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Continuação do Post anterior…
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http://www.adf.org.br/home/2016/03/tristeza-veja-o-que-acontece-com-os-catolicos-na-china-em-pleno-seculo-21-parte-i/
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Sistemática perseguição à Igreja Católica
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A perseguição à verdadeira Igreja de Cristo foi inexorável desde o início da era comunista.
Já em 1951, para mais eficazmente controlar as religiões, o governo criou um órgão específico, que fechava seminários, confiscava hospitais, escolas e asilos dirigidos pela Igreja.
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Num golpe de força, em 1955 os comunistas aprisionaram o destemido bispo de Xangai, Dom Inácio Kung;
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Bem como muitos de seus sacerdotes e leigos pertencentes à Legião de Maria (que foi considerada ilegal e subversiva).
Dom Inácio passaria 30 anos na prisão, muitas vezes na solitária.
Em agosto de 1957 foi fundada pelo governo comunista a Associação Patriótica dos Católicos Chineses, organização títere do regime, a única a ter voz e vez em matéria de catolicismo, com o fim de confundir e desviar a população católica.
Vale lembrar que representantes dessa malfadada Associação comunista e cismática vieram se aconselhar com altos representantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) anos atrás…
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A sinistra “Revolução Cultural” promovida por Mao Tsé-Tung
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Para mais eficazmente revolucionar de alto a baixo toda a sociedade tradicional chinesa, Mao Tsé-Tung iniciou, com a “Circular de 16 de Maio” de 1966, a proletária Revolução Cultural.
Visava ele eliminar assim todos os remanescentes dessa antiga sociedade através de uma mudança abrupta e total de mentalidade segundo a filosofia marxista.
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Sobre o significado desta “revolução” escreve o Pe. João Huang, baseado em sua própria experiência:
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“Durante o verão de 1966, a furiosa perseguição da Revolução Cultural espalhou-se através do país como um incontrolável incêndio numa floresta, com atos de violência e vingança sem precedentes.
Nunca, na história da China, se ouvira falar em tais atos de crueldade: uma perseguição de vastas proporções, que destruía tudo e promovia sangrentas flagelações, torturas e mortes.
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Toda a nação foi lançada num enorme redemoinho de imenso sofrimento. A assim chamada Revolução Cultural nada tinha a ver com a verdadeira cultura;
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Ao contrário, seu propósito era destruir a cultura chinesa antiga. Essa revolução foi pior do que as catástrofes naturais comuns, como pragas e terremotos, porque era causada pelo homem”.
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“Revolução Cultural” e destruição da alma humana
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Abordando o mesmo tema, Li Daoming, autor da vida do Pe. José Li, também vítima dessa revolução, observa:
“A Revolução Cultural lançou o país num caos completo e absoluto. Ninguém mais trabalhava. Jovens e velhos, sem distinção, passavam todo o tempo em ‘reuniões de massa’ ou em ‘sessões de luta de classes’”.
No fundo, em agitações tão ao gosto dos mal chamados Movimentos Sociais que atuam no Brasil, cujo representante máximo, João Pedro Stédile, foi duas vezes convidado, recebido e promovido pelo Vaticano…
As pessoas que tivessem qualquer vislumbre conservador “eram arrastadas à força e colocadas em plataformas diante da multidão, sendo alvo de torrentes de acusações e todos os tipos de agressões.
Pouco importava que as acusações fossem contraditórias ou sem base; os acusados deviam, de qualquer modo, permanecer de pé, imóveis, enquanto cada detalhe de sua vida privada era dado a conhecer a todos.
Entre os muitos incapazes de suportar a violência desse linchamento moral, vários chegaram a enlouquecer, enquanto outros cometeram suicídio.
Não está longe da verdade afirmar que nesses anos o país inteiro se transformara num colossal manicômio. […]
A Revolução Cultural espalhou tal clima de desconfiança e suspeição, que ameaçava sufocar completamente até mesmo o pouco de bondade natural inerente a cada ser humano”.
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Não é para isso que caminhamos com as novas políticas do governo brasileiro? É uma pergunta que se impõe.
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E conclui: “Em 1974, a desordem e a confusão continuaram a prevalecer no país.
À medida que aRevolução Cultural progredia, só os mais rudes, os mais arrogantes e os insensatos conseguiam permanecer no poder.
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O comum dos cidadãos tinha que aprender rapidamente a escolher cuidadosamente suas palavras e ser muito cauto.
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As pessoas procuravam esconder suas próprias opiniões até dos parentes mais próximos.
Ninguém ousava tomar uma iniciativa pessoal; todo mundo se limitava a fazer somente o que tinha sido ordenado ou permitido por aqueles no poder”.
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Espírito sobrenatural dos católicos perseguidos
Convém ressaltar aqui o elevado espírito sobrenatural com que os biografados enfrentavam o cárcere e o possível martírio.
Citemos o testemunho do Pe. Tan Tiande sobre a sua prisão pela polícia, à porta da catedral de Cantão:
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“Eu não tinha medo absolutamente. Pelo contrário, sentia-me honrado.
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Quando recebi o Sacramento da Confirmação, prometi que seria um bravo soldado de Cristo […].
Quando me tornei sacerdote, prometi outra vez oferecer minha vida por Nosso Senhor.
Hoje eu recebi a graça especial do Senhor de dar testemunho do Evangelho.
Era assim um acontecimento alegre”. E acrescenta:
“A aceitação ‘voluntária’ de minha sentença não tinha nada que ver com a questão de minha inocência.
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Eu queria unicamente imitar Jesus para preencher o que estava faltando nos sofrimentos da Igreja”.
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Ele ainda comenta: “As pessoas podem maravilhar-se de como fui capaz de sobreviver nessas horríveis condições [dos campos de reeducação por mais de 30 anos].
Para quem não crê isso não tem explicação. Pelo contrario, para quem tem fé trata-se da vontade de Deus”
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Combates, perseguições e o prêmio do Céu.
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Depois dos longos e terríveis sofrimentos, tendo o Pe. Tan recobrado novamente a liberdade;
Voltou para a sua querida catedral de Cantão, a fim de continuar a exercer ali seu ministério até a morte.
Eis as palavras desse verdadeiro herói da fé:
“Recebi muitas graças de Deus em todos aqueles anos.
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O que eu poderia fazer em retorno?
Gostaria de gastar todas as minhas energias pela sua Igreja, a ponto de sacrificar minha vida. Espero sinceramente que Deus ouvirá minha prece e aceitará meu sacrifício”.
Afirmou ainda: “Cada vez que me sinto completamente exausto e tenho que deitar-me [por causa da idade e dos sofrimentos suportados], gosto de fechar os olhos e meditar nessas palavras de São Paulo:
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‘Eu combati o bom combate, finalizei a minha carreira, guardei a fé’.
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Quanto eu desejo ser capaz de finalizar rapidamente minha tarefa terrena e ir ante o trono de Deus receber a coroa que Ele tem preparada para mim!”
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“Para a ideologia reinante [na China], permanece intolerável que as igrejas ofereçam respostas diferentes daquelas do governo comunista sobre as questões fundamentais da vida e da morte.
E, desse modo, do significado do homem e da sociedade, uma resposta que contradiga a versão ‘científica’ da verdade apresentada pelo Marxismo-Leninismo e o pensamento de Mao Tsé-Tung.
Aqui está a chave para se entender o persistente mal-estar e a mal disfarçada repressão que a Igreja ainda continua a experimentar em nossos dias”.
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Dom Inácio Kung, destemido Confessor da Fé.
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A perseguição religiosa na China comunista é constante e implacável. Não se pode falar dela sem mencionar a heroica figura do Cardeal Inácio Pin-Mei Kung.Grande devoto de Nossa Senhora do Rosário e de Nossa Senhora de Fátima, quando Bispo de Xangai ele consagrou sua diocese ao Imaculado Coração de Maria (1952).
Este intrépido prelado passou mais de 30 anos de sua longa vida na prisão, muitas vezes na solitária, por sua firme recusa de colaborar com o governo comunista nas suas manobras para controlar a Igreja Católica, e por sua fidelidade à Igreja e à Sé de Pedro.
Dom Inácio foi criado Cardeal in pectore pelo Papa João Paulo II em 30 junho de 1979, aos 78 anos de idade, quando ainda estava na prisão.
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Dom Kung faleceu em seu exílio em Stamford (Connecticut, EUA), no dia 12 de março de 2000, aos 98 anos de idade..
Para se ter uma pálida ideia da têmpera deste Confessor da Fé, citamos apenas o seguinte fato: em 1955, alguns meses depois de sua prisão.O bispo Kung foi levado a um estádio de corrida de cachorros onde, perante uma multidão — na qual havia muitos católicos levados à força —, o acusaram de “crimes e escândalos”.
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Ele havia sido torturado, caluniado e assediado durante vários meses pelos comunistas..
Empurrado diante de um microfone para “confessar seus crimes”, no estilo próprio dos julgamentos-show dos comunistas chineses, vestido com um “pijama” da prisão;As mãos amarradas às costas, cercado por forte segurança policial, ao invés de reconhecer seus pretensos crimes, o corajoso bispo gritou alto e bom som no microfone:
“Viva Cristo Rei! Viva o Papa!”.
Ele, assim, dava claro sinal aos seus fiéis de que deviam resistir. Sua mensagem foi entendida: os católicos presentes responderam em uníssono: “Viva Cristo Rei! Viva o Bispo Kung!”.
O destemido Bispo de Xangai foi imediatamente arrastado para o carro da polícia, e desapareceu da vista dos fiéis.
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Fonte: http://www.abim.inf.br/cruel-perseguicao-a-igreja-catolica-na-china/#.VtRHnn0rLIV
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