Com a finalidade de solidificar nos fiéis a convicção e a argumentação contra o aborto, o Revmo. Pe. David Francisquini lançou uma obra no formato de perguntas e respostas, que vem tendo excelente acolhida.
No momento em que os abortistas revelam seu vulto ameaçador, com o objetivo de implantar o aborto sem limites no Brasil, alguns se perguntam: Por que tanta radicalidade? Será mesmo pelas alegadas questões de “saúde pública”? Como explicar que haja tanta coincidência de características nos movimentos a favor da morte de inocentes? Estarão esses movimentos ligados entre si, lutando em conjunto pelos mesmos objetivos desumanos?
Diante da inquietação de numerosos espíritos, Catolicismo entrevistou o Revmo. Padre David Francisquini, autor do recente livro CATECISMO CONTRA O ABORTO – Por que devo defender a vida humana (Artpress Indústria Gráfica e Editora Ltda., S. Paulo, 2009).
O autor exerce seu múnus sacerdotal em Cardoso Moreira (RJ), na Igreja do Imaculado Coração de Maria. É entusiasta do livro Revolução e Contra-Revolução, de Plinio Corrêa de Oliveira, e sempre propagou os ideais defendidos por esse líder e pensador católico. Seu fecundo apostolado sacerdotal vem se caracterizando pelo zelo em pregar os princípios perenes da autêntica doutrina católica.
Catolicismo: Por que V. Revma. escreveu o livro contra o aborto em forma de catecismo?
Pe. David Francisquini: Exercendo meu múnus sacerdotal numa cidade do interior do Estado do Rio de Janeiro, há tempos vinha pensando num trabalho de esclarecimento do grande público acerca do risco cada vez mais iminente da implantação do aborto no Brasil. Queria fazer algo para somar e multiplicar forças com outros tantos batalhadores antiabortistas. Como as idéias maléficas dos abortistas vão envenenando as consciências das pessoas, o bom antídoto terá de ser idéias verdadeiras e sãs. Portanto, com idéias apoiadas na fé, na razão e na ciência, devemos combater o aborto e suas causas.
Sempre em contacto com públicos muito numerosos por esse Brasil afora, pude perceber que a grande maioria do nosso povo é contrária ao aborto, o que é confirmado pelas pesquisas de opinião mais recentes. Contudo, diante da avalanche midiática dos abortistas, temo que esta mesma maioria veja abalada sua convicção por falta de argumentos lastreados numa base firme como a doutrina católica, a Lei natural e a própria ciência. E o catecismo é o sistema clássico do ensino elementar da doutrina católica, daí ter eu usado essa forma. Estou convicto de que o livro formulado em perguntas e respostas constitui instrumento de luta ideológica ideal nas mãos dos brasileiros que repudiam o aborto.
Catolicismo: Pedimos a V. Revma. que explique a nossos leitores por que o aborto constitui um pecado grave, segundo a doutrina católica.
Pe. David Francisquini: O aborto viola gravemente o 5º Mandamento da Lei de Deus: Não matarás. Por isso é considerado pecado mortal gravíssimo. Por que mortal? Porque ele “mata” a alma daquele que o praticou, isto é, priva-o da graça de Deus e o torna digno do inferno. Isso é doutrina mais que definida pela Igreja.
A propósito, tenho entre meus documentos uma declaração em que João Paulo II afirma sobre o aborto: “Com a autoridade que Cristo conferiu a Pedro e aos seus sucessores, em comunhão com os bispos […], declaro que o aborto direto, isto é, querido como fim ou como meio, constituiu sempre uma desordem moral grave, enquanto morte deliberada de um ser humano inocente […]. Nenhuma circunstância, nenhum fim, nenhuma lei no mundo poderá jamais tornar lícito um ato que é intrinsecamente ilícito, porque contrário à lei de Deus, inscrita no coração de cada homem, reconhecível pela própria razão e proclamada pela Igreja” (Encíclica Evangelium vitae, 25/03/1995, nº 63).
Catolicismo: Que punição a Igreja prescreve àqueles que praticarem o aborto?
Pe. David Francisquini: Como a sociedade civil, também a sociedade das almas tem as suas instruções muito claras, consubstanciadas no Código de Direito Canônico.No cânon 1398, pode-se ler: “Quem provoca o aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão latae sententiae”.
O significado disso é que o fiel que provoca o aborto, ou a ele se submete consciente e voluntariamente, está automaticamente fora da Igreja e excluído dos seus sacramentos, não sendo necessário para isso uma sentença específica da autoridade eclesiástica. Caso se arrependa e queira reconciliar-se com a Igreja, para obter a absolvição terá de recorrer ao bispo diocesano ou a algum sacerdote investido de poderes especiais.
Catolicismo: A palavra excomunhão causa arrepio a muitos, chegando mesmo a ser “excomungada” pela mídia anticatólica. Seria possível deixar bem claro esta questão para nossos leitores, já que V. Revma. acaba de citar um artigo do Código de Direito Canônico tratando da excomunhão?
Pe. David Francisquini: A excomunhão latae sententiae, isto é, automática, atinge todos aqueles que, com pleno conhecimento e deliberação, intervêm em processo que resulta num aborto. Exemplificando: o marido ou o pai da criança, que ameace a mulher obrigando-a a submeter-se a essa prática pecaminosa; o médico, a enfermeira ou a parteira; e ainda todos aqueles que concorrem para que o aborto seja levado a cabo.
Pode acontecer de a mãe não incorrer na pena de excomunhão. Por exemplo, caso ela se enquadre nas circunstâncias atenuantes do cânon1324, § 1, incisos 1º, 3º e 5º, a saber: Posse apenas parcial do uso da razão; forte ímpeto de paixão (não voluntariamente fomentada); ou coação por medo grave.
Aproveito para citar mais um documento papal, ainda de João Paulo II: “A responsabilidade cai ainda sobre os legisladores que promoveram ou aprovaram leis abortivas, sobre os administradores das estruturas clínicas onde se praticam os abortos, na medida em que sua execução deles dependa.
Uma responsabilidade geral, mas não menos grave, cabe a todos aqueles que favorecerem a difusão de uma mentalidade de permissivismo sexual e de menosprezo pela maternidade […].
Não se pode subestimar, enfim, a vasta rede de cumplicidades, nela incluindo instituições internacionais, fundações e associações que se batem sistematicamente pela legalização e difusão do aborto no mundo”(encíclica Evangelium vitae, de 1995, nº 59).
Catolicismo: V. Revma. poderia explicar esta faceta da Santa Igreja, de tratar com tanto desvelo a vida de um nascituro, e ao mesmo tempo execrar com tanta severidade aos que atentam contra ela?
Pe. David Francisquini: Vou tentar responder com palavras da Sagrada Escritura. Com efeito, Deus disse ao Profeta Jeremias:“Antes que saísses do seio materno, Eu te consagrei” (Jer. 1,4). E o Profeta Isaías exclamou: “Yavé me chamou desde antes do meu nascimento, desde o seio de minha mãe me chamou por meu nome” (Is. 49,1).Ou seja,Deus conhece pelo nome cada homem que vem a este mundo, e lhe designa uma missão que só a ele cabe desempenhar na sociedade.
Como o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, sendo o Criador perfeitíssimo, a cada homem cabe representar uma determinada perfeição divina, e nenhum outro o conseguirá como ele. Daí decorre que uma mãe, ao praticar o aborto, age como se apagasse uma estrela que nunca mais brilhará neste mundo.
continua…
Fonte: Revista Catolicismo
1 Comentário
Voces podiam preocupar-se com a pedofilia que acontece nas entranhas da igreja católica.Voces fingem não ver(por conivência, participação ou interesses inconfessáveis).
Eu também estou atento. Estamos em um país laico. Cuidem da própria alma.A igreja católica que no Brasil abençoava a escravidão, tem que ficar calada quanto a direitos humanos.