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A Anunciação e São Gabriel
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Na alva casa de Nazaré, sobre a qual se concentrava a atenção dos espíritos bem-aventurados, reinava uma paz profunda. José repousava sem dúvida da dura jornada. Na peça vizinha, a Virgem rezava.
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O Anjo apareceu-Lhe sob forma visível. Inclinando-se respeitosamente diante de sua Rainha, o semblante iluminado por um gáudio sobrenatural, disse-Lhe: “Ave, cheia de graça; o Senhor é conVosco. Bendita sois Vós entre todas as mulheres” . […]
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Vendo a mais incomparavelmente perfeita das criaturas ter de Si mesma sentimentos tão humildes, o Embaixador celeste ficou arrebatado de admiração. “Maria – diz ele à Virgem trêmula –, não temais. Vós encontrastes graça diante de Deus” .
Depois, lentamente, majestosamente, ele Lhe transmitiu em nome do Eterno a sublime mensagem:
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“Eis que concebereis e dareis à luz um filho, a Quem poreis o nome de Jesus. Ele será grande; será o Filho do Altíssimo. Deus Lhe dará o trono de David seu pai; Ele reinará eternamente sobre a casa de Jacó e seu reino não terá fim” .
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Essas palavras eram muito claras para que pudessem deixar a menor dúvida no espírito da Imaculada.
Ela compreendeu logo a honra incomparável que Lhe estava reservada. Parece, aliás, que não experimentou nenhuma hesitação a respeito da própria virgindade, como se tem repetido com tanta frequência.
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Seria fazer injúria gratuita às suas luzes supor nEla uma tal ignorância. Ela conhecia a profecia de Isaias; sabia que o Emanuel devia nascer de uma virgem. Quis simplesmente saber como é que Deus, rico em milagres, realizaria esse prodígio. “Como se cumprirão essas coisas?” perguntou ao Anjo. Quomodo fiet istud, quoniam virum non cognosco?
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“O Espírito Santo virá sobre Vós– respondeu-Lhe São Gabriel –, e o poder do Altíssimo Vos envolverá com sua sombra. Por isso, o que de Vós há de nascer será santo e será chamado Filho de Deus. Vossa prima Isabel era estéril; e eis que há seis meses concebeu um filho em sua velhice, porque nada é impossível a Deus”.
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Fez-se então no pequeno quarto de Nazaré um profundo silêncio, um desses silêncios tragicamente emocionantes porque neles se sente pairar os destinos do mundo. O Anjo terminara de falar e Maria Se calava.
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A Imaculada rompeu enfim seu solene silêncio. Para dar o consentimento que o Anjo esperava em nome do Espírito Santo, teve uma dessas palavras sublimes que só o gênio da humildade pode encontrar. Empregou a mais modesta e a mais simples fórmula, aquela em que mais completamente se eclipsava sua personalidade: “Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a vossa palavra”.
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Então se produziu a maior de todas as maravilhas. O Espírito divino formou da própria substância da Imaculada um pequeno corpo humano; uniu a esse corpo uma alma humana; juntou esse corpo e essa alma à Pessoa do Verbo.
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Fonte: Escrito por Pe. Thomas de Saint-Laurent – Traduzido do Blog America Needs Fatima
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