A inocência é um privilégio infantil? É um estado vedado aos adultos? Trata-se de simplesmente não pecar por insuficiência de idade ou de condições? Um estado meramente negativo, que consiste apenas em não fazer algo errado? O exemplo de Bernadette Soubirous — a santa a quem Nossa Senhora apareceu em Lourdes — é altamente esclarecedor de todas essas dúvidas.
Para homenagear a Virgem Santíssima, neste mês de maio que lhe é especialmente dedicado, é oportuno aprofundar o tema da inocência. Nossa Senhora é a criatura inocente no mais alto grau possível.
Imaculada desde o primeiro instante de seu ser, ela é a protetora de todas as inocências e restauradora daquelas que se perderam, aproximando-as da fonte infinita de toda inocência, que é Nosso Senhor Jesus Cristo.
A inocência é um tema dos mais altos e mais delicados, e também dos mais belos dentre os que abordam o relacionamento da alma com Deus e a própria situação da alma diante de si mesma. O Profeta Davi exclama:
“Então foi em vão que conservei o coração puro, e na inocência lavei as minhas mãos? […] Reflito para compreender tal problema, muito penosa me pareceu esta tarefa até o momento em que entrei no vosso santuário. […] Vós me tomastes pela mão. Vossos desígnios conduzir-me-ão, e por fim na glória me acolhereis” (Ps 72, 13-24).
(…)
Esse tema, tão fundamental para quem quiser conhecer-se a si mesmo e suas relações com Deus, foi tratado com o descortino de um doutor da Igreja e a elevação de um santo por Plinio Corrêa de Oliveira. O que ele explicitou a respeito é, na realidade, reflexo de sua vida. Não nos deixou sobre o assunto uma obra acabada, mas uma primeira compilação dos seus ensinamentos foi realizada por seus discípulos e publicada no livro A inocência primeva e a contemplação sacral do Universo,(1) cuja leitura e meditação recomendamos. (…)
Bernadette vous parle
Com a devida atenção, podem-se encontrar na vida dos santos exemplos de manutenção ou recuperação da inocência primeva. Uns por toda a vida, outros por períodos maiores ou menores, todos lutaram para poder apresentar ao Criador, no fim da existência terrena, esse precioso patrimônio ampliado e enriquecido com a compreensão e prática do bom, do verdadeiro e do belo.
Não foi diferente com Santa Bernadette Soubirous, e isso é ressaltado magistralmente por seu maior biógrafo, o Pe. René Laurentin, nos textos que a seguir apresento à apreciação do leitor.
Talvez o verdadeiro segredo de Bernadette seja simplesmente a sua simplicidade. Nada é mais escondido do que a transparência. Tentemos pois decifrar esse mistério global.
A infância de Bernadette
O segredo de Bernadette é, primeiramente, o impenetrável silêncio sobre a sua infância. Ele cobre mais de um terço da sua vida, mas permanece praticamente em branco, como essas “terras desconhecidas” dos antigos mapas-mundi.
Porém, o pouco que conhecemos, a começar pelo silêncio mesmo de Bernadette, assemelha-se surpreendentemente ao que se desenvolveu em seguida, e que culminou no sofrimento e no despojamento dos últimos dias.
É-se tentado a achar que tudo já estava lá, na menina pobre de Lourdes, humildemente devotada a Deus no subdesenvolvimento e no sofrimento, que eram seu quinhão.
Não é senão uma hipótese, sem dúvida; mas ela traz tanta luz, que é difícil desviar-se dela. Uma convicção se impõe: no limiar das aparições, tudo já estava em germe em Bernadette, o essencial estava pronto, a história da graça que a acompanhava já havia chegado a uma primeira maturidade. Aliás, uma lei da ação de Deus é que o essencial do dom precede sua manifestação.
Assim, desde o início da Anunciação a Virgem Maria foi saudada, no momento em que ela saía da sombra, como a “cheia de graça”. O que veio a seguir foi o desabrochar da graça que longa e obscuramente o Senhor tinha enraizado nela.
Certos traços da infância de Bernadette manifestam esta luz de antes das aparições:
— Quando o bom Deus permite que aconteça, a gente não se queixa.
— Quando nada se deseja, tem-se o que é necessário.
Do mesmo modo em relação ao rosário que ela pega instintivamente no bolso de seu avental, no limiar das aparições. Era já o instrumento de sua pobre prece, tornada reflexo; era já o sinal de uma presença na hora em que surgiu para ela, naquele oco sombrio [da gruta de Massabielle], a Dama rodeada de sol.
Em resumo, tudo já estava lá, mais ou menos claramente, nesse momento em que Bernadette entra na História: pobreza, oração, penitência, uma certa presença habitual da Virgem Maria na comunhão dos santos.
A partir daí, tem-se a sensação de que o resto não foi senão uma explicitação desse dom anterior e fundamental. A seqüência da vida de Bernadette — aquilo que nós chamamos a zona clara, que inclui a graça das aparições — seria um desenvolvimento de seus obscuros inícios.
Dizer que desde cedo tudo estava dado, não significa uma constatação banal: ela recebeu gratuitamente o batismo, que em certo sentido contém tudo. Certamente esse fator conta, mas nós nos referimos aqui à santidade; dito de outro modo, ao desenvolvimento vivido desse dom fundamental.
Por que se mostra ele tão puro em Bernadette? É um mistério da gratuidade, mas é também um mistério de uma resposta livre, de um instinto que soube fielmente corresponder ao essencial.
continua na próxima segunda-feira…
Fonte: Revista Catolicismo
1 Comentário
Ao Diivino Espiito Santo, Nossa Senhora de Fátima e meu amado Jesus agradeço pelas infinitas graças recebidas ao meu filho Marcos Francios e minha filha Ana OLivia e toda minha familia sou infiitamente pequena pela grande graça mas peço-vos que aumente minha fé para que eu possso ajudar quem precisa e eunsinar com doçuras as pessoas que vão a nossa escolinha ambiental que eu possa transmiitir o grande amor que lá existe e sua importancia espiritual para a mim pois lá vel-la pelo os nossos aimais Nossa Senhora São Sebastão e nosso Jesus. Amém. Não peço nada de bns materiais a mim a meus filhos o susficiente que ganhem pela força de seu trabalho que jamais se percam sua alma. Amém. Ave Maria e aminha mãezinha pelos os restos de dias nesta tera seja de paz e amor e recuperação de seu amor espiritual. Juvenilia