[O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.]
Nosso Senhor, então, vai entrando cada vez mais nas sombras de Sua dor e de Sua morte, cada passo que se aproxima é mais trágico do que o outro. Se isto se pudesse dizer de Nosso Senhor, se diria que é mais sinistro do que o outro.
E caminha, mas caminha seguramente sem um minuto de distensão, sem um minuto de alívio a não ser na hora em que Ele recebeu o Anjo que O consolou; a não ser na hora em que Ele viu Nossa
Senhora e teve a presença dEla.
A não ser isso, não teve nenhum outro minuto de alívio, até o alto, no momento extremo em que Ele morreu no auge da dor, exclamando: “Meu Pai, meu Pai, por que me abandonaste?”
É o começo de um Salmo em que está predita a Ressurreição dEle; e em que Ele, dizendo “por que me abandonaste” deixa implícita a previsão, a profecia de que Ele haveria de ressuscitar.
Então, no auge do abandono, implicitamente Ele previa a Ressurreição dEle. Mas até isso, até o “consummatum est”, em que Ele diz “tudo está pronto, está sofrido tudo quanto era para sofrer, está completo tudo”, até esse momento nós vemos que as coisas vão se tornando para Ele trevas que se vão tornando cada vez mais densas.
Então, nós podemos imaginá-lo que vai com os Apóstolos, triste de dentro da Ceia, acabou a Ceia. Ele vai andando pelas ruas de Jerusalém até o Getsemani. Começa a agonia – “agonia”, em grego, quer dizer “luta”; eles chamavam os atletas de “agonistas”, porque eram os que lutavam na arena.
Então, começa a agonia, quer dizer a grande luta dEle, que Ele vai travar sozinho. E a solidão é exatamente uma das tragédias dEle durante a Paixão, até o momento em que Nossa Senhora aparece.
A agonia dEle começa assim:
Ele se isola; se isola naturalmente porque quer estar só; se isola porque sente que ninguém é digno de estar perto dEle nesta hora. Então Ele tem esta frase que é típica: “Sentai-vos aqui enquanto vou fazer oração”, quer dizer, “eu vou me isolar de vós. Orai também para que não entreis em tentação”.
Isso Ele diz para os discípulos sonolentos, para os discípulos indiferentes. E quando Ele se afasta, em vez de um discípulo perguntar, um apóstolo perguntar a Ele: “Mas Senhor, por que Vos isolais?” – ou então, “Senhor, não precisais de mim?” – não! Os Apóstolos começam a vacilar. E já é a tragédia da alma dEle que começa a se fazer sentir.
“Depois, tomando Pedro e os dois filhos de Zebedeu, Tiago e João, começou a sentir pavor e angústia, e caiu em tristeza e abatimento. ‘Minha alma está triste até a morte’, disse Ele. ‘Ficai aqui e velai comigo’.”
Esses, Ele quis ter consigo; os outros, Ele deixa para trás. Então, Ele explica a esses, em maior intimidade: “Minha alma está triste até a morte”; e pede que fiquem acordados com Ele.
Não durmam; “velai” quer dizer isto: ficai acordados comigo. Quer dizer, Eu quero ter o reconforto de vossa presença e de vossa compaixão, enquanto Eu estiver passando por esta dor tão enorme.
“Adiantando-se um pouco, afastou-se deles…”
Aí a distância ficou completa.
“…à distância de um tiro de pedra. Prostrou-se com a face no chão e começou a orar para que, se fosse possível, se afastasse dEle aquela hora.”
3 Comentários
Senhor, sou um pecador. Imagino o Senhor sentido-se só, quanta tristeza, quanta dor em seu coração na sua alma no seu ser; um ser perfeito que fez tudo para mudar todos e o mundo e com essas palavras “MEU PAI, MEU PAI, PORQUE ME ABANDONASTE “
Hoje apos ter ido a Terra Santa me sinto mais idêntica da com minha religião e principalmente com uma fé mais madura.
Quando nos colocamos no lugar de Jesus podemos sentir sua agonia traduzida no grande amor que tem por todos nos.As vezes não acho merecedora de tamanho sacrifício.Tenho que orar, vigiar para não cair em tentação.