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Maria Santíssima, São José e os anjos limpam a gruta.
O santo esposo São José, atento à majestade de sua divina Esposa, e que Ela parecia esquecer por amor à humildade, suplicou-lhe não se encarregasse daquele trabalho (limpeza do local) que a ele pertencia. Adiantando-se, começou a limpar o chão e os cantos da gruta, ainda que nem por isso deixou de o acompanhar a humildade Senhora..
Estando os santos anjos em forma humana visível, pareceu, a nosso modo de entender, que ficaram envergonhados de não participar naquela tão devota disputa de humildade. Imediatamente, em santa competição, ajudaram, ou para melhor dizer, em brevíssimo tempo limparam toda a gruta, deixando-a em ordem e cheia de fragrância..
São José acendeu fogo com o dispositivo que para isso levava, e, porque estava muito frio, aproximaram-se dele para se aquecer um pouco..
Com incomparável alegria espiritual cearam do lanche que levaram. A Rainha do céu e terra nada teria comido, se não fosse para obedecer a São José, pois aproximando-se o divino parto, achava-se toda absorta no mistério.
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Precedentes do nascimento de Cristo, nosso Senhor.
Declarou o Altíssimo à sua Virgem Mãe que chegara o momento de deixar seu virginal seio e aparecer no mundo, e o modo como isso seria realizado..
Conheceu a prudentíssima Senhora, numa visão, as razões e fins altíssimos de tão admiráveis obras, tanto da parte do Senhor, como do que se referia às criaturas, para as quais se ordenavam..
Prostrou-se ante o trono real da divindade, dando-lhe a glória, a magnificência, a ação de graças e louvores, que Ela e todas as criaturas deviam a Deus, por misericórdia e dignação tão inefáveis de seu imenso amor..
Ao mesmo tempo, pediu nova luz e graça para dignamente servir e educar o Verbo humanado que receberia nos braços e alimentaria com seu virginal leite..
Fez a divina Mãe esta súplica com profundíssima humildade, como quem entendia a grandeza de tão novo sacramento: criar e tratar como mãe a Deus feito homem. Julgava-se indigna de tal ofício, para cujo cumprimento seriam insuficientes os supremos serafins..
Prudente e humildemente o pensava e pesava a Mãe da Sabedoria: e porque se humilhou até o pó e se aniquilou na presença do Altíssimo, foi por Ele elevada e confirmada no título de Mãe sua..
Ordenou-lhe que, como legítima e verdadeira Mãe, exercesse esse oficio; que o tratasse como a Filho do eterno Pai e juntamente Filho de suas entranhas..
Tudo isto pôde ser confiado a tal Mãe. Mais, não é possível explicar com palavras.
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Nascimento de Cristo, nosso Senhor.
Esteve Maria Santíssima neste êxtase e visão beatífica, mais de uma hora imediata a seu divino parto. Ao mesmo tempo que voltava do êxtase, percebeu e viu que o corpo do Menino Deus movia-se em seu virginal seio, para deixar aquele sagrada habitação onde permanecera por nove meses..
Este movimento do Menino não produziu dores à Virgem Mãe, como acontece às demais filhas de Adão e Eva, em seus partos. Pelo contrário, transportou-a de júbilo incomparável, causando em sua alma e virginal corpo efeitos tão divinos e elevados que ultrapassam a todo pensamento criado..
Corporalmente tornou-se tão espiritualizada, formosa e refulgente que não parecia criatura humana e terrena. O rosto desprendia raios de luz como belíssimo e rosado sol; sua expressão era grave, de admirável majestade e inflamado de ardente amor..
Estava ajoelhada na manjedoura, os olhos elevados para o céu, as mãos juntas sobre o peito, o espírito absorto na divindade, toda deificada. Nesta posição, no final de seu êxtase, a eminentíssima Senhora deu ao mundo o Unigênito do Pai e seu, nosso Salvador Jesus, Deus e homem verdadeiro.
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Era a meia-noite de um domingo, no ano 5.199 desde a criação do mundo, como ensina a Santa Igreja Romana..
Fonte: “Mística Cidade de Deus”, Soror Maria de Ágreda, Tomo II – Mosteiro Portaceli – Ano 2001
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Santo Natal: Maria Santíssima e São José chegam a Belém – Parte I
Santo Natal: A gruta, primeiro templo de Cristo na terra – Parte II
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