“Aquela Senhora ajuda-nos sempre, é tão nossa amiga!” Saiba mais.
Irmã Lucia narra:
A notícia dos acontecimentos tinha-se espalhado. Minha mãe começava a afligir-se e queria, a todo o custo, que eu assumisse que tudo era mentira. Não poupou , para isso, carinhos, ameaças, nem mesmo o cabo da vassoura.
Não conseguindo obter outra resposta que um mudo silêncio ou a confirmação do que já tinha dito, mandou-me, que pensasse bem, pois nunca tinha consentido uma mentira nos seus filhos, muito menos consentia agora uma daquela espécie;
Acrescenta que me obrigaria a ir junto daquelas pessoas a quem tinha enganado, confessar que tinha mentido, e pedir perdão.
Continua Irmã Lúcia:
Lá fui eu com as minhas ovelhinhas. e, nesse dia, já os meus companheiros me esperavam. Ao verem-me chorar, correram a perguntar-me a causa. Contei-lhes o que tinha passado, e acrescentei:
–Agora, digam-me como vou fazer?! Minha mãe quer, a todo custo, que diga que menti; e, como vou a dizê-lo?!
Então, Francisco diz para a Jacinta:
–Vês?! Tu é que tens culpa! Para que o foste a dizer?!
A pobre criança, chorando, põe-se de joelhos, com as mãos postas, a pedir-nos perdão:
-Fiz mal; -dizia, chorando; – mas eu nunca mais digo nada a ninguém!
Irmã Lúcia impressionada diz:
Agora digo eu quem lhe ensinou a fazer esse ato de humildade?! – Não sei. Talvez por ver seus irmãozinhos pedir perdão a seus pais… ou porque Jacinta foi, segundo me parece, aquela a quem a Santíssima Virgem comunicou maior abundância de graças e conhecimento de Deus e da virtude.
Quando, algum tempo depois, o Senhor Prior nos mandou chamar para nos interrogar, a Jacinta baixou a cabeça e a custo conseguiram obter dela apenas duas ou três palavras. Quando viemos embora, perguntei-lhe:
–Por que não querias responder ao Senhor Prior?
–Porque te prometi não dizer mais nada a ninguém!
A mãe de Lúcia afligia-se cada vez mais com o progresso dos acontecimentos. Empregou, por isso, mais um esforço para me obrigar a confessar que tinha mentido.
Um dia disse que me levaria para conversar com o Prior. Ao encontrar Jacinta, no caminho, aproveitei a ocasião para contar a Jacinta o que se passava.
Ao ver-me aflita, deixou cair algumas lágrimas, e disse-me: “Vou me já levantar e vou chamar o Francisco. Vamos para o teu poço rezar. Quando voltares, vai lá ter”.
À volta corri ao poço, e lá estavam os dois, de joelhos, a rezar.
Logo que me viram, a Jacinta correu a abraçar-me e a perguntar como tinha feito. Contei-lhes. Depois, disse-me:
“Vês! Não devemos ter medo de nada! Aquela Senhora ajuda-nos sempre, é tão nossa amiga!”
Desde que Nossa Senhora nos ensinou a oferecer a Jesus os nossos sacrifícios, sempre que combinávamos fazer algum, a Jacinta perguntava: “Já disseste a Jesus que é por seu amor?” Se lhe dizia que não… – “Então digo-lhe eu”
– e punha as mãozinhas, levantava os olhos ao Céu, e dizia: “Ó Jesus! É por Vosso amor e pela conversão dos pecadores.”
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