As Sete Dores de Maria: Sexta dor: A Lançada e a Descida da Cruz
Nosso Senhor curva a cabeça e morre. Os planetas, descrevendo no espaço um imenso círculo, voltam, ao fim de certo tempo, ao ponto de partida, como que para saudarem Aquele que os lançou na rota do Céu. Ele, que veio do Pai, volta a Seu Pai, proferindo estas últimas palavras:
“Pai, nas vossas mãos encomendo o meu espírito.”
Foi preciso proceder a um duplo inquérito, para se ter certeza de que Ele estava bem morto.
Um sargento do exército romano mergulha a sua lança num dos flancos de Jesus. Ele, que tantos testemunhos de amor acumulou em Seu Coração, de súbito os derrama nesta água e neste sangue: a água, símbolo da nossa regeneração; o sangue, preço da nossa redenção.
Cristo, Espada com que Ele próprio se mata, continua a ferir, mesmo depois da Sua morte. É ela que abre os tesouros que se transforma na nova Arca, onde podem entrar as almas que querem ser salvas do dilúvio do pecado.
Nesta sucessão de feridas, Jesus sofre por Sua Mãe que tanto deve sofrer por Ele, e Maria sofre por Seu Filho, pouco cuidando do que Lhe possa acontecer a Ela própria.
Quantas mais consolações tiramos das criaturas, menos recebemos de Deus. Poucos são os que podem consolar. De fato, só podem realmente consolar aqueles que nos deixaram.
Ninguém jamais poderá dizer:
“Deus não sabe o que a gente sofre junto de um leito de morte; não conhece o amargor das minhas lágrimas.”
Esta sexta dor ensina-nos, pelo contrário, que, em tal provação, só Deus nos pode consolar.
Depois da rebelião contra Deus no paraíso terrestre, pelo abuso que o homem fez da sua liberdade, aconteceu que, um dia, Adão tropeçou no corpo de seu filho Abel. Trazendo-o a Eva, estende-o sobre os seus joelhos. Então, Eva falou a Abel – mas este não respondeu. Nunca eles o tinham visto assim. Levantaram-lhe os braços, mas estes novamente caíram. Então se recordaram do que lhes fora anunciado:
“No dia em que comeres o fruto da árvore, morrerás”.
Quando Nosso Senhor contava as Suas parábolas de misericórdia e principalmente a do Filho Pródigo, só ouvíamos falar do bom pai do filho pródigo. Porque será que o Evangelho guardou silêncio a respeito da mãe do Filho Pródigo?
Maria é a Mãe do Divino Pródigo que deixou a casa celeste de Seu Pai, para peregrinar em terra estrangeira- esta nossa Terra. Ele “dissipou os Seus bens”, deu o Seu Corpo e o Seu sangue, a fim de podermos recobrar a nossa herança do Céu.
E, agora, caído entre os cidadãos dum país rebelde às vontades de Seu Pai, misturou-Se com as varas de porcos que são os pecadores. Depois, prepara-Se para voltar à casa de Seu Pai.
No caminho do Calvário, a Mãe do Filho Pródigo encontra-O. Neste instante, transforma-Se Ela na Mãe de todos os filhos pródigos do Mundo, preparando-os – pelos misteriosos unguentos da Sua intercessão – para o dia tão longínquo, em que a vida e a ressurreição correrão nas suas veias, quando eles avançarem nas asas da manhã.
Fonte: Rumo à Santidade
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