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Luis Dufaur
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O calvário de Carla Aguirre começa às 6:00
da manhã.
Ele é bem conhecido dos cidadãos venezuelanos, mas também dos cubanos e outrora dos homens escravizados detrás da Cortina de
Ferro soviética.
Filas, filas, filas… para obter o básico e às vezes voltar para casa com as mãos vazias. Carla procura carne na rede de alimentos do governo chamada Mercal, em La Trinidad, Caracas.
Ela não pode pegar sua filha na escola, pois fica esperando sob o sol, obedecendo às ordens dos militares.
Ela ganha pouco mais de um mínimo, equivalente a R$ 4.248,30 pela cotação oficial, mas que no paralelo só representa R$ 39,60, contou o jornal El Mundo de Madri.
“Eu moro com duas pessoas que não trabalham: minha filha e minha mãe. Compramos perto de três quilos de carne cada quinze dias”.
Se ela comprasse num supermercado particular os seis quilos de carne que sua família consome por mês, gastaria todo o seu ordenado.
Quando chegou seu turno, por volta das 16 horas, as prateleiras estavam desertas. O pessoal tinha levado tudo o que podia.
Só ficava carne moída de segunda qualidade e o cheiro no local era nauseabundo. As prateleiras congeladas estavam cheias de sangue.
Por cima delas, numa parede também manchada de sangue, reinava
uma foto do presidente Nicolás Maduro e outra de “seu pai espiritual”, Hugo Chávez.
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Você viajaria duas horas para comprar um frango?
Carla é uma cidadã do socialismo do século XXI no ano da misericórdia do Senhor de 2015, quando a Teologia da Libertação lança sua derradeira ofensiva contra os ricos capitalistas.
Na semana anterior, um jovem morreu durante o saque de um mercadinho na cidade de San Félix, estado de Bolívar, sudeste do país.
O presidente Maduro, mais uma vez, não teve vergonha e pôs a culpa na “direita que recebe ordens dos EUA”.
Segundo o Centro de Documentación y Análisis Social, pelo fim do ano a inflação terá atingido 200%. Outras fontes falam de até 500%.
Em qualquer caso, a disparada da inflação tornou irrisório o valor das notas, mesmo as que têm maior de face. Isso obriga os cidadãos a carregar muitas para a vida diária.
No Brasil, a UOL economia estima que o valor de uma nota de 100 reais em 21 anos encolheu para efetivos R$19,90.
Mas na Venezuela, a pulverização do valor do dinheiro aconteceu em breves anos bolivarianos. O governo aduz que falta papel no país.
A maior parte dos alimentos é importada, pois o socialismo arruinou a agropecuária e fecha as fábricas dos particulares “capitalistas” e “inimigos do povo”.
Sabrina – não declinou seu sobrenome – foi fazer compras numa
terça-feira.
É quando está autorizada pelo último número de sua carteira de identidade para comprar artigos básicos, como farinha, leite, shampoo, papel higiênico e outros itens, todos racionados.
Em alguns postos é preciso deixar a impressão digital.
A especulação grassa sob os olhares cúmplices dos agentes bolivarianos.
O mesmo shampoo controlado pelo governo, que quando existe na prateleira é vendido por 100 bolívares, custa 600 no mercado paralelo.
No supermercado Bicentenario de Las Mercedes, em Caracas, o jornalista de El Mundo de Madri não pôde usar a câmera.
“Se tirares fotos, cairemos encima na pedrada. Nós somos chavistas. Maduro é quem nos traz a comida”, advertiu uma militante idosa que fazia fila desde as 6 da manhã (e já era por volta das 17 horas).
Na rua, a poucos metros do supermercado, as pessoas tinham coragem de falar. Três mulheres viajaram duas horas para comprar uma sacola de frango, leite, arroz, massa, atum e farinha.
Em San Antonio de los Altos, contavam elas, “não há nada. Às vezes a gente viaja desde as 4 da manhã, chega e não tem frango, a gente perde o dia”, explicou Rosario Martínez.
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E o salário não dá nem para comprar o básico…
Jacqueline Acosta, cabeleireira do centro comercial onde está o supermercadoBicentenario, contou que quando as pessoas perdem a paciência, “começam a quebrar as vidraças. Hoje eu deveria atender mais de 20 senhoras, mas só atendi duas. Elas têm medo de vir”.
Naief Al Kuntar tem um filho, Gael, de apenas 3 meses, hospitalizado na terapia intensiva do hospital Miguel Pérez Carreño, em Caracas.
Todos os dias Naief percorre as farmácias da capital para procurar coisas básicas como um antibiótico, porque não há no hospital.
Seu ordenado não é suficiente para pagar os remédios do filho. Nos hospitais não há material para exames.
“Desde que o bebê ficou doente, tivemos que deixar de ir ao cinema. O dinheiro agora dá apenas para alimentar a família, mas a inflação cresce a cada semana”, explica.
Numa farmácia foi possível encontrar um vidro importado de Ômega 3 pelo preço de meio salário mínimo.
Nas altas esferas do lulopetismo, a Venezuela vai pelo bom caminho: o da vetusta e fracassada URSS.
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Fonte: http://esta-acontecendo.blogspot.com.br/
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