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A moral escrava dos apetites contraditórios;
“O protestantismo foi o último galho lascado da árvore católica. Seus restos cobrem ainda larga parte da Europa setentrional.
“Aos olhos de observadores superficiais apresenta ainda o viço de uma verdura luxuriante. Mas são apenas folhas. Flores e frutos já os não produz.
“A mesma infecundidade moral que esterilizou as outras revoltas religiosas feriu também a do monge saxônio.
“Procurai os santos do protestantismo em quatro séculos de existência, inquiri do heroísmo dos seus filhos, investigai-lhes os milagres que são sigilo da divindade; não encontrareis, sob estes títulos, senão páginas em branco.
“Homens honestos, virtudes cristãs que não transcendem os limites da mediocridade, é o mais que nos podem oferecer os seus anais.
“A graça, nos segredos insondáveis da sua ação sobrenatural, pode ainda fecundar a boa fé e a intenção reta dos extraviados.
“Mas o segredo do heroísmo cristão, esse perdeu-se para as almas de escol, enquanto as grandes massas, destruídas as barreiras preservadoras, se precipitaram;
Sob a impetuosidade torrencial das paixões, nos grandes excessos, que cedo ou tarde acarretam a completa, dissolução da vida moral e religiosa.
“Na ordem natural e na ordem sobrenatural a Reforma protestante golpeou de morte os órgãos vitais da moralidade humana e da moralidade cristã.
“Na ordem natural, são dois os elementos fundamentais da grandeza de caráter: princípios sólidos e imutáveis a iluminar as alturas da inteligência, força e constância de querer a fortificar as energias da liberdade.
“Sem a firmeza das verdades eternas que lhe fixam o ideal na corrente movediça das coisas que passam, o homem vive, ou, melhor, flutua à mercê dos acontecimentos.
“Cada capricho que lhe cruza pelo espírito, inspira-lhe uma resolução passageira, cada paixão, que lhe estua na alma, imprime uma orientação efêmera à sua atividade.
“No conflito dos apetites contraditórios nenhuma ordem, nenhuma unidade, nenhuma harmonia de tendências, nenhuma subordinação hierárquica de faculdades.
O protestantismo submeteu a inteligência às paixões destrutivas
“É nesta hesitação vacilante acerca dos grandes princípios moderadores da atividade humana que devemos procurar a causa primeira da crise de caracteres de que adoece a nossa civilização.
Foi o protestantismo o primeiro a abalar nas almas a estabilidade das convicções. Perguntai ao protestante qual o princípio regulador da sua atividade moral.
– A Bíblia, responderá, a Bíblia, única regra dos costumes como norma única de fé.
– Mas a Bíblia quem a interpreta? A razão individual.
Se vos apraz, podereis ver no livro divino, com Lutero, a condenação da virgindade, a justificação da poligamia, a inutilidade das boas obras.
A razão, pois, a razão subjetiva e mutável ao sabor das paixões, eis, em última análise, a regra de nosso operar.
“As massas, desvinculadas assim da submissão a uma autoridade superior e incapazes de deduzir pessoalmente do livro inspirado um código de moral, deixar-se-ão levar pela torrente avassaladora dos apetites desregrados.
“Os cultos, os intelectuais, vagando à mercê das variações da crítica racionalista, erigirão os próprios preconceitos em mandamentos étnicos;
Construirão uma moral “independente” e oscilante sobre a areia movediça dos sistemas filosóficos.
“Para o jovem inebriado com os primeiros fumos da ciência, as regras aprendidas e;
Praticadas na infância já não apresentam a solidez racional capaz de resistir aos embates críticos dos moderníssimos mestres do pensamento.
“O homem maduro achar levianas e superficiais as conclusões assentadas nos fervores entusiastas da juventude.
Ao velho experimentado e desiludido afigurar-se-ão inconsistentes e eivadas de orgulho as construções morais de sua virilidade.
“Destarte, de povo para povo, de época para época, de indivíduo para indivíduo, de idade para idade, os princípios morais variarão com a índole;
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Com os caprichos da moda intelectual, com as paixões que agitam e diversificam as massas humanas no espaço e no tempo.
“O protestantismo em quatro séculos de existência, como não logrou assentar uma confissão de fé que reunisse o sufrágio universal das inteligências;
Assim não conseguiu estabelecer um código de moral que se impusesse à submissão de todas as vontades.
“A sua moralidade furta-côr, o seu preceituário de mil fórmulas cambiantes, os seus mandamentos entregues à versatilidade interesseira do egoísmo, arvorado em norma suprema de ação;
Comprometeram irremediavelmente no domínio intelectual a eficácia regeneradora dos grandes e imutáveis princípios do cristianismo”.
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Fonte: http://lumenrationis.blogspot.com.br/ Retirado de: Pe Leonel Franca S.J., “A Igreja, a Reforma e a Civilização”, in Obras completas do Pe Leonel Franca S.J., vol. II, 7ª ed., Livraria Agir Editora, Rio de Janeiro, 1958. (págs. 375-405)
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