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Do Japão geralmente só se ouve hoje falar em termos de bips, chips, business.
Mas isto não é objetivo, pois, para quem sabe ver, trata-se de um apreciável país.
Durante o período Nara — 545 a 794 — havia muitos senhores feudais que passaram a se envolver em combates.
Foi desde então que começaram a erguer estruturas e construções cercadas por fossos, que ganharam o nome de Kinowa e Kinowasaku.
Essas construções eram usadas para a própria defesa dos Daimyo, como eram chamados os senhores feudais da história japonesa.
Comentando essas edificações, Plinio Corrêa de Oliveira — em uma conferência em 22 de junho de 1970;
Pergunta em que sentido um castelo japonês é diferente do castelo do ocidente medieval?
E responde:
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“Do castelo europeu, tem-se a impressão de que deita as garras no rochedo.
É constituído de torres fortes, prontas para desafiar o vento e o clima hostil.
No castelo medieval, os muros são guarnecidos de ameias e barbacãs para os guardas circularem;
A fim de proteger a muralha contra o adversário.
Em volta das torres há o fosso com água e a ponte levadiça. […]
O castelo japonês é um edifício delicado, nobre, próprio a um povo voltado para o sonho.
E que garante a sua incolumidade contra o adversário através da grossa muralha em volta dele.
A vida do senhor feudal japonês parece um tanto alheia à luta e à defesa.
Ele é um contemplativo, vive em suas delícias, suas contemplações;
Sentado no chão, diante de uma mesinha, vestido com tecidos preciosos, bebendo chá, numa xícara de porcelana muito bonita, e pensando, pensando…”.
E o castelo nipônico não fica muito atrás do europeu.
Contemple-se a fortaleza feudal de Himeji, na cidade que leva esse nome, na província de Hyogo.
Também conhecido como Hakuro-jo ou Shirasagi-jo (Castelo da Garça Branca);
Começou a ser construído em 1333, tendo sido inteiramente concluído somente 230 anos depois.
Na referida conferência, alguém perguntou ao Dr. Plinio se esse castelo japonês lembrava em algo o castelo europeu medieval, ao que ele respondeu:
“Sim.
Embora na arquitetura ele seja profundamente diferente do castelo medieval da Europa, lembra-o quanto ao seguinte aspecto: no ‘élancé’ do edifício.
O castelo europeu tem como característica principal as torres.
Aqui não há propriamente torres.
Entretanto, o papel que fazem os corpos de edifícios cada vez menores é, no fundo, o de uma torre.
A silhueta evoca um pouco a ideia de uma torre, ou seja;
De um corpo de edifícios que procura galgar os céus, que se perde no alto, indicando elevação de espírito e grandeza de alma muito acentuadas”.
“Este não tem, a não ser raras vezes, esta graça.
O castelo europeu, tem-se a impressão de que deita as garras no rochedo.
É constituído de torres fortes, prontas para desafiar o vento e o clima hostil.
No castelo medieval, os muros são guarnecidos de ameias e barbacãs para os guardas circularem, a fim de proteger a muralha contra o adversário.
Em volta das torres há o fosso com água e a ponte levadiça.
Não se nota propriamente isso no castelo japonês.
O corpo inteiro do edifício parece dissociado da luta.
Não se tem noção, à primeira vista, de que haja um vigia espreitando dia e noite”.
Mas cá e lá, más fadas há. Durante o domínio Tokugawa) (1603-1868), o que cada daimyo ou senhor feudal podia possuir, era um castelo por feudo.
Com a Restauração Meiji de 1868, o governo aprovou a Lei de Abolição do Castelo em 1873 para, nada menos, demolir todos os castelos;
Pois segundo os governantes, eles eram uma lembrança do feudalismo.
Assim uma parte da História da humanidade ficou privada dos castelos nipônicos, pois demoli-los significava uma forma, diziam, de modernizar o país.
Os castelos japoneses passaram por várias fases de destruição.
Dos 170 edifícios período Edo V (1603-1868), 2/3 foram desmantelados até 1875;
Além de muitos outros que foram destruídos por causa de incêndios, terremotos;
E a Segunda Guerra Mundial, devido aos bombardeios nas regiões da costa do Oceano Pacífico.
Hoje existem apenas doze castelos que ainda permanecem com certos elementos das estruturas originais, como a fortaleza, o fosso ou o portão.
E conclui Dr. Plinio:
As diversidades entre os povos são um bem.
Elas correspondem, no plano humano, às imensas e harmoniosas diversidades com que Deus enriqueceu o universo;
Diversidades estas que constituem precisamente um dos maiores encantos da criação.
Assim, as relações entre o Ocidente e o Oriente não devem visar uma insípida e banal uniformização.
Elas supõem, pelo contrário, que o Ocidente continue bem Ocidente, e o Oriente bem Oriente.
Trata-se, isto sim de estabelecer um convívio harmônico entre um e outro”.
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Fonte: ipco.org.br
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