Levar em si Maria! (I)
Era ainda muito cedo. Abrindo um livro piedoso, que uma pessoa distraída – talvez voluntariamente – deixara na sala de visitas, encontrei estas linhas, tão curtas e tão cheias de sentido e de vida sobrenatural.
Leva em ti Maria; Em redor de ti irradie Maria; Dá a todos Maria!
Não sei o que se passou em minha alma, no meu coração, em todo o meu ser.
Depositei o livro; uma lágrima – perdoem-me esta sensibilidade – uma lágrima ardente queimou-me as pálpebras e as faces…
E escondendo a cabeça nas mãos, afastei-me sem demora. Mas, durante todo o dia, ia repetindo:
Ó Maria! Deixa-me levar-te em mim; deixa-me irradiar-te, em redor de mim; deixa-me dar-te a todos que se aproximam de mim!
Oh! querida alma, nós que almejamos amar ardentemente nossa terna Mãe, repitamos muitas vezes durante o dia esta pequena oração, tão curta, tão penetrante e decerto, tão agradável a Maria.
Levar em si Maria, é não possuir todas as virtudes de Maria, mas trabalhar para adquiri-las.
É imitar a criança a quem se dá uma santinha: aperta-a sobre o coração, beija-a com efusão e depois a leva para sua mãe, com cuidado, receosa que se amarrote.
Não podemos, de certo, receber o corpo de Maria Santíssima como recebemos o corpo de Jesus Cristo, mas, na sagrada comunhão, recebendo a Jesus Cristo, não é verdade que recebemos um pouco de Maria?
Qualquer coisa de Maria? Este divino alimento de nossa alma, não é ele formado do sangue de Maria? Caro Christi, caro Mariae [a carne de Cristo é a carne de Maria], diz Santo Agostinho.
Levando em nós a Jesus, levamos, pois, a Maria. Jesus e Maria são inseparáveis. Não procureis em outro lugar o divino Filho da Virgem, senão nos braços de sua mãe; é lá o lugar d’Ele, o seu trono, o seu céu.
Levar em si Maria, é pois aproximar-se muitas vezes e com devoção da Sagrada Mesa Eucarística; e durante o dia lembrar-se o mais possível deste ato solene.
É unir-se a Maria e com ela adorar a Jesus. Trabalhar para Jesus, numa palavra, é viver com ela da doce vida de intimidade. Ó Maria, deixa-me levar-te em mim!
[continua…]
[Padre Júlio Maria de Lombaerde, Voz de Nazareth, nº 67, julho de 1918]
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