Como mineiro, na minha infância intrigava-me, não sem franca simpatia, o nome de uma cidade próxima da minha: Mar de Espanha. E me punha a imaginar como seria o mar ibérico. Essa imagem voltou-me há pouco, quando das recentes manifestações contra o aborto ocorridas naquele país, reunindo um verdadeiro mar; não de água, mas de espanhóis.
Com efeito, as ruas do centro de Madrid ficaram abarrotadas pelo protesto contra a lei do aborto proposta pelo primeiro-ministro José Luis Zapatero. A manifestação –¬¬ talvez a maior na história da Espanha — foi um verdadeiro clamor popular contra o massacre silencioso de nascituros.
Recebi de nosso amigo Miguel Vidigal — que participou da gigantesca manifestação enquanto representante de algumas associações anti-aborto do Brasil — um CD com muitas fotos que ele tirou, bem como um artigo de sua autoria, que a revista Catolicismo publica em sua edição de novembro.
Faço questão de transcrevê-lo neste blog, porquanto em massa nossos meios de comunicação de massa não deram o destaque que merecia uma manifestação jamais vista contra a prática abortiva.
Em solidariedade ao grandioso evento de Madrid, em diversos países ocorreram protestos frente às embaixadas espanholas. Mais abaixo, transcrevo notícias de dois países, Colômbia e Polônia, dos quais recebi informações e fotos.
Proximamente, veremos se o governo socialista acatará a vontade popular contrária ao aborto — 77% dos espanhóis se opõem à lei genocida do primeiro-ministro –, arquivando seu projeto de lei; ou se obedecerá à palavra de ordem do lobby internacional, que não poupa esforços e dinheiro para impor as mais radicais leis favoráveis ao crime do aborto. Neste caso, a crescente indignação dos espanhóis poderia exigir a renúncia de Zapatero, que melhor faria se deixasse a política e fosse buscar, por exemplo, a digna — mas quão diversa — profissão indicada pelo seu sobrenome.
Gigantesca marcha contra o aborto em Madrid
Por Miguel da Costa Carvalho Vidigal
Em 17 de outubro, tive a honra de participar da grande manifestação que encheu as principais avenidas de Madrid: 41 associações da sociedade civil espanhola nomearam a cidade Capital of Life e reuniram quase 2 milhões de pessoas sob o lema “Cada Vida Importa”, para protestar contra a atual lei abortista vigente na Espanha, bem como rejeitar o aberrante projeto de lei proposto pelo governo socialista.
O aborto nunca foi aceito pelos espanhóis, embora manobras políticas escusas o tenham parcialmente legalizado no país em 1985. O governo socialista do primeiro-ministro Zapatero, que vem colecionando quedas de popularidade, enviou ao Congresso um projeto de lei que amplia a prática do aborto e, entre outras medidas, autoriza adolescentes de 16 anos a abortar sem consentimento dos pais.
Miguel Vidigal, representando associações anti-aborto do Brasil, no momento de seu discurso
As associações brasileiras Brasil pela Vida, Juventude pela Vida e Nascer é um Direito, após aderirem à manifestação anti-abortista, foram convidadas a participar de forma mais ativa na mesma. Tive a oportunidade de pronunciar, em nome delas, um discurso em apoio àquela importante iniciativa de defesa de dois princípios básicos da civilização cristã: o da vida e o da família; e transmitir aos participantes a garantia de que tais princípios seriam sempre defendidos em nosso País por todos os aderentes das referidas associações.
A mensagem do presidente do “Foro Español de la Familia”, Benigno Blanco
O Foro Espanhol pela Família organizou o que provavelmente foi a principal marcha anti-abortista de todo o mundo. A mensagem era clara: “Queremos fazer chegar ao mundo a mensagem de que o debate sobre o aborto não está fechado, e que somos milhões de pessoas comprometidas a não deixar que se encerre o assunto até que não haja mais nenhum aborto”, como declarou Lourdes del Fresno y Torrecillas, uma das mais atuantes organizadoras da marcha. Suas palavras foram repetidas no discurso pronunciado pelo presidente do Foro Espanhol pela Família, Benigno Blanco.
Lembrou ele ainda que a manifestação não podia encerrar-se ali, mas deveria ser o início de uma luta que cada um teria de conduzir no dia-a-dia, sobretudo em face de leis e pessoas que se esforçam por destruir a vida. Blanco pediu ainda que se estabeleça uma união entre todos os pró-vida do mundo, e que nenhum egoísmo particular faça separar os soldados desse combate.
Organizações de todo o mundo aderiram à imponente manifestação. Além dos representantes brasileiros, membros de organizações americanas, italianas, alemãs e francesas se dirigiram ao público. Assim, o Sr. Georges Martin (na foto acima, à direita), representante da associação francesa Droit de Naître (Direito de Nascer), lembrou que o resultado de 34 anos de lei do aborto em seu país foi terrível; mas, se o projeto espanhol for aprovado, será sem dúvida o mais grave ordenamento jurídico da Europa em matéria de aborto.
Aspectos marcantes da multitudinária manifestação
Destacamos alguns pontos desta marcha espanhola, genuinamente popular.
Em primeiro lugar, a quantidade de pessoas presentes: o cortejo deveria transcorrer tão somente numa larguíssima avenida que liga a Porta do Sol até a Porta de Alcalá; esse espaço foi insuficiente, e as principais avenidas da região central, como Goya e Serrano, também foram ocupadas. Nesse sentido são ilustrativos os vídeos filmados por helicópteros que sobrevoaram o centro madrilenho.
Ademais, os maiores jornais europeus viram-se obrigados a estampar em suas primeiras páginas um tema que costuma receber pouco destaque da mídia: manifestação pública de peso contra o aborto. Três dias após o acontecimento, ainda havia debates em colunas dos principais periódicos sobre o enorme sucesso da marcha.
Convém destacar outro aspecto: a convicção dos presentes. Não se tratava de simples protesto contra o projeto de lei do governo socialista, mas uníssona exigência de que o aborto volte a ser considerado crime.
Mesmo estando presentes diversos líderes políticos do PP (partido considerado de centro-direita), os manifestantes ressaltaram que, durante oito anos de governo, o ex-primeiro-ministro Aznar (PP), também ele participante da manifestação, não se ocupou do tema aborto, permanecendo a atual lei abortista.
As promessas de uma luta constante em defesa da vida foram marcantes. Mas será preciso que esse movimento siga as palavras de Benigno Blanco: que a luta não se limite a uma única manifestação.
Madrid foi a Capital of Life 2009. Qual será a de 2010?
Acompanhe mais fotos no post a seguir
Fonte: Blog da Família
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Nossa Senhora de Lourdes me proteja e me abençoe.Eu desejo muito ter a minha casa própria e também continuar com o meu emprego para meu próprio sustento.