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Quando li há muitos anos A mística cidade de Deus, da Venerável Sóror Maria de Agreda, chamou-me a atenção um ponto a respeito de Nossa Senhora:
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Ela tem o conhecimento de todas as ciências, até mesmo das militares.
Julguei isso um achado, porque não teria sentido que Deus concedesse a Ela tantos privilégios e a privasse nesse ponto.
Mas, por outro lado, como provar que Nossa Senhora conhece táticas e estratégias?
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Quando analisamos as diversas devoções surgidas ao longo dos séculos à Santíssima Virgem — várias delas fruto de aparições ou revelações;
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Compreendemos a existência de uma ligação lógica profunda entre o tipo de invocação e a época na qual essa devoção se tornou necessária ou até imprescindível.
Isto é lógico, porque na luta espiritual, assim como na guerra, as armas se adaptam ao tipo de combate e a luta se trava de acordo com o gênero de armas existentes.
Quando não havia pólvora nem artilharia, as pessoas se protegiam em castelos com altas muralhas, isolados numa montanha ou em algum local de difícil acesso.
Com o descobrimento da pólvora – e com ela dos canhões – isto já não era suficiente e as pessoas procuravam se resguardar dentro de fortificações sólidas, como tantas existentes no litoral brasileiro.
Quando nem isto foi suficiente, as pessoas passaram a camuflar tanto quanto podiam o local onde se escondiam, evitando assim ser vítimas de bombardeios.
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Para cada situação, nova devoção
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A história da luta espiritual entre a luz e as trevas obedece a semelhante lógica.
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Quando, no início da Cristandade, a corrupção no mundo pagão era generalizada, tornaram-se necessários exemplos ostensivos de vida virtuosa, ou de mártires que provassem pelo heroísmo a existência de outro mundo.
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Nossa Senhora era então apresentada como a Virgem e a Mãe casta por excelência.
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Quando começaram a surgir Estados cristãos, impôs-se o aparecimento de governantes e governados virtuosos e, sobretudo, de devoções a Nossa Senhora enquanto Rainha.
Para deformar essa virtude, o inimigo infernal açulou o orgulho, que rejeitava servir determinado rei ou nobre poderoso.
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A Igreja respondeu a essa revolta mediante a devoção do escapulário — símbolo de que servimos a uma Rainha ainda mais poderosa.
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Depois, quando o demônio e seus sequazes começaram a difundir doutrinas erradas, com desvios sutis e difíceis de replicar, apareceu o Rosário, em que se medita uma série de verdades elementares.
Contrarrestou-se com isso a investida do adversário.
Quando o protestantismo estimulou o orgulho, apresentando-o como superioridade espiritual;
A Igreja ensinou as devoções a Nossa Senhora como mestra da humildade.
Surgiram então devoções como a da Divina Pastora, tão difundida pela Ordem dos capuchinhos.
Por ocasião dos ataques externos, como o dos turcos muçulmanos para esmagar a Igreja, nasceram devoções como a de Nossa Senhora Auxiliadora dos Cristãos.
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Antes e depois da Revolução Francesa surgiu e propagou-se o Iluminismo, para o qual só a razão é séria, e que tudo aquilo que não se prova no âmbito das ciências naturais (como a existência de Deus) não pode ser levado em conta.
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A Igreja então nos lembrou a beleza dos mistérios mariais, como o da Imaculada Conceição.
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E não é mera casualidade o fato de Nossa Senhora de Lourdes operar milagres que até hoje deixam atônitos os que veem na ciência a única porta do conhecimento.
Ficou mais do que provado ter havido uma intervenção sobrenatural nos extraordinários milagres de Lourdes, obrigando os que vilipendiam a fé à incômoda posição de não poderem explicar cientificamente o que não podem negar.
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Devoção ao Imaculado Coração de Maria
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Chegamos assim aos nossos dias, com uma crise espiritual, moral, política e financeira generalizada.
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Como contestar e se opor à pretensão moderna de que alcançamos o melhor nível de vida da História, a melhor organização social, e de que podemos fazer o que bem entendermos;
Até estabelecer estatutos de legalidade para desvios morais condenados claramente nas Sagradas Escrituras?
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É a própria Santíssima Virgem que em Fátima indica o remédio para tão grande mal: a devoção a seu Imaculado Coração. Por quê?
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Se houve por um lado enorme progresso material nos últimos tempos, por outro ninguém pode negar que se verificou também uma decadência moral imensa.
Crimes antes difíceis de imaginar ocorrem hoje com frequência.
Pesquisas de opinião atestam que as pessoas se mostram muito céticas em relação ao futuro, e os jovens tendem a admitir que terão uma vida pior que a de seus pais.
Os pecados coletivos vão tomando uma proporção assustadora.
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Na Europa, a limitação da natalidade, causada pelo egoísmo e não pela pobreza, chegou a tal ponto que muitas pessoas se perguntam:
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Seus países sobreviverão, ou irão desaparecer submergidos pelas ondas da imigração?
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Inauditas misérias e solução materna
Quando os problemas chegam a um extremo, só a mudança radical resolve. De onde a necessidade da imagem do coração — ou seja, mudar aquilo que amamos com apego e começar outro modo de viver.
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Mas, por que então não conservar a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, praticada desde o século XVIII? Por que mudar para o Coração de Maria?
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Eis aí outro problema de caráter psicológico. Primeiramente, não se trata de mudar nada.
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A devoção ao Imaculado Coração de Maria soma-se à devoção ao Sagrado Coração de Jesus.
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Elas como que formam uma só devoção.
Acontece que o nível de pecado chegou a tal ponto, que alguns poderiam pensar:
É demais um Deus perdoar tanto e, para isso, só mesmo o concurso materno poderá ajudar.
Obviamente, do ponto de vista doutrinário, esta objeção é falsa.
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Deus Nosso Senhor é a própria Misericórdia e, por maior que seja a bondade de Nossa Senhora, ela é um canal que traz até nós a misericórdia d’Ele.
Mas como Deus toma em consideração as nossas misérias, para nos fazer sentir melhor sua infinita misericórdia, Ele aponta como saída uma solução materna.
E, no fundo, as palavras de Nossa Senhora em Fátima ¨Por fim o meu Imaculado Coração triunfarᨠpodem ser assim interpretadas:
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“Vocês cometeram todo tipo de crimes, mas meu coração materno os ama a tal ponto, que mesmo assim encontrei uma saída e vou conduzir ao Céu todos os que se abrirem ao meu amor¨.
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Só com esta segurança, de que nossa Mãe vai nos ajudar, é que podemos adquirir forças para iniciar o processo da reforma de nossos corações.
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Resumindo, temos hoje dois adversários espirituais terríveis: por um lado, o apego ao pecado, e a pecados incomensuráveis;
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Por outro lado, a sensação de que fracassamos de tal forma, que sem uma ajuda absolutamente extraordinária não sairemos da triste situação em que nos encontramos.
Para combater esses dois inimigos de nossa alma nos é oferecida uma arma decisiva: a devoção ao Imaculado Coração de admirável Mãe, que move montanhas e resolve casos impossíveis.
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E que promete ademais, de maneira a não deixar dúvidas, uma vitória completa.
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Podemos duvidar depois disto da sabedoria que, seguindo as melhores regras de estratégia, governa as ações de Nossa Senhora?
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Fonte: Valdis Grinsteins – Revista Catolicismo
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1 Comentário
Ó doce Coração de Maria. Rogai por nós