40 – Maria Santíssima tornou-se Mãe como as outras mulheres?
Por um singular privilégio de Deus, Maria Santíssima foi mãe conservando sua virgindade antes do parto, durante e depois do parto, durante toda a sua vida conservou intacta sua pureza original e virginal.
41 – A Virgindade perpétua de Maria Santíssima é um dogma de fé?
Sim, é uma verdade de fé católica definida pela Igreja em seus concílios, especialmente o de Latrão (649) e o III de Constantinopla (680) que definiram a “ilibada virgindade de Maria Santíssima, antes do parto, durante e depois do parto”.
42 – Em que se baseou a Igreja para essa definição dogmática?
Como sempre, a igreja foi conferir essa verdade na Bíblia e na Tradição. Os textos da Bíblia são claros:
“Eis que a Virgem conceberá e dará a luz e o nome deste será Emanuel” (Isaías 7,14). Pelo contexto se vê que Isaías designa esse acontecimento como um grande sinal de Deus, como um grande prodígio. Ora não há prodígio algum quando uma mulher tem filho deixando de ser virgem. O sentido desse oráculo de Isaías é confirmado por São Mateus que, depois de relatar a anunciação do anjo a Maria, acrescenta: E tudo aconteceu para que se cumprisse o que foi dito por Deus ao profeta: “Eis que uma virgem…” (Mat. 1,22)
43 – Poderia especificar melhor os textos que se referem a Virgindade perpétua de Maria Santíssima?
a) Antes do parto: (além do texto de Isaías já citado) “O anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma Virgem (…) e o nome da Virgem era Maria … Maria disse ao anjo: Como se faria isso, pois eu não conheço varão? Respondendo o anjo disse-lhe: O Espírito Santo descerá sobre ti e a virtude do altíssimo te cobrirá com a sua sombra” (Lc. 1,26 e 34-35). E Virgem permaneceu, quando concebeu em seu seio o Filho de Deus, pois essa conceição foi “por obra do Espírito Santo” (Mat. 1,18), sem conhecer homem.
b) Durante o parto: com uma descrição delicadíssima, São Lucas nos persuade de que Maria Santíssima conservou sua virgindade no ato mesmo de tornar-se Mãe do salvador: “Chegou para ela o tempo do parto e deu à luz seu filho primogênito, envolveu-o em faixas e pôs numa manjedoura” (2,6). Maria Santíssima, nesse relato, não aparece como sujeita às dores e fraquezas que são o preço natural da maternidade. São Lucas não poderia ter falado assim, se Ela tivesse dado à luz da maneira comum.
c) Depois do parto: é o que conclui do mesmo texto de São Lucas já citado. Pelas palavras de Maria Santíssima ao anjo vê-se claramente seu propósito de virgindade. Estando já desposada com José, Ela diz: “Como se fará isso, pois eu não conheço varão?” Em outras palavras: “Como me tornarei mãe, tendo o propósito de não conhecer varão?”
Como seria possível que, depois do parto milagroso, Ela deixasse esse propósito, esse voto de virgindade? Tamanha ingratidão para com Aquele que milagrosamente lhe conservara a virgindade antes e durante o parto é inconcebível na Mãe de Deus.
Além disso, era de suma conveniência que o Filho Unigênito do Pai eterno fosse também, segundo a carne, o Unigênito da Mãe.
44 – Mas a Bíblia fala que Jesus teve irmãos. Logo, Maria teve outros filhos?
A Bíblia se refere a quatro pessoas como “irmãos de Jesus”. Mas, isso não permite concluir que sejam irmãos carnais de Jesus.
De fato, três desses “irmãos de Jesus” tem seus pais nomeados na Bíblia:
1) Tiago – é Tiago, o apóstolo (Gal 1.19); o Menor (Mc. 15.40), cujo pai é Alfeu (Mat. 10,3)
2) José – é irmão carnal de Tiago, pois ambos são filhos de uma das 3 Marias que estiveram ao pé da Cruz (Mt. 27,56) e cujo pai é também Alfeu.
3) Judas, o Tadeu é também irmão de Tiago (Jd 1.1), cujo pai é Alfeu. São Lucas o chama de Judas de Tiago (6.16).
Os quarto “irmãos de Jesus” é Simão, cujos pais não estão na Bíblia. Mas o antigo historiador Hegezipo (séc II) informa que ele é filho de Cléofas, esposo de Maria, irmã da Mãe de Jesus (Jo. 19,25). É, pois, primo de Jesus.
45 – São Mateus (1,25) diz: “José não a conheceu até que ela deu à luz”. Isso não quer dizer que depois de dar à luz José a teria conhecido?
A expressão “até que” é um hebraísmo da Bíblia que significa “sem que”, invertendo-se os termos da frase. Significa, então, que Maria Santíssima “deu à luz sem que José a tivesse conhecido”.
São incontáveis os exemplos disso na Bíblia. Eis apenas um “O coração do justo está firme e não temerá até que veja confundidos seus inimigos” (sl 111. 8). Ora, se não temeu antes, não temerás depois. O sentido da frase é “os inimigos serão confundidos sem que o coração do justo tema”.
Assim, São Mateus quis apenas afirmar que “Maria concebeu sem que José a tivesse conhecido”.
Fonte: Catecismo de Nossa Senhora – resumo do livro “Maria ensinada à Mocidade – pequeno Catecismo de Nossa Senhora” publicado em 1915.