O nosso mês de Maio, de primeiros frios, de chuva e vento, é no hemisfério setentrional o mês do despertar glorioso da Natureza. A primavera, por toda a parte, irrompe vitoriosa, numa profusão deslumbrante de flores e perfumes. Na Europa, o mês de Maio é sinônimo de beleza e poesia.
A piedade dos católicos consagra a Nossa Senhora este mês privilegiado.
E realmente, melhor parece que não poderá ser nem a escolha nem a oferta: à Virgem Imaculada, super omnem speciosa, o mês régio da ressurreição e das flores.
Toda a Europa Ocidental conheceu, na Idade Média, o costume de festejar o mês de maio. Havia, por exemplo, a corporação de S. Ana e S. Marcelo, em Paris, cuja obra primordial era adornar com flores, durante todo o mês de maio, o adro de Notre-Dame, para que Nossa Senhora fosse honrada como a “Dama do Céu”.
Em algumas cidades da França organizaram-se procissões que iam à procura de flores e de folhagens para enfeitar as igrejas principalmente consagradas a Nossa Senhora. Na Itália, grupos de homens e mulheres alternavam canções e improvisos em honra da Madonna.
Na Espanha, no século XIII, o rei D. Affonso, o Sábio, — don Affonso de Castela, de Toledo, de Leon, Rey e ben de Compostela ta o reyno Daragon — dedicara a Nossa Senhora uma das suas cantigas: Ben vennas Mayo.
E mais tarde, Henrique Suso, grande místico e devoto filial de Maria Imaculada, no decorrer de Maio, enfeitava de flores a imagem de Nossa Senhora, especialmente no dia 1o, e nessa data renovava a sua consagração à Mãe Celeste.
São Filipe Neri, o fundador da Congregação do Oratório, no mês de Maio levava os meninos ao pé do altar de Maria Santíssima, e animava-os a oferecer à Mãe celeste, juntamente com as flores da primavera, as suas virtudes juvenis.
Essa prática se deve a que, numa aparição, Nossa Senhora recomendou a São Filipe Neri que aconselhasse aos jovens uma devoção toda particular em sua honra durante o mês de Maio.
Assim o fez S. Filipe e redigiu o programa do mês, incluindo nele, para cada dia, cânticos e a reza das ladainhas diante de uma imagem da Virgem Santíssima, a assistência ao santo sacrifício da Missa, a vigilância cristã e finalmente, como fecho de ouro, a frequência aos sacramentos e a consagração à Imaculada.
O exemplo de S. Filipe Neri foi imitado. Nos colégios dirigidos pelos Padres da Companhia de Jesus, em Colônia e depois em Roma, os alunos seguiam o costume de honrar a Mãe de Deus, com intenso fervor, no mês de Maio.
Num opúsculo editado em 1654, um jesuíta, o P. Nadasi, expõe, pela primeira vez, a ideia de consagrar um mês do ano à Nossa Senhora.
Não se trata ainda do mês de Maio, mas de qualquer mês, ao gosto e cômodo do fiel: Theophilus Marianus, sive artes ac exercitationes XXXI, in mensem unum digestae.
Coube a um religioso franciscano, o Pe. Lourenço Schnüssis, o mérito de unir a ideia de honrar a Nossa Senhora no mês de Maio, com a ideia de consagrar-lhe, com exercícios especiais de devoção, um mês inteiro.
Publicou esse padre, em 1692, um livrinho com uma coletânea de 30 poesias em honra de Nossa Senhora, Mayen-Pfeiff, e ofertou-o à infanta D. Leonor, imperatriz da Alemanha.
Aproximadamente um quarto de século mais tarde, em 1724, o Padre Dionisi, S. J. publicou em Parma e reeditou em Roma o primeiro mês de Maria: Il mese di Maria, ossia il mese di Maggio consegrato a Maria. Continha o livro uma série de devoções oferecidas às famílias para a celebração do mês de Maio.
Começava nestes termos: “No aposento doméstico, onde a família se costuma reunir para rezar, enfeitar-se-á, na véspera do mês, a imagem da SS. Virgem; erguer-se-á um altar que será enfeitado do melhor modo possível”.
O piedoso exercido será curto, afim de não sobrecarregar a ninguém e cada noite será tirada por sorte a virtude especial proposta para o dia seguinte. Far-se-á também uma leitura que há de servir como preparação para a meditação da manhã seguinte. Devoção profundamente familiar, o mês de Maria seria uma conclusão da oração da noite no lar católico, uma saudação afetuosa dos filhos à Mãe de Deus e nossa.
Entrementes, porém, cinco anos antes que publicasse o seu livro, o P. Dionisi, inaugurou o mês de Maria em Nápoles, numa igreja, com cânticos, à tardinha, em honra de Nossa Senhora e Benção do SS. Sacramento.
Outro livro, ainda de um jesuíta, do P. Francisco Lalonna, veio dar ao mês de Maria a sua feição definitiva, consagrando exclusivamente a Nossa Senhora as 31 meditações do mês de Maio. Vinte anos mais tarde, foi traduzido para o francês e em seguida para o inglês e o alemão, e tornou-se um dos propugnadores da expansão do mês de Maio.
Da Itália passou a devoção à Espanha e depois à França, onde muito trabalhou para difundi-la o P. Muzarelli, autor de um livro do mês de Maria conhecido no Brasil. Em 1830, o mês de Maria já era espalhado em toda França. Em 1837 foi celebrado pela primeira vez em Viena e em 1843 em Munique. A Bélgica e a Suíça de muito já o haviam adotado. Para tanto concorrera, sobretudo, a aprovação oficial e as indulgências concedidas pelo Papa Pio VII num breve de 21 de Março de 1815.
No Brasil, recebemos da Europa o mês de Maria, adotamo-lo e fizemos dele uma das nossas devoções mais caras e tradicionais.
A chuva é o símbolo da fertilidade. Sem ela, a terra ressequida de sol não produziria o nosso sustento. Maria, nossa Mãe, é a portadora da nossa fecundidade espiritual; sem Ela não teríamos nossa força, nosso sustento, o Pão dos Anjos que alimenta a nossa alma.
Já a nuvem de Elias, desfeita em chuva refrigerante e fecundadora, era uma prefigura da Virgem que ia trazer a Luz ao mundo, Nosso Senhor Jesus Cristo.
No livro de Isaías está dito que a palavra de Javeh é como a chuva que, tendo baixado à terra, só volta ao céu depois de haver fertilizado os campos, dado a semente ao lavrador e o pão a todas as criaturas. Da proteção de Maria Santíssima pode-se afirmar o mesmo.
Jamais as nossas orações fizeram baixar até nós a Mãe de Jesus, sem que Ela faça germinar as nossas boas resoluções e florescer as virtudes em nossa alma. Maria Santíssima é a chuva benéfica que nos prepara para receber a Nosso Senhor Jesus Cristo.
Maio é um mês todo impregnado dos Mistérios da Redenção. Nele coincide sempre a festa da Ascensão e muitas vezes a de Pentecostes. Seria tão edificante acompanhar os sentimentos de Nossa Senhora naqueles dias benditos em que Ela hauria a presença física do Divino Filho ressuscitado.
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(*) Baseado em artigo de Maria Desideria, estampado no N° 9 das “Vozes de Petrópolis” de 1932.
5 Comentários
Minha querida Mãe , protejei minha familia ,meus filhos e netos,minha mãe, esposo, e toda a
familia. protejei as criancinhas de toda a maldade do mundo.Iluminai os governantes para
olhar as pessoas carentes.Suplico sua benção a todos.
“À vossa proteção recorremos Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita.”Amém.
Este artigo de Maria Desidéria é o prefácio do livro A Alma gloriosa de Maria, de D.Henrique Golland Trindade. Tempos atrás quando a Igreja católica incentivava a devoção mariana o mês dedicado a Nossa Senhora era ocasião dos católicos aprofundarem o amor à Santíssima Virgem, infelizmente hoje tudo mudou para pior! Mas o triunfo será de Nossa Mãe e Rainha!
Creio que, por razões de a devoção à Maria Santíssima na Europa ser feita no mês de maio, nós sentimos no mês de maio uma especial atenção e devoção à Maria Santíssima. Maio é um mês que traz elementos aconchegantes que favorecem a nossa devoção à Mãe de Deus. Para nós, que falamos a língua portuguesa juntamente com Portugal, a celebração da aparição de Maria no mês de maio em Fátima é um fortíssimo apelo a essa devoção no mês, juntamente com a oração do rosário, oração maravilhosa dedicada à Maria Santíssima para ter sua intercessão junto a seu Filho Jesus.
Maria Mãe da igreja intercedei por toda a minha família.Dai-nos saúde,paz proteção.Cuida dos meus netos, para que sejam pessoas de Bem.