrerei, quando eu passo pelo cemitério, eu vejo ali o meu destino que está fixado: é virar pó, ser corroído pelos vermes!
É uma coisa horrorosa o modo pelo qual se dá a corrosão dos vermes.
Em uma ocasião, um médico me deu umas informações a respeito de como isso se passava, descrita nas aulas de medicina legal que teve: é uma coisa tremenda.
Porque primeiro o corpo começa a tomar, muito freqüentemente, um estado de sebo, de manteiga ou de gelatina e depois apodrece…
Olhem-se no espelho, pensem nos seus traços definidos e pensem quando tudo aquilo tiver um caráter repugnante e gelatinoso, virando a queijo mau cheiroso;
Quando o nariz, quando isso, quando aquilo tudo estiver horroroso…
A meditação sobre a morte é benfazeja para criar desapegos, humilhar orgulhos e fazer compreender que podemos cair de um momento para o outro no julgamento de Deus.
É essa carne aqui, esses ossos cujo impacto eu estou sentindo vão ficar reduzidos a esqueleto; eu vou ficar esticado numa sepultura e não vou ser mais nada.
Muita gente passará perto e dirá: “Que alívio!…” Um ou outro passará perto e dirá: “Coitado!” Algum se lembrará de rezar por mim.
Eu peço que rezem bem… E isso é o desfecho de minha vida. Em certo momento estarei reduzido a ossos que causam horror a todo o mundo.
Eu pergunto: não é boa essa meditação para refrigerar muitos ardores, para criar muitos desapegos, para humilhar muito orgulho e;
Para fazer compreender que nós podemos cair de um momento para o outro no julgamento de Deus vivo?
Mas de um momento para o outro! Porque quem de nós sabe se vai chegar em casa hoje?
Quem de nós sabe se daqui a uma hora não estará sendo julgado por Deus?
E que não estará sendo queimado pelas chamas do Purgatório?
Ora, sem essas incertezas a vida não tem grandeza nenhuma.
Nada é belo, nada na vida é atraente, a não ser com um pano mortuário no fundo.
Porque é só pelo contraste que o homem conhece as coisas dessa vida.
E é só pelo contraste com essa miséria fundamental é que a gente compreende como tudo quanto nós queremos aqui é pouco, e a grandeza de um outro destino que nos espera.
Nós devemos encarar a morte com serenidade, com grandes, inclusive no que ela tem de aflitivo e de tremendo.
Quanta gente diz: “Ah, isso é formalidade pura, eu não gosto disso!”
Não é verdade. Você tem medo da morte e tem um tal pânico que tem medo até da cor preta.
E tem medo de se sepultar naqueles lutos. No fundo, você tem medo de morrer. E é por causa disso que você não quer o luto.
É o pavor da morte que tem a Revolução. E é claro. Ela tem todas as razões de ter medo da morte…
Há uma miséria grandiosa na morte, onde a gente poderia dizer o seguinte:
O ser inteligente, capaz de morrer, capaz de passar tão grande catástrofe, tem uma tal capacidade de grandeza que certamente uma outra vida e um outro destino o espera.
E nisso então compreender bem toda a nossa grandeza.
Eu digo mais: para minha caríssima geração nova – já não digo da minha geração que já está rifada – não é só a consideração da morte que faz bem: a visão da dor também é benfazeja.
Às vezes tenho vontade de fazer papel de turista, levando alguns dos Srs. para um hospital do câncer, para uma Santa Casa, para hospitais onde tem, como aqui na Santa Casa;
Gente que sofre de úlcera exposta assim na mão, no rosto, num membro, para nós compreendermos qual é o papel da dor na vida, o que é o papel do sofrimento na vida.
E compreendermos que não se pode levar uma vidinha de boneca de louça, ignorando essas coisas e não tendo coragem de as ver de frente.
Rezar pelas almas do Purgatório pelas quais ninguém inclui em suas preces.
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Tudo isso a propósito do dia de finados. É a lição que os mortos nos dão e que a morte nos dá.
É uma lição de profundidade, uma lição de força de alma, uma lição de coragem, uma lição de grandeza, que é incomparável.
Antigamente havia reportagens sobre a morte até em jornalecos ordinários, em que o cronista, quando descrevia alguém que morreu, para dizer que tinha falecido, dizia:
“Por fim, expirou e a majestade da morte revestiu os seus traços”. Era uma ideia muito bonita.
Há uma majestade da morte e, sobretudo, de certos mortos que tomam uma majestade que é a própria imagem da majestade de Deus puniente, de Deus enquanto castiga;
É a majestade do trovão, a majestade do relâmpago, a majestade do terremoto, é a majestade dos cataclismos;
É algo que é preciso conhecer e amar. Porque quem não conhece isso, não ama isso, e não é capaz de ver Deus inteiro:
Na sua afabilidade sem fim, na sua meiguice sem fim e na grandeza de sua justiça também sem fim.
Todas essas são meditações úteis para se fazer a respeito do dia de finados.
Vamos rezar para os mortos numa proposta a eles, que eu faço assim: que as orações dessa noite – desde que Nossa Senhora;
Que é detentora de todo o valor de nossas orações nisso consinta – sejam para as almas do purgatório que mais estejam abandonadas e para as quais ninguém reza;
Almas talvez que tenham mil anos para cumprir ainda, no fogo, etc., e ninguém reza por elas.
Mas com uma condição: que elas nos obtenham a compreensão;
O amor e o entusiasmo por toda as sombras com que a morte enriquece a estética do Universo e os panoramas verdadeiros da vida humana.”
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Pedimos a Nossa Senhora em oração para cuidar das almas do purgatório e dos defuntos de nossa família que já partiram!
Virgem Santíssima, que cuide e zele por todos nós que ainda estamos na Terra nos preparando para encontrarmos o Nosso Amado Senhor.
Neste sentido, peçamos que você acenda uma Vela Virtual aos seus entes queridos e coloque suas intenções na Missa que faremos celebrar hoje.
Clique aqui para acendê-la ou clique na imagem abaixo.