Irmã Clara, uma serva fiel de Nossa Senhora e de Nosso Senhor Jesus Cristo, sonhou que uma amiga sua, falecida, havia lhe escrito uma carta póstuma, diretamente de sua nova morada eterna: O INFERNO!
Leia a continuação a seguir e logo após reze um terço pelas almas das pessoas que ainda não tem o gozo de estar na presença de Deus. Aproveite e envie uma vela para que esta pessoa saiba o quanto você se importa com ela.
Lembra-te ainda:
Fez 4 anos que nos conhecemos, em M. Tinhas 23 anos e já trabalhavas no escritório havia meio ano, quando lá entrei.
Tiravas-me bastante vezes de embaraços; davas-me a mim, principalmente, freqüentes bons avisos. Mas que é que se chama “bom”!
Eu louvava, então tua “caridade”. Ridículo… Tuas ajudas provinham de pura ostentação, como, aliás, eu já suspeitava.
Nós aqui não reconhecemos bem algum em ninguém!
Conheceste minha mocidade. Cumpre preencher, aqui, certas lacunas.
* * *
Conforme o plano de meus pais, eu não devia nunca haver existido. Aconteceu-lhes um descuido, a desgraça da minha concepção.
Minhas duas irmãs já tinham 15 e 14 anos, quando eu vim à luz.
Oxalá nunca eu tivesse nascido! Oxalá pudesse eu agora aniquilar-me, fugir a esses tormentos! Não há volúpia comparável à de acabar minha existência, como se reduz a cinzas um vestido, sem mesmo deixar vestígios.[S. Th. Suppl. q. 98, a. 3, r. ib. ad 3: “Enquanto a inexistência liberta de uma vida de terríveis castigos, seria ela para os condenados um bem maior do que sua miserável existência… Assim desejam a não existência.”] Mas é preciso que eu exista; é preciso que eu seja tal como eu me tenho feito: com a falha total da finalidade da minha existência.
Quando meus pais, ainda solteiros, mudaram-se da roça para a cidade, perderam o contato com a Igreja.
Assim era melhor.
Mantinham relações com pessoas desligadas da religião. Conheceram-se num aile e viram-se “obrigados” a casar meio ano depois.
No ato do casamento pegaram neles só algumas gotas de água benta, suficientes apenas para atrair mamãe à missa domingueira raríssimas vezes por ano.
Nunca ela me ensinava a rezar direito. Esgotava-se nos cuidados de cada dia, ainda que a nossa situação não fosse ruim.
Semelhantes palavras como rezar, missa, água benta, igreja, só escrevo com íntima repugnância, com incomparável nojo. Detesto profundamente os freqüentadores de igreja, assim como todos os homens e coisas em geral.
Tudo se nos torna tormento. Cada conhecimento recebido ao falecer, cada lembrança da vida e do que sabemos, se transforma numa flama incandescente.[S. Th. Suppl. q. 98, a. 7, r.: “Nada há nos réprobos, que não lhes seja matéria e causa de tristeza… Assim dirigindo sua atenção sobre coisas conhecidas”.]
E todas essas lembranças nos mostram aquele medonho lado que fora uma graça que desprezamos. Como isso atormenta! Não comemos, não dormimos, nem andamos com as pernas. Espiritualmente acorrentados, nós réprobos, fitamos estarrecidos a nossa vida falhada, uivando e rangendo os dentes, atormentados e cheios de ódio.
Ouves tu? Bebemos aqui ódio como água. Odiamo-nos mutuamente.[S. Th. Suppl. q. 98, a. 4, r.: “Nos réprobos domina um ódio total”.]
Mais do que tudo, odiamos a Deus. Procuro tornar-te isso compreensível.
Os bem aventurados no Céu devem amá-Lo. Porque O vêem desveladamente em Sua arrebatadora beleza. Isso torna-os indescritivelmente felizes. Sabemos isso e é esse conhecimento que nos torna furiosos.[S. Th. Suppl. q. 98, a. 9, r.: “Ante o dia do juízo universal sabem os réprobos que os bem aventurados se encontram numa inefável glória.”
continua na próxima sexta-feira…
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