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Maria Santíssima era de uma beleza que correspondia ao tipo ideal de beleza do seu povo.
No Cântico dos Cânticos há uma descrição desse ideal. O poeta louva esses predicados com imagens que encantam extraordinariamente:
“Oh, como és bela, amiga minha, como és formosa!
Os teus olhos são com os das pombas, sem falar no que está escondido dentro.
Os teus cabelos são como os rebanhos das cabras, que abundam no monte.
Os teus dentes são como os rebanhos das ovelhas tosquiadas, ao subir ao lavatório.
Os teus lábios são como uma fita de escarlate, e o teu falar é doce.
Assim como é o vermelho da romã partida, assim são as tuas faces, sem falar no que está escondido dentro.
O teu pescoço é reto como a torre de Davi, edificada com seus estandartes.
Os teus dois peitos são como dois filhinhos gêmeos de uma gazela, que pastam entre os lírios.”
Olhos meigos, escuros, luminosos, cabelos negríssimos, dentes brancos, lábios purpurinos, uma boca graciosa, ainda em flor, faces ligeiramente rosadas, um colo delicadamente modelado, seios bem feitos: assim era imaginada uma bela jovem.
Os cabelos louros, avermelhados, os olhos castanhos e a graciosa figura de Davi, o fundador do tronco genealógico ao qual a Imaculada Maria pertencia, foram assaz louvados (1 Rs. 16,12).
Os cabelos louros entre os israelitas eram uma raridade e provinham talvez de uma mistura de sangue hitita, que corresse nas veias de Davi.
Os hititas pertenciam à raça indo-germânica e grupos bastante numerosos deles ainda viviam na região.
Urias era um hitita e talvez a sua mulher Betsabé também o fosse, a que se tornou mais tarde mulher de Davi, mãe de Salomão e antepassada de Maria.
Nosso Senhor Jesus Cristo era alto e media, segundo Santo Sudário, cerca de 1,81-1,82 m, o que já é uma estatura imponente.
O rosto é singularmente nobre e majestoso.
E como o recebeu somente de Maria o seu corpo, certamente devia se assemelhar muito a ela.
Os contornos exteriores − a cor, a forma e a figura – de uma pessoa não constituem só por si a beleza, mas uma bela alma faz resplandecer a beleza do corpo.
O pecado, o terrível destruidor, não tinha estragado Maria, que fora preservada do pecado original e que jamais havia cometido uma culpa pessoal.
Dessa forma, a sua mente manteve sempre a primitiva agudeza, a vontade conservou a resolução das almas fortes, a sua índole a mais bela delicadeza e a mais rica profundidade de ânimo.
O contínuo recolhimento em Deus, o sábio discernimento dos desígnios divinos na natureza e na revelação, o recato e a serenidade do seu estado virginal, conferiam-lhe um encanto especial.
A retidão de sua alma, a plenitude dos dons da graça e a da natureza concentrados nela, irradiavam através de seu corpo, com uma brilhante luminosidade, envolvendo-a de uma fascinação e de uma majestade que não tinham igual.
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Fonte: “A Mãe do Senhor” – Joseph Patsch – Edições Paulinas – 1959
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