Se até os Santos combateram… Por que não uma Cruzada?

São Francisco de Assis diante do sultão do Egito (Giotto di Bondone, 1267-1337)

Alejandro Ezcurra Naón

À medida que vão sendo conhecidos os massacres perpetrados pelos terroristas do Estado Islâmico e seus congêneres contra cristãos da Ásia Menor e da África, cresce a indignação na opinião pública do Ocidente.

E muitos começam a perguntar se não se deveria convocar uma nova Cruzada em defesa desses povos, vítimas de uma inédita guerra de extermínio em nome de Alá.

A palavra “Cruzada” pode causar calafrios a liberais inveterados, como também a católicos picados pela mosca do relativismo progressista. Uns e outros procuraram estigmatizá-la, associando-a ao abuso, à cobiça, ao afã de domínio político, etc. Mas, felizmente, sua tentativa foi vã.

Embora tenha havido cruzados indignos desse nome, como os há em todas as categorias de pessoas, o protótipo do Cruzado é um só: o Cavaleiro cristão, cujo idealismo e virtudes mil vezes comprovadas converteram-no em paradigma, em modelo de homem de honra perfeito e acabado, inigualado na História.

E a gesta das Cruzadas ficou de tal maneira unida aos valores da Cavalaria, que ela perdura até hoje no imaginário do Ocidente, aureolada de merecido prestígio.

Na origem das Cruzadas, a defesa dos cristãos oprimidos
Ao contrário do que se tenta impingir como verdade, as Cruzadas, de fato, nasceram como defesa das populações cristãs em situação de fraqueza diante das agressões, abusos e vexames sem conta cometidos contra elas pelos muçulmanos — em tudo similares aos praticados hoje pelos guerrilheiros do Estado Islâmico.
A notícia desses abusos moveu o Papa Urbano II a convocar em 1095 o Concílio de Clermont, assistido por 300 bispos e milhares de nobres.
Ali, o retrato da terrível situação dos peregrinos e dos habitantes cristãos da Terra Santa, agredidos e oprimidos pelo poder muçulmano, e das profanações contra os lugares santos, determinou que ao grito de Deus vult! (“Deus o quer!”), um vento de coragem e decisão percorresse as fileiras dos cavaleiros presentes, e se propagasse em seguida pela França e pela Europa.
Milhares decidiram fazer um voto de cruzada e partir para a Terra Santa. Nasceu assim a Primeira Cruzada, que culminaria vitoriosamente em 1099 com a conquista de Jerusalém, arrebatada aos egípcios pelo lendário Godofredo de Bouillon e pela flor da nobreza francesa.
Uma gesta impulsionada e protagonizada por santos da Igreja

Ávidos de lhes encontrar defeitos, os críticos das Cruzadas se esquecem de que o essencial dessa gesta foi a justiça de seu objetivo, servida pela santidade de seus propulsores e protagonistas.

Santo foi o propulsor da Primeira Cruzada, o bem-aventurado Urbano II; santo foi o Doctor Melífluo, São Bernardo de Claraval — a quem se deve a belíssima oração do Lembrai-vos… —, autor da regra de vida dos Cavaleiros Templários, na qual figura o famoso voto de não recuar no campo de batalha.

Santos foram os reis cruzados São Luís IX da França (que comandou não uma, mas duas Cruzadas!) e seu primo espanhol, São Fernando III de Castela, que com ímpeto incontenível, em poucos anos recuperou aos mouros metade da Espanha, inclusive as cidades de Córdoba e Sevilla.

Santo foi também o heroico frade franciscano São João de Capistrano, cognominado de “o padre piedoso”, que com risco de perder a vida alentou os cruzados em pleno campo de batalha e contribuiu decisivamente para a vitória contra os turcos em Belgrado (1456).

Santo foi igualmente o Papa São Pio V, organizador da grande cruzada naval que, no golfo de Lepanto, quebrou definitivamente em 1571 o poderio naval dos turcos; do mesmo modo santo foi o bem-aventurado Inocêncio XI, o qual convocou a Cruzada contra os turcos que assediavam Viena (1683).

Com ele cooperou outro beato franciscano, Marco d’Aviano, que ajudou a organizar o vitorioso exército cristão, o qual, embora três vezes inferior em número (60 mil contra 180 mil), derrotou os turcos e extinguiu para sempre a ameaça terrestre otomana à Europa central.

Poderíamos citar ainda muitos outros santos com espírito de Cruzado, como o caritativo São Vicente de Paulo, que ao ser surpreendido pela morte impulsionava um projeto de Cruzada ao norte da África.

São Francisco de Assis defende as Cruzadas e insta o sultão a se converter
Alguém poderá objetar: não entendo São João de Capistrano e o bem-aventurado Marco d’Aviano: como é possível que pacíficos santos franciscanos tenham se envolvido numa Cruzada? Tal ação não contradiz sua vocação de homens de paz?

De nenhum modo! Estando a Cristandade em perigo, o que há de mais lógico do que defendê-la e apoiar os que a defendem?

Tanto é assim que o próprio São Francisco de Assis deu o exemplo a seus frades: ele acompanhou a Quinta Cruzada e teve a coragem de proclamar sua legitimidade diante do próprio sultão do Egito!

Essa santa ousadia ocorreu em 1219, quando o sultão Malik al-Kamil recebeu São Francisco próximo de Damieta. O episódio é assim narrado por Frei Illuminato, seu companheiro de incursão:
O Sultão apresentou [a São Francisco] outra questão:‘Teu Senhor ensina nos Evangelhos que não se deve pagar o mal com o mal, e que inclusive não deves negar o manto a quem quiser subtrair-te a túnica. Portanto, os senhores cristãos não deveriam invadir nossas terras’.
Ao que o Beato Francisco respondeu:

“Parece-me que tu não leste todo o Evangelho. Em outras passagens, na verdade, está dito: ‘Se teu olho te é ocasião de pecado, arranca-o e atira-o fora de ti’.
Com isto quis Jesus nos ensinar que caso tenhamos um parente, por mais querido que este nos seja, ainda que tão querido como a menina de nossos olhos, se tentasse nos afastar da fé e do amor de nosso Deus, devemos estar decididos a separá-lo, a afastá-lo, a erradicá-lo de nós.

Por tudo isso, os cristãos agem segundo a justiça quando invadem vossas terras e vos combatem, porque vós blasfemais contra o nome de Cristo e porfiais em afastar de Sua religião todos os homens que podeis.

Entretanto, se tu quiseres conhecer, confessar e adorar o Criador e Redentor do mundo, amar-te-ei como a mim mesmo”.

Todos os presentes ficaram tomados de admiração por sua resposta”.(*)

*     *     *

Os santos que acima citamos, por sua virtude e elevação moral, são exemplos para nós. Quando até São Francisco de Assis justifica plenamente, em nome do Evangelho, a Cruzada contra aqueles que usam a violência para arrancar das almas a fé em Jesus Cristo, nada impede, em princípio, que nós, católicos, o imitemos.

Sendo assim, não será uma Cruzada o que Deus pede neste momento às nações ocidentais e ainda cristãs, para deter o extremismo islâmico e evitar ao mundo males maiores?

_____________
Nota: 
(*) “Fonti Francescane”, Seção terceira, Outros depoimentos franciscanos, N° 2691, http://www.ofs-monza.it/files/altretestimonianzefrancescane.pdf
Fonte: abim.inf

Acenda uma Vela por nossos irmãos perseguidos e massacrados no Iraque

Compartilhe:

Share on facebook
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on twitter
Share on email

3 Comentários

  • Á pouco tempo atras aqui mesmo sugeri uma cruzada e acusei a igreja de estar virando as costa para nossos irmãos. No meu caso pergunto apenas. Quando e onde me alisto? Soldado 208 Policia do exercito turma de 2002. Infantaria.

    Resposta
  • Eu acredito que a igreja tem que responder aos ataques feitos pelos estremistas islâmicos. não podemos aguentar em silêncio, precisamos lutar se for preciso. Temos o direito de nos defender e defender o povo que é perseguido.

    Resposta
  • ROGO A DEUS NO ENSEJO DE QUE EU OBTENHA A AJUDA CLERICAL TÃO NECESSÁRIA, A FIM DE QUE EU ME TORNE UM PADRE, POIS A LUTA É GRANDE E POUCOS SÃO AQUELES QUE SE APRESENTAM NO CAMPO DE BATALHA.

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Compartilhe:

Share on facebook
Share on whatsapp
Share on telegram
Share on twitter
Share on email

Cadastre-se:

Mais postagens

Inclua agora seu nome na Missa de Nossa Senhora de Fátima.

Basta ligar para:

0800 608 2128

DÚVIDAS

Clique nas perguntas para ver as respostas

Quando você quiser. Trata-se doação espontânea e não de um título comercial que poderá ser protestado. Para cancelar basta ligar para (11) 4368 2253 ou até nos contatar por outros canais. Mas lembre-se que a sua doação é a forma de participar de um apostolado e até receber graças.

O Grupo Exército da Medalha Milagrosa é formado por pessoas que acreditam na intercessão de Nossa Senhora das Graças através da Medalha Milagrosa e querem espalhar essa devoção pelo Brasil, atendendo ao pedido que Ela fez: “Faça cunhar uma Medalha por este modelo…”. Nossa Senhora pode contar com você?

Quando fazemos algo que nos custa algum sacrifício, isso tem mais méritos aos olhos de Nossa Senhora, Mãe de Misericórdia. Quanto mais você fizer pela Virgem Maria, mais graças estará atraindo para a sua vida. Economizando uma moedinha por dia, 1,00 Real, ao final do mês você terá condições de participar do Grupo Apóstolos de Fátima. Faça um voto de fé e experimente.

Bem, além do cartão de crédito você pode nos ajudar de outras formas. Mas você também pode ver se algum familiar pode lhe emprestar seu cartão de crédito para debitar essa doação. Ele também será incluído nas Missas. Muitas vezes você pode utilizar um cartão de uma loja de departamento, até supermercado. Como um cartão da Riachuelo, C&A, etc., desde que tenham a bandeira VISA ou Mastercard.

Não precisa se preocupar. Nós contratamos um sistema de SITE SEGURO, exatamente como os bancos. Na hora de preencher seus dados no site, veja que terá um cadeadinho no canto superior esquerdo da tela. Ele á a garantia de um site 100% seguro. Pode confiar e ir em frente.

PARABÉNS. São poucas as pessoas que realmente agem para fazer o bem, sem egoísmo. Mas, pessoas como você, geralmente são mais solicitadas dos que os que nada fazem. E Deus, que a tudo vê, saberá recompensá-las. Faça esse gesto por Nossa Senhora de Fátima. Faça como uma promessa ou voto de fé. Ela certamente escutará as suas preces e lhe atenderá.

Claro. Mas lembre-se da Virgem Maria quando o Arcanjo Gabriel lhe perguntou se Ela queria ser a mãe do Messias. Mesmo pobre e mocinha ELA DISSE SIM, sem deixar para depois, afinal, era um pedido do Espírito Santo. Será que a Virgem Maria não está esperando o seu SIM bem agora? Por que deixar para depois?

Pense que a sua ajuda nos permitirá levar este símbolo de Proteção e Bênçãos Marianas a muitas famílias que necessitam. E lembre-se que você contará com missas semanais, terá seu nome levado até o Santuário de Nossa Senhora das Graças e outros presentes. Tudo para lhe agradecer por essa valiosa ajuda. Além disso, você certamente contará com as graças de Maria em sua vida.

Muitos pensam que Missa só se manda celebrar para os falecidos. Ao contrário, ter missas em nossas intenções, enquanto estamos nessa terra, é muito importante. Por isso decidimos por esta forma de lhe agradecer pela sua generosa doação, com este presente de valor infinito. Cada Missa é a renovação do sacrifício de Nosso Senhor.

Sem problemas. Nossa Senhora das Graças quer a ajuda daqueles que o fazem com generosidade e sinceridade. Uma doação obrigada nunca será bem vinda para um apostolado mariano com a missão de difundir a devoção a Nossa Senhora das Graças e a Medalha Milagrosa. Uma doação generosa e dada de boa vontade atrairá bênçãos para você, para sua família e para toda essa obra apostólica.

Abrir bate-papo
Escanear o código
Olá 👋
Podemos ajudá-lo?