Como eram os Pastorinhos de Fátima antes das Aparições?
Na Primavera de 1916, a Jacinta tinha seis anos e o Francisco estava quase a fazer oito. Eram assim, cada um à sua maneira, com muitas qualidades e alguns defeitos. Não se distinguiam das outras crianças de Aljustrel, nada tinham de especial.
E mesmo as histórias mais tocantes da paixão da Jacinta por Jesus teriam caído no esquecimento de todos, se não viesse o que veio.
Eram normais, muito normais, tão normais como nós. Até se escapavam da oração do terço, para poderem ir brincar mais depressa: “como todo o tempo nos parecia pouco para a brincadeira, arranjámos uma boa maneira de acabar depressa: passávamos as contas dizendo só ‘Ave Maria‘.
Quando chegávamos ao fim do mistério, dizíamos com muita pausas as palavras ‘Padre Nosso’. E, assim, num abrir e fechar de olhos, como se costuma dizer, tínhamos o nosso terço rezado”.
E é por serem tão crianças e tão normais, que é mais grandioso ainda o que vai operar-se neles. É por isso que, mesmo santos, não deixam de ser tão próximos de nós.
O Céu não escolheu duas crianças iluminadas, excepcionais ou particularmente místicas. Escolheu aqueles pastorinhos de Aljustrel.
A massa de que se fez a sua santidade é a mesma de que somos feitos nós, cada um na sua limitação, na sua miséria, na sua normalidade.
Seria tão fácil distanciar-nos de tudo o que eles foram e viveram, se já fossem perfeitos à partida. Mas não eram.
O que veio depois começa agora. Depois, o que veio, aconteceu, mas podia não ter acontecido. O que veio depois mudou tudo.
Mas, para começar, só havia aqueles pastorinhos de Aljustrel, iguais a todos, iguais a nós.
Fonte: Senza Pagare