“Aborte isso e tente de novo. Seria imoral trazer isso ao mundo se você tivesse escolha”.
Assim tuitou o mais famoso cientista ateu do mundo, Richard Dawkins, distribuindo aconselhamento moral sobre bebês com Síndrome de Down.
Para um cientista, ele não parece saber muito sobre bebês. Existem duas “variedades”: ele ou ela. Não existe “isso”, como ele escreveu na rede social.
Dawkins postou a insensível declaração ao responder a outro tuíte, em que uma mulher tinha afirmado que enfrentaria um verdadeiro dilema ético se estivesse grávida de uma criança com Síndrome de Down.
O comentário de Dawkins não surpreende. Afinal, ele tem uma longa história de utilitarismo. O autor de “The God Delusion” [“Deus, um delírio”, na tradução brasileira] enxerga o mundo da seguinte forma:
“Num universo de elétrons e genes egoístas, de forças físicas cegas e de replicação genética, algumas pessoas vão se machucar, outras pessoas vão ter sorte, e você não vai encontrar nenhuma rima nem razão para isso, nem qualquer tipo de justiça.
O universo que observamos tem precisamente as propriedades que são de se esperar que ele tenha, dando-se a premissa de que não existe nenhum desígnio, nenhum propósito, nenhum mal, nenhum bem, nada além de impiedosa indiferença”.
Para Dawkins, quem se encaixa nisso, intelectual e impiedosamente, sobrevive e tem o imperativo moral de passar por cima do resto. Além desta visão de mundo, é bom lembrar também que Dawkins apoia o infanticídio, seja pelo motivo que for:
“E quanto ao infanticídio? De um ponto de vista estritamente moral, eu não vejo objeção alguma a ele. Eu seria a favor do infanticídio”.
Os usuários do Twitter ficaram horrorizados com o comentário de Dawkins sobre o “imperativo moral” de abortar crianças com a Síndrome de Down. É um comentário que vai muito além de defender que as mulheres possam abortar uma criança com deficiência.
É claro que Dawkins não está sozinho nessas crenças. Virginia Ironsides, escritora e provocadora britânica, chocou o público do canal BBC ao dizer: “Se um bebê vai nascer com deficiência grave ou é totalmente indesejado, o aborto é, evidentemente, o ato de uma mãe amorosa”.
Ela não parou por aí: “Se eu fosse a mãe de uma criança que estivesse sofrendo profundamente, eu seria a primeira a querer colocar um travesseiro em cima do rosto dela. Se ela fosse uma criança que eu realmente amasse, que estivesse em agonia, eu acho que qualquer boa mãe faria isso”.
Voltemos a Dawkins. Depois do tuíte chocante, ele acabou publicando um pedido pouco convincente de desculpas:
“O que eu disse decorre logicamente da postura pró-direito de escolha que a maioria de nós, eu presumo, apoia”, escreveu ele. “A minha fraseologia, por falta de tato, pode ter ficado vulnerável ao mal-entendido, mas eu não posso deixar de achar que pelo menos metade do problema consiste na ânsia desenfreada de não entender”.
Ou seja: as palavras dele eram “vulneráveis ao mal-entendido”, mas a culpa é nossa porque somos “desenfreadamente ansiosos por entender mal”. Dizer o quê?
O conselho de Richard Dawkins não era tão complexo a ponto de as pessoas comuns quererem desenfreadamente interpretar mal a declaração que ele fez: “Aborte isso e tente de novo. Seria imoral trazer isso ao mundo se você tivesse escolha”. É uma declaração mais do que clara para mim.
A melhor resposta para este “conselho” veio de uma fonte inusitada: de um cientista e fã dos livros do próprio Dawkins.
Este leitor confessou que teria concordado com o conselho de “abortar isso”, caso o tivesse lido 18 meses antes. Ele explica:
“Eu entendo de forma implícita o ponto de vista do Professor. O que ele diz continua fazendo todo o sentido lógico para mim.
A conclusão dele é natural quando se aborda o dilema a partir de uma perspectiva lógica, usando-se as informações disponíveis, com uma mentalidade objetiva e (fundamentalmente) com um ponto de vista não religioso. Há 18 meses, eu teria até concordado.
Mas a chegada da minha filha, que nos surpreendeu por ter precisamente essa condição [da Síndrome de Down], fez brilhar uma luz sobre o abismo da nossa ignorância, sem falar do preconceito factualmente incorreto que subjaz a esta opinião.
Ao reler a opinião do Professor, eu fico horrorizado, agora, ao pensar no que eu mesmo poderia ter feito se a doença [da minha filha] tivesse sido diagnosticada durante a gravidez [da minha mulher].
Eu sei o quanto as nossas vidas são mais plenas, agora que os nossos olhos estão abertos. Mais do que isso: eu fico espantado ao ver que tudo continua sendo absolutamente normal, tanto para nós quanto para as outras famílias que conheci.
Sem saber, o nosso bebê já nos ensinou as lições mais incríveis da nossa vida até aqui. E nós não mudaríamos literalmente nada em nossa filha, em especial no perfil genético dela.
O que mudou completamente foram as minhas ideias sobre o que seria o sucesso na vida e sobre o que eu desejaria para todas as nossas crianças.
Eu sempre chego à mesma conclusão: o que importa, no fim das contas, é a felicidade e a alegria, e eu sei que a Rosie vai ter isso em abundância.
Graças a ela, eu acredito que nós teremos mais condições de incentivar o sucesso da irmã dela e do irmãozinho que ela vai ter, agora que estamos livres daquela ideia de que o sucesso na vida depende da realização acadêmica, da carreira e do dinheiro.
Muitas dessas coisas podem levar uma pessoa ao fracasso total, mesmo que os pais dela comemorem o ‘trabalho bem feito’”.
James McCallum, o pai iluminado e orgulhoso de Rosie, questiona então o cerne da proposta eugenista de Dawkins para “solucionar” a existência de crianças deficientes:
“Deveríamos então eliminar os futuros seres humanos que não se encaixam na ideia de perfeição do Professor, simplesmente porque podemos eliminá-los? Se você não conseguir o bebê perfeito, tente, tente e tente de novo?
Eu quero saber quem é que vai dar a última palavra sobre o que seria o bebê perfeito.
Ironicamente, Dawkins quer começar a agir como o Ser que eles mais comumente descarta: Deus.
Propor a superioridade genética como o único modo de seleção só vai mostrar a amplitude monstruosa do oligofrênico mal-entendido que sustenta a opinião do Professor.
Ele ignora a vida deliciosa, feliz, alegre e fecunda que as pessoas com Síndrome de Down têm e ignora os benefícios de aceitação que elas trazem para todos os que vivem ao seu lado”.
O mundo é um lugar muito melhor graças à bondade e à alegria que as pessoas com Síndrome de Down trazem ao resto de nós.
O professor Dawkins pode não perceber o valor delas agora, mas perceberá quando se encontrar com o seu desprezado e não reconhecido Criador. Até lá, ele precisa das nossas sinceras orações por misericórdia.
Fonte: aleteia.org
2 Comentários
Que absurdo, ainda bem que poucos pensam assim.
ESSE CIENTISTA DEVE TER SIDO ABANDONADO PELOS PAIS OU COISA PIOR.
INSANO.