3º grupo: Símbolos da beleza excepcional e da graça irresistível
Abigail, Sunamita e Ester
Estas três outras prefiguras representam o amor e a beleza da Virgem Santíssima.
VII – Abigail: a beleza e a prudência
David, quando ainda muito jovem, foi sagrado rei pelo Profeta Samuel. Por ciúmes, o rei Saul, até morrer, o perseguiu sem tréguas. Por isso, durante um longo período, David viu-se obrigado a refugiar-se em bosques e grutas. Certa vez, ele e um grupo de fiéis soldados esconderam-se nos montes da Judéia. Mais ou menos próximo, habitava um homem de nome Nabal. Abigail era sua esposa.
Ele era riquíssimo, porém mesquinho, péssimo e malicioso. David e seus seguidores abstiveram-se de lhe causar qualquer dano. Tendo sabido, no deserto, que Nabal fazia a tosquia de seu rebanho — ocasião de abundância e própria a generosidades — David destacou 10 de seus servos para irem procurá-lo pacificamente e pedir-lhe, em seu nome, qualquer coisa que tivesse à mão.
Nabal, porém, os tratou muito mal, com insultos, dizendo que não conhecia David e nem sabia de onde eram. Irado, David se aprontou para ir destruir tudo pertencente a Nabal e não deixar vivo nada daquilo que lhe pertencesse.
Abigail, tendo sabido do que havia se passado e da grande desgraça prestes a cair sobre sua casa, às escondidas de seu marido, e levando uma série de agrados — carneiros cozidos, farinha, cachos de uva, figos secos, etc. — foi ao encontro de David e o dissuadiu da vingança. David aceitou tudo que ela lhe tinha trazido e mandou-a retornar em paz para casa, dizendo-lhe ter ouvido sua voz e honrado a sua presença.
Dez dias depois, Nabal faleceu…
Abigail, por sua beleza e sua prudência, impede David de derramar sangue. Por sua causa David perdoa e diz: “És bendita, pois me impediste de derramar sangue!” (I Samuel 25,33).
Tendo ficado viúva, David a convida para ser sua esposa e ela responde: “Eu sou a serva do Senhor” (I Samuel 25,41). Deste modo torna-se a esposa do rei.
* * *
Quando São Gabriel saúda Nossa Senhora, Ela, depois de compreender a mensagem, responde: “Ecce ancilla Domini” (“Eis aqui a escrava do Senhor”). E daí uma tal intimidade com Deus, que criatura alguma poderia imaginar. Tornou-se Filha, Mãe e Esposa de Deus!
VIII – Sunamita (Abisag): acúmulo de todas as belezas naturais
Era uma donzela de extrema beleza. Nela foram acumuladas todas as belezas naturais. Por isto foi escolhida para esposa do Rei David, já na velhice dele (III Reis, 1,3).
Foi a mais pura entre todas as esposas, porque se manteve sempre virgem, tanto antes de morar com David quanto durante o tempo de convívio com ele, pois foi tratada sempre como irmã e não como esposa.
A Santíssima Virgem possui uma graça imortal e cada vez mais bela. Cativou eternamente as complacências do Rei dos Céus.
Ninguém teve tanta intimidade com o Rei David quanto Sunamita. Igualmente, ninguém teve tão casta intimidade com o Rei dos Reis, Nosso Senhor Jesus Cristo, quanto a puríssima Virgem Maria. Depois de O ter nove meses em seu seio, manteve-O em sua mente e em seu coração.
IX – Ester: apoio e consolação
Xerxes I, conhecido com o nome de Assuero, foi o terceiro sucessor de Ciro, rei dos persas. Para manter viva a lembrança de seu matrimônio com Ester, concedeu indultos, distribuiu benesses e concedeu paz a todas as províncias de seu reino.
Mas Aman, primeiro-ministro de Assuero, homem soberbo e cruel, impôs a seus subordinados a obrigação de ajoelharem-se diante dele. Ora, o hebreu Mardoqueu (os hebreus tinham sido feitos cativos pelos persas), tio e pai adotivo de Ester, não quis proceder dessa forma com Aman porque julgava que esta homenagem era devida somente a Deus. Por esta razão, Aman fez promulgar um decreto condenando à morte todos os hebreus.
Ester, graciosa e amável, apresentou-se diante do rei e obteve dele misericórdia para o seu povo. Obteve a revogação do edito promulgado contra todos os hebreus.
Havia uma lei na Pérsia, segundo a qual era morto quem se apresentasse diante do rei sem ser chamado. Ester corajosamente passou por cima dessa lei e se apresentou ante o rei.
Este lhe disse: “não morrerás, porque nossa ordem não concerne senão ao comum do povo” (Ester, 15, 13). É uma prefigura da Imaculada Conceição, pois a Nossa Senhora não foi aplicada a lei do pecado original, comum a todo o povo.
O primeiro ministro Aman, que desejou a condenação dos hebreus, representa o príncipe das trevas, o demônio.
A Santíssima Virgem obteve o resgate do gênero humano e salvou da morte eterna todos os seus filhos.
São Boaventura proclama: “Virgem santa, verdadeira Ester, vós sois o apoio e a consolação de todo bem”.
Magnificências de Nossa Senhora:
•mais majestosa do que o cedro, cujo cimo altivo domina as alturas do Líbano; ou o cipreste, que se eleva acima da montanha de Sião;
•mais graciosa do que as palmeiras de Cades;
•mais agradável do que a rosa vermelha, que perfuma Jericó;
•mais doce do que a oliveira (graciosa erva dos campos);
•mais amável do que os plátanos à margem das águas.
Continua amanhã
Fonte: Catolicismo