Por que as pessoas inocentes (principalmente crianças) sofrem?

Muitos perguntam por que pessoas inocentes, inclusive as crianças, tão inocentes, sofrem, e se Deus não estaria sendo injusto permitindo isto.

Ora, Deus não pode ser injusto, senão não seria Deus. Então, há uma explicação razoável, convincente para as pessoas de boa vontade, porque as de má vontade sempre arranjam um pretexto para culpar a Deus.

Em primeiro lugar, as crianças, bem como as pessoas inocentes, sofrem porque participam do gênero humano, e portanto compartilham das vicissitudes da humanidade, pois todos nós fomos concebidos no pecado original.

O mundo – e consequentemente o homem – não constituem um teatro cujos personagens são autômatos. Deus governa o mundo através das leis naturais e para o homem, além das leis naturais, há as leis morais, os mandamentos e os conselhos evangélicos.

Ora, o pecado original introduziu defeitos na natureza humana. E Deus não interfere a todo instante fazendo milagres para impedir o mal, para não destruir a ordem natural que Ele mesmo criou.

Então, em consequência do pecado, o sofrimento  e a morte fazem parte da história de todos os homens, inocentes ou pecadores. Muitas vezes um inocente morre por causa de um pecador. Os acidentes das estradas comprovam isto todos os dias; e ninguém pode culpar a Deus, pois os verdadeiros culpados, na maioria dos casos, são as pessoas imprudentes.

São Paulo ensina que “o salário do pecado é a morte” (Rm 6,23); e esta pode atingir a todos, inocentes e culpados, porque a humanidade é una. Cada pecado – assim como cada ato bom – atinge todos os homens, mesmo na ordem natural.

O sofrimento redentor de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Inocente por excelência, resgatará todo sofrimento da criança inocente e fará cada uma ressuscitar um dia com Cristo.

Não devemos esquecer que os primeiros mártires da Igreja são os inocentes que morreram pelas mãos de Herodes, em Belém (Jr 31,15). Hoje são santos mártires da Igreja. O seu sofrimento não foi em vão. Não podemos olhar os fatos só com os olhos deste mundo; é preciso vê-los à luz da vida eterna. A paixão e morte de Jesus resgatou o mundo.

Conta-se que em algumas cidades norte-americanas há aquelas pontes sobre um largo rio, formadas de duas partes que se abrem e levantam quando sob elas passam os navios.

Numa dessas pontes havia ademais uma estrada de ferro sobre ela. Um homem a operava. Quando vinha o trem ele baixava a ponte para ele passar, quando vinha um navio, ele a levantava comandando máquinas e engrenagens enormes, que ficavam sob os seus pés.

Certo dia o seu filho, pequeno, foi visitá-lo, com uma bola nas mãos. Ao brincar com a bola, esta escapou-lhe e caiu lá no meio das engrenagens. Logo o garoto desceu os degraus para pegar a bola, sem que o pai pudesse impedi-lo, e se meteu no meio das grandes engrenagens.

E eis que o trem vinha; e ele teria de baixar logo a ponte, sabendo que o filho estava lá em baixo correndo risco. Gritou desesperado para que o filho deixasse a bola e subisse, mas este não o ouvia.

O trem se aproximava rápido, e ele sentiu que não teria tempo de ir buscar o garoto antes do trem passar… Ficou com o coração na mão… o dilema era enorme: se baixar a ponte as engrenagens matariam o seu filho, se não baixasse a ponte ocorria uma enorme tragédia, muitas pessoas morreriam no acidente.

Sem outra alternativa, com o coração sangrando, o pai baixou a ponte (…) o trem passou, e as pessoas, como faziam de costume, lhe abanavam os lenços e lhe davam adeus e sorrisos (….)

Acontece que há certas formas de grandeza de alma que o homem só mostra na adversidade, no sofrimento e na dor. Há dores que, por algum lado, dão à alma outro vigor e outra decisão que ela não terá nas molezas e nas infidelidades.

Nosso Senhor Jesus Cristo têm bênçãos especiais para as almas que sofrem em união com Ele, por meio de Nossa Senhora. Nesse caso, as dores são alternadas com alegrias inimagináveis.

Então, para o bom equilíbrio de nossos sentimentos é bom, quanto a gente tiver sofrimento, lembrar-se que a alegria virá, senão aqui na terra, no Céu, eternamente.

E quando tiver alegria, não se esquecer que a dor vai bater, mais cedo ou mais tarde, na nossa porta. É um erro a gente imaginar que está aposentado para a dor.

Portanto, é muito importante para nossa época a invocação: “Coração de Jesus, paciente e misericordioso”.  É o Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo enquanto nos ajudando a compreender que há sofrimentos indispensáveis para nossa salvação, uma vez que o sofrimento é a grande lei da vida terrena.

E que o sofrimento essencial é muito mais do que ter doenças, uma dor na perna ou qualquer coisa semelhante. O principal sofrimento de uma pessoa está nela ser boa: levar uma vida de rejeição do mal, de prática do bem, de amor ao verdadeiro, ao bom e ao belo. E assim salvar a própria alma ajudando os outros a fazer o mesmo.

Por fim é bom termos bem claro que aceitar, diante de Deus, todos os sofrimentos de nossa vida, só tem sentido em união com Nosso Senhor Jesus Cristo. E isto já era assim antes de haver a Encarnação do Verbo. Era na previsão dos méritos da Cruz, que os sofrimentos dos justos iam frutificar para o bem deles e da humanidade em geral.

Santo Agostinho afirmou que, se Deus não soubesse tirar algo de bom do sofrimento, não permitiria jamais que esse nos atingisse. Muitos homens e mulheres mudaram de vida radicalmente por causa do sofrimento.

Santo Afonso de Ligório, doutor da Igreja, afirmou que “não existe coisa mais agradável a Deus do que sofrer com pa­ciência e paz todas as cruzes por Ele enviadas”. E Santa Teresa D’Ávila disse que “o mérito consiste em sofrer e amar”.
São Paulo afirma: “cruz é uma  loucura para os que se perdem, mas, para os que se salvam, isto é, para nós, é a virtude de Deus” (1 Cor 1,18). E: “Eu tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória vindoura, que se manifestará em nós” (Rm 8,18).
De fato, o sofrimento suportado com amor de Deus, cura a alma, quebra o orgulho e elimina a vaidade, tira-nos dos abismos do pecado.
O Filho Pródigo somente depois de ter padecido a humilhação é que compreendeu a felicidade da casa paterna e daí resolveu abandonar a vida devassa e regressar com o coração contrito e humilhado.
 
Fonte: Baseado em bloq.cancaonova.com

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