A decisão é inteiramente acorde com o espírito e as finalidades escritas do processo de unificação europeia.
Porém, até agora, esse processo, no qual a União Européia (UE) é a organização mais conhecida, vinha escondendo seu verdadeiro rosto anti-cristão e anti-europeu com artifícios verbais, textos legais obscuros e agindo de costas aos povos europeus. Desta vez, foi a católica Itália que percebeu a arapuca em que caiu.
Montando a reação popular o governo italiano apelou logo contra a subversiva sentencia.
“A presença do crucifixo na sala de aula não significa aderir ao catolicismo, mas é um símbolo de nossa tradição”, exclamou a ministra de Educação, Mariastella Gelmini.
“Ninguém, nem sequer uma corte européia ideologizada conseguirá apagar nossa identidade”, advertiu, em aberta refutação ao tribunal europeu.
Após sentenças e apelos, o tribunal administrativo regional do Veneto julgou que a escola estava no seu direito porque a Cruz é “o símbolo da história e da cultura italiana”. A decisão foi confirmada pelo Conselho de Estado em 2006.
Agora sete juízes da Corte Europeia cassaram as decisões da justiça italiana e deram ganho de causa à mulher, além de punir o Estado italiano com multa de 5000 euros. Foi a primeira sentença do Tribunal de Estrasburgo em matéria de símbolos religiosos.
“Estou desconcertado” disse o ministro de Justiça, Angelino Alfano. Roberto Calderoli, ministro para a Simplificação achou que “a corte européia acalcou nossos direitos, nossa cultura e nossos valores”, acrescentando que “os crucifixos permanecerão nas paredes de nossas salas de aula”.
“Sentença abstrata e falsamente democrática”, disse o ministro da Agricultura, Luca Zaia.
Até a oposição de centro-esquerda pronunciou-se contra o delirante acórdão. O novo líder do Partido Democrático, Pier Luigi Bersani, defendeu que “uma tradição antiga como o crucifixo não pode ser ofensiva a ninguém”.
Pier Ferdinando Casini, da União do Centro Democrático, foi além: “o acórdão é conseqüência da timidez dos governantes europeus que se recusaram a mencionar as raízes cristãs na Constituição européia: o crucifixo é um símbolo da identidade cristã da Itália e da Europa”.
De fato, aderindo a dita Constituição – contida no Tratado de Lisboa – decisões como esta que crispa Itália são inevitáveis.
Muçulmanos e ateus rejubilam
Por sua parte, Adel Smith, presidente da União dos Muçulmanos da Itália, regozijou-se: “Num Estado laico não se pode oprimir as outras religiões exibindo um símbolo de uma certa confissão”. Obviamente ele não explicou o que teria sido desses juízes se tomassem uma decisão análoga num país onde vigora a sharia. Tal vez, já nem se contariam no número dos vivos.
Também reagiu com euforia Raffaele Carcano, da União de Ateus e Agnósticos, que comemorou “uma grande data para o laicismo italiano”.
Um atentado contra a essência do povo italiano
Para o grande diário “Il Giornale” de Milão, a unificação européia “começou astutamente pela economia e pela moeda”.
Assim escondeu que ela era feita contra a força que “criou os povos: seus sentimentos, sua fé, seu espírito, sua história, tradições, valores”.
Bellinzona – Foto
Mas, agora chegou o momento mais difícil para a unificação europeia: tocar adiante sua utopia igualitária passando o trator nos símbolos visíveis da religião.
Na Itália, acrescentou, isso significa atacar a arquitetura, a pintura, os crucifixos, as imagens de Nossa Senhora que fazem parte de “tradições de um país que se alimentou, ao longo dos séculos, da beleza do Evangelho.
“Seria impossível imaginar um São Francisco de Assis sem a doce paisagem da Umbria, um São Bento sem a ordenada gravidade das terras romanas, um Rafael sem a apaixonada contemplação da Virgem Maria. Hoje quer se tirar o crucificado das escolas públicas… Mas também milhares de capelinhas de Nossa Senhora que protegem os viajantes nos cruzamentos das estradas estão em locais ‘públicos’; logo alguém quererá que sejam eliminadas”.
Se prevalecer o critério exprimido no acórdão então “nenhum povo seria um povo”. Mexer com os costumes religiosos significa mexer com a alma dos povos. É uma coisa perigosíssima”.
Eclesiásticos apóiam unificação anti-cristã
O jornal relembra que até eclesiásticos tiveram um papel de destaque impulsionando os fiéis a aprovar o processo de unificação européia.
O jornal relembra que até eclesiásticos tiveram um papel de destaque impulsionando os fiéis a aprovar o processo de unificação européia.
Aliás, recentemente, o episcopado irlandês empurrou os católicos a aprovarem o Tratado de Lisboa, ou Constituição Européia, aduzindo que os direitos religiosos dos católicos estavam suficientemente garantidos.
Bispos irlandeses visitam Parlamento Europeu.- Foto
A decisão de Estrasburgo patenteia que essa promessa não foi mais do que uma fraude. De fraudes, aliás, está pavimentada a estrada de dita unificação.
Mas também de fraude análogos está pavimentada a estrada da “autodemolição” da Igreja apontada por S.S. Paulo VI.
O Pe. Federico Lombardi, SJ, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé reagiu dizendo que “o crucifixo sempre foi um sinal de oferenda de amor de Deus e de união e acolhida para toda a humanidade. É uma pena que seja considerado como um sinal de divisão, de exclusão ou de limitação da liberdade.”
Infelizmente, nada indica que palavras como essas possam reverter o quadro presente, sobre tudo se comparadas a outras que habilidosa e continuadamente confortam o processo unificador da Europa.
Itália precisa sair da espiral infernal da UE
Na editorial do dia 4 de novembro, o mesmo jornal insistiu que a decisão põe Europa na estrada de abolir igrejas, conventos, catedrais, obras de arte e literatura que contenham uma Cruz.
A “estupidez da sentença é agravada pelo desconhecimento dos valores do cristianismo”, diz o editorial. Os juízes, para serem coerentes vão ter que banir campanários, catedrais, monastérios, capelas e tudo aquilo que em locais públicos está exposto aos olhares das crianças.
Crucifixo Abadia de San Antimo, Itália – Foto
O próprio ensino da língua, da história e da filosofia italiana é impossível sem a referência à Cruz cristã. São Francisco, Dante e Manzoni, para citar alguns dos maiores, deveriam ser censurados nos livros de texto.
Para “Il Giornale” estamos diante de um problema psiquiátrico mais do que político ou religioso. Como conclusão, o jornal pergunta se não seria o caso de “fechar o manicômio de Estrasburgo”, sede do tribunal.
A conclusão sem dúvida reflete a apaixonada oposição suscitada pelo acórdão. Mas, não resolve o problema.
Os países europeus foram ludibriados pela promesssa de uma Europa Unida que ignora acintossamente a essência cristã do continente.
Dita unificação foi tocada com base numa filosofia ‒ a da Revolução Francesa que gerou a “Declaração Universal dos Direitos Humanos” ‒ toda ela voltada contra o cristianismo e a Igreja Católica.
Enquanto essa filosofia igualitária, liberal e anticristã continue em pé, de pouco adiantam os nobres e justos impropérios expressados, por exemplo, pelo “Il Giornale”.
1 Comentário
Eu não tenho receio de nada e nem de ninguem.
Minha fé em Maria, é imensa, ela mesmo nos advertiu desses acontecimentos, e ainda
reinterou, “Meu Imaculado Coração vencerá.