Meditação de São José. Neste mês celebramos a solenidade de São José, não podemos deixar de meditar sobre sua vida.

São José é um tão grande Santo, que nós não podemos passar pelo mês em que celebramos sua festa;
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Vitral que representa a partida de São José aos céus.

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São José é um tão grande Santo, que nós não podemos passar pelo mês em que celebramos sua festa;


S
obretudo nós que nos alegramos em ser devotos de Nossa Senhora, nós não podemos passar sem fazer um comentário a respeito d’Ele.

Os dados biográficos de São José são muito escassos.


Nós sabemos a respeito de São José apenas algumas coisas.


Sabemos que ele era da família de David, sabemos que ele era virgem, que foi casado com Nossa Senhora, sabemos que eles mantiveram a virgindade depois do casamento;

Sabemos que ele teve o famoso caso da perplexidade;

Sabemos também, que depois ele esteve presente no Santo Natal e uma das glórias dele é de em todos presépios, até o fim do mundo;

Naturalmente figurar como uma das figuras essenciais do presépio;

Nós sabemos depois que ele levou o Menino Jesus e Nossa Senhora até o Egito e de lá voltou, e depois há silêncio sobre São José e não se fala sobre ele.

O comentário que se pode fazer a este respeito, é, como é bonito o silêncio que as Sagradas Escrituras guardam sobre São José;


E qual é o espírito da Igreja que reluz, e que justifica a propósito este silêncio.


Se tomarmos em consideração quem foi São José, compreenderemos que tem que ter sido um dos maiores santos de todos os tempos;

E que até não faltam razões àqueles que consideram que São José foi o maior santo de todos os tempos.

Se não se pode ter isto como absolutamente certo;

Porque há razões para supor que o maior santo tenha sido São João Batista, ou que tenha sido São João Evangelista;


Em todo caso, há razões muito grandes e muito boas para supor que tenha sido ele, São José;


E nós podemos imaginar que a respeito de um tão grande santo;

Os dados biográficos, os mais emocionantes, os mais empolgantes, ou mais edificantes não poderiam faltar.

Ora, nós vemos que em lugar de falar a respeito destes dados;

E de nos dizer algo a respeito das maravilhas deste santo, que ocupara um papel tão proeminente na piedade católica;

Pelo contrário a Revelação nos diz pouco, e nos diz muito pouco;

E a Tradição nos diz pouco, de maneira que coisas absolutamente de fé a respeito de São José nós sabemos pouco.


Agora, como é que se explica isto? Como é que se pode explicar uma coisa destas?


A primeira observação que cumpre fazer é que também a respeito de Nossa Senhora, que é uma figura, por mais alto que seja São José;

Não infinitamente, mas insondavelmente superior a São José, também à respeito de Nossa Senhora as Sagradas Escrituras dizem muito pouco.

Elas falam tão pouco ou até menos que a respeito de São José e entretanto sabemos que Nossa Senhora é a obra prima da criação;

E que depois da humanidade Santíssima de Nosso Senhor Jesus Cristo ligada à Segunda Pessoa da Santíssima Trindade;

Não há criatura e nunca houve e nunca haverá, que possa sustentar uma pálida comparação com Nossa Senhora.


Ora, a respeito de Nossa Senhora, porque é que a Sagrada Escritura diz tão pouco?

E porque é que a respeito destas duas grandes figuras há um tal silêncio das Escrituras?


Além das razões indicadas habitualmente, à humildade de Nossa Senhora, à humildade de São José;

Que quiseram ficar apagados em louvor à Nosso Senhor Jesus Cristo, que merecia todas as honras;

E em reparação a todas as provas de orgulho que os homens deveriam dar até o fim do mundo;

Além desta razão que é uma razão muito boa;

Há uma outra razão muito formativa para nós e feita para que compreendamos a índole da Igreja, o espírito da Igreja Católica.


É que, por maiores que sejam as maravilhas que Nossa Senhora e São José tenham praticado na vida, aquilo que nós sabemos deles;


Pelo simples fato de uma ter sido a mãe do Criador e o outro ter sido o pai legal de Nosso Senhor Jesus Cristo e o esposo de Nossa Senhora;

Só isto nos leva a deduzir grandezas tão excelsas;

Que nenhum fato concreto praticado na vida daria uma ideia suficiente do que foram;


Porque eles estão acima de qualquer ato praticado.


Temos dois fatos de muita importância:

A perplexidade de São José, a confiança que ele conservou durante esta perplexidade, a delicadeza com que ele ia resolver o caso;

A prova em que a Providência o colocou, no momento em que ele estava chamado para receber a honra excelsa de ser o pai legal de Nosso Senhor Jesus Cristo;


A vida de Nossa Senhora um fato, por exemplo, entre outros, eminente:


As bodas de Caná, em que Nossa Senhora obteve pelas suas orações;

Que Nosso Senhor  antecipasse as manifestações de sua vida pública e praticasse um milagre.

Um milagre notável como a transmutação da água em vinho;

Que praticasse aquele milagre, direta e imediatamente, para uma família que se sentia provada ali no momento.

Nossa Senhora praticou ali uma grande ação, mas por maior que esta ação seja, não nos dá uma ideia suficiente de Nossa Senhora;

E o que nós  sabemos d’Ela, sabendo que Ela é Mãe de Deus é tão mais do que isto que à nós, por assim dizer, bastaria saber que Ela é Mãe de Deus.


Assim também São José.


Algumas coisas dele que nós sabemos, por mais eminentes que sejam, não chegam à altura da ideia, por exemplo, seguinte:

Nosso Senhor Jesus Cristo, o Verbo de Deus Encarnado, Deus fez todas as coisas com conta, peso e medida, diz a Escritura.

Ele as proporcionou admiravelmente na ordem da natureza e na ordem da graça.


Como terá sido o homem, que Ele tenha destinado a ser o pai legal de Deus?

Se não o pai natural de Deus, o pai de Deus segundo a lei judaica.

Porque ele, como esposo de Maria Virgem tinha um verdadeiro direito sobre o fruto das entranhas d’Ela.

Embora não fosse o pai do Menino Jesus, ele tinha o verdadeiro direito.

E depois sendo ele o descendente de David, em que se cumpria a profecia, a qualidade de descendente de David Nosso Senhor Jesus Cristo herdava dele.


Então como deve ter sido este homem;

Como Deus deve ter adornado esta alma;

Como Deus deve ter constituído este corpo;

Como Deus deve ter enchido de graça esta pessoa;

Para que ela estivesse à altura deste papel?

Nossa Senhora, para ver com que cuidado Deus dispôs de tudo a respeito de Nossa Senhora, durante a Paixão;


Permitiu que o Filho d’Ela fosse insultado de todos os modos, mas não foi lícito, não foi permitido a ninguém, tocar n’Ela com a ponta do dedo;


Porque aquilo que se permitiu ao próprio Filho de Deus, que fosse feito contra o próprio Filho de Deus, contra Ela o Filho de Deus não permitiu que fosse feito.

Ora, se Deus, tanto respeitou e venerou Nossa Senhora, quanto não terá venerado ao escolher um esposo adequado à Ela.

Porque terá feito deste casal, o casal perfeito, em que o esposo fosse mais proporcionado possível à esposa.


Agora, o que é que deve ter um homem para estar na proporção de esposo de Nossa Senhora?  


É uma coisa verdadeiramente insondável.

E qualquer coisa que ele tenha dito, qualquer coisa que ele tenha feito, não nos dá uma ideia do que ele foi, como esta simples ideia:

Pai do Menino Jesus e esposo de Nossa Senhora;

Quer dizer, fica acima de todo elogio e de todo feito.

E então, aqui é que entra a coisa bonita;


Vemos que a Providência quis constituir, a respeito de Nossa Senhora e São José, os fundamentos do culto, com base num raciocínio teológico;


Porque é o raciocínio teológico, que nos mostra o perfil moral destas pessoas excelsas.

Sem o raciocínio teológico, nós não conheceríamos o perfil deles adequadamente;

E prova por aí como a Providência não quis apenas uma Igreja baseada na Revelação imediatamente inteligível;


Mas que Deus quis uma Igreja teológica.


Uma Igreja constituída por fiéis, que refletem e refletem a fundo a respeito dos ensinamentos do Magistério;

E tiram desses ensinamentos do Magistério a teologia, como a abelha tira o mel de dentro da flor.

Quer dizer, tira e elabora para dar o mel.

Assim também o fiel, os grandes teólogos, assim também o Magistério da Igreja, toma as informações fornecidas pela Revelação;

Quer pela Revelação nas suas fontes escritas;

Quer pela Revelação na sua fonte oral, que é a Tradição, e então Deus quer que os homens fiquem doutores da Igreja.


Que os Santos, e sobretudo o Magistério da Igreja tomem esses dados e elaborem;


E façam disto uma elaboração que seja, como que, o mel da Escritura;

Onde a doçura maior da Escritura se sente mais no produto elaborado do que diretamente do texto;

Como a doçura maior de uma flor, que o homem não sente pelo paladar se mastigar a flor, mas sente depois da destilação da abelha.


Aí, então, temos um magnífico argumento contra o protestantismo;


Porque é uma Igreja raciocinante, uma Igreja teologizante, uma Igreja que tem uma ciência de interpretar os Evangelhos.

É uma Igreja, portanto, em que a interpretação, não está ao cargo de cada fiel, mas ao cargo dos mais entendidos.

É portanto uma Igreja hierárquica, em que há uma hierarquia dos conhecimentos da Escritura, uma hierarquia de carisma para interpretar as Escrituras;


Uma Igreja em que uns ensinam e os outros devem obedecer, devem acatar, devem aceitar.


Então nós vemos em que altura a Providência quis fundar o caráter hierárquico da Igreja Católica.

São esses raciocínios, que nos levam cada vez mais a amar os aspectos da Igreja.

Os aspectos, por assim dizer, mais ultramontanos do Catolicismo.

Como também, em outra ordem de coisas, quando Nosso Senhor disse uma vez que os discípulos deveriam de fazer coisas maiores que Ele.

Há aí uma magnífica afirmação do princípio feudal:

Os discípulos praticarem atos maiores que os d’Ele por causa dessa beleza própria que há em que o menor, o que recebeu, seja tão grato e tão fiel;

Que embora parecendo maior mantém a obediência àquele que ele sabe que de fato é maior, e presta uma homenagem feudal.

A homenagem daquele que está com as mãos cheias de dádivas e com uma porção de métodos, de meios ou de recursos para se revoltar;

Mas que na plenitude de sua fidelidade declara com gratidão:


“Esses dons vieram de vós, eu poderia voltá-los contra vós, mas a honra impede que eu faça;

A fidelidade impede que eu faça, a decência impede que eu faça.

Esses dons são vossos e no momento em que vós me dais uma liberdade de fato, de os voltar contra vós, eu os ponho a vossos pés e digo:

Nem sou digno desta honra”.


Isto é que Nosso Senhor quer do apóstolo que faz mais do que Ele:

É que o apóstolo reconheça que ele não faz nada a não ser por meio d’Ele, pela força d’Ele;

Que não é nada sem Ele e embora fazendo mais do que Ele, é imensamente menor do que Ele.

É mais ou menos como os senhores feudais a quem o senhor feudal dá parcelas enormes do seu reino e que ao invés de se revoltarem obedecem;

E tomam os seus feudos e os colocam na obediência de um rei que na aparência é mais fraco, mas que tem só esta coisa:


Ele tem o direito, o excelso direito de mandar.


Bem examinada a Igreja, bem examinada a doutrina católica, dela se tiram justificações admiráveis para a nossa doutrina e nós vemos por aí;

Como também a nossa doutrina é santa;

A nossa doutrina vem toda envolta das bênçãos das Sagradas Escrituras, das bênçãos da Revelação, das bênçãos da organização da Igreja.

Começamos uma meditação a respeito de São José, que um pouco se direcionou a Nossa Senhora, e depois a outro ponto do Evangelho.

Uma meditação que não está na excelente rotina, na excelente trilha comum das meditações.


Por que?


Porque a meditação à respeito desta matéria nos levaria a enumerar as virtudes de São José, falar de São José como patrono da Igreja, etc. etc., seria uma coisa excelente.


A propósito do silêncio que as Sagradas Escrituras guardam sobre São José, temos uma dedução anti-protestante;


Quanto ao contraste entre uma Igreja com livre exame e uma Igreja com ensino hierárquico, mostrando como o espírito hierárquico decorre das próprias páginas do Evangelho.

Agora, vemos que se afirma aqui uma característica da mentalidade do Grupo, do espírito do Grupo;

Que não é nem de longe não fazer a meditação clássica, e muitíssimo menos de a desdenhar;

Mas é de não se contentar com ela;

De compreender que para nós há outros tesouros além dos clássicos nessa temática e que a graça nos pede que exploremos também estes tesouros.


Bom, a razão de ser pela qual eu fiz isto é porque há um contraste contínuo entre o modo da “heresia branca” apresentar a Escritura;

E o modo pelo qual a doutrina católica a vê e ensina.


Queiram ou não queiram, a figura de Nosso Senhor é apresentada muitas vezes pela “heresia branca” com uma espécie de fundo igualitário;

Então, para refutar este igualitarismo, no Evangelho, em ocasiões;

Temos trechos que justificam uma visão diversa, assim, portanto o espírito de más interpretações do Evangelho.


Para aproveitarmos bem este Santo Mês, precisamos fixar este ponto no espírito;


E compreender que ao meditar estes princípios como fizemos, estamos fazendo uma verdadeira meditação espiritual.

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Fonte: pliniocorreadeoliveira.info

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