Uma corda áspera ao modo de cilício
Na aparição de agosto — realizada dias depois do dia 13, pois nesse dia haviam sido raptados pelo administrador de Ourém, que lhes quis arrancar à força o segredo — a Santíssima Virgem recomendou-lhes de novo a prática da mortificação: “Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno, por não haver quem se sacrifique e peça por elas” (II Memória, p. 75).
Passados alguns dias, caminhando os videntes com suas ovelhas, Lúcia deparou com um pedaço de corda de uma carroça. Pegando-a, a brincar, atou-a num braço e logo notou que a corda a magoava. Disse então aos primos: “Olhem, isto faz doer; podíamos atá-la à cinta e oferecer a Deus este sacrifício” (II Memória, p. 75). Todos aceitaram a idéia, e retalhando a corda em três pedaços, passaram a usá-la de dia e de noite. A aspereza da corda, apertada demasiadamente, fazia-os sofrer horrivelmente. Jacinta deixava às vezes cair algumas lágrimas, pelo incômodo que sentia. Lúcia dizia-lhe para tirar a corda, mas ela respondia: “Não. Quero oferecer este sacrifício a Nosso Senhor, em reparação e pela conversão dos pecadores” (II Memória, p. 75).
Por esta resposta, pode-se ver até que ponto Jacinta estava imbuída do espírito de reparação. Por isso, na aparição de setembro, Nossa Senhora lhes disse: “Deus está contente com os vossos sacrifícios, mas não quer que durmais com a corda, trazei-a só durante o dia” (II Memória, p. 77).
Noutra ocasião, Jacinta deparou com umas urtigas, com as quais se picou. Logo advertiu os companheiros: “Olhem, olhem outra coisa com que nos podemos mortificar!” (cfr. II Memória, p. 75-76). Desde então adotaram o costume de dar, de vez em quando, alguns golpes com as urtigas nas pernas, para oferecerem a Deus mais este sacrifício.
Estes exemplos edificavam os católicos que liam as Memórias da Irmã Lúcia, onde estão narrados. No mundo hedonista de hoje, em que os homens colocam o prazer (lícito ou ilícito) como bem supremo, que efeito eles causam? A idéia de reparação dos pecados pelo sofrimento, em certos casos levado até o holocausto de si mesmo, lhes escapa completamente. Talvez algum deles diga: “Não pensei que o fanatismo religioso chegasse a esse ponto”. Por isso, já São Paulo advertia: “Nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios” (I Cor. 1,23).
Fonte: Revista Catolicismo
continua na próxima sexta-feira…
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Que Deus Aben