[O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.]
Começo no momento em que acaba a Santa Ceia e Nosso Senhor e os Apóstolos se dirigem para o Horto das Oliveiras. Aqui então diz:
“Depois dessas palavras, tendo recitado o hino de ação de graças, saiu Jesus com os discípulos para além da corrente do Cedron. Dirigindo-se para o monte das Oliveiras segundo costumava, chegaram a um lugar chamado Getsemani, onde havia um jardim em que entrou com seus discípulos. Chegando a esse lugar, disse-lhes Jesus: ‘Sentai-vos aqui, enquanto vou ali fazer oração; orai também para que não entreis em tentação.'”
Vê-se que há uma delimitação clara entre a festa da instituição da Eucaristia e da primeira Missa e depois a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Quer dizer, a Santa Ceia tem um caráter festivo; sobre o qual já se projetam as sombras e as tristezas dos acontecimentos trágicos que virão depois. Mas ainda tem um caráter festivo. Em certo momento o caráter festivo cessa: Nosso Senhor, terminada a Ceia, faz a ação de graças e a festa cessou.
A partir do momento em que a festa cessou, começa então, Ele, a enfrentar a dor, enfrentar o drama, enfrentar a grande luta da vida dEle; uma vida que já fora toda ela de lutas, mas que chegou nesse momento ao seu auge e ao seu apogeu.
Nós devemos, para bem saborear os acontecimentos que o Evangelho narra nessa linguagem tão simples, imaginar o estado de alma de Nosso Senhor Jesus Cristo e as disposições do Sagrado Coração de Jesus ao longo desses fatos.
A Santa Ceia para Ele foi triste a dois títulos. Em primeiro lugar porque Ele via a Paixão que viria depois dela, da qual já tinha todo o conhecimento. Mas era triste também por causa da situação tristíssima dos Apóstolos.
A todo o momento nós vemos na narração da Santa Ceia aparecerem manifestações da mediocridade dos Apóstolos, da insuficiência deles. Isso deveria cortar o Sagrado Coração de Jesus, traspassá-lo mais do que a lança de Longinus: a infidelidade dos Apóstolos, o insucesso da obra que Nosso Senhor tinha começado com eles.
Quer dizer, chegado o fim e Nosso Senhor lhes dando a maior manifestação de seu amor até aquele momento, que era de instituir a Santa Ceia e de dar-se a Si próprio em comunhão a eles, Ele vê aquelas almas receberem esse dom incomparável com aquela frieza que nós vemos.
São Pedro, ao mesmo tempo exagerado e superficial; Judas, nas condições abomináveis que não vale a pena sequer referir; os outros Apóstolos, se preparando, depois desse supremo dom, para a fuga.
Há aquele episódio tão bonito de São João Evangelista, discípulo amado, que reclina a cabeça sobre o peito de Jesus e perguntou a Ele quem era o traidor. E Nosso Senhor então disse quem era. Diz o Evangelho “o discípulo a quem Jesus amava”.
Esse discípulo que Jesus amava ia fugir como os outros. É verdade que ele aparece depois no alto da cruz. Mas dizem muitos intérpretes que aquele moço de que fala o Evangelho, que saiu deixando a capa nas mãos dos que prendiam a Nosso Senhor, era São João Evangelista, tomado de pânico. O apóstolo virgem, o apóstolo casto por excelência, o apóstolo preferido, foge! – e foge em que condições! – deixando o Divino Mestre.
Quer dizer, tudo são sombras que vão baixando. Ao mesmo tempo em que os clarões da Missa se vão acendendo, e que Nosso Senhor Jesus Cristo – que conhecia todos os tempos e tudo quanto havia de acontecer – se deleitava com a ideia de toda a glória que a Santa Missa daria ao Padre Eterno até o fim dos tempos, com todas as adorações que Ele receberia de todos os santos, de todas as almas eleitas até o fim do mundo na Sagrada Eucaristia e na Santa Missa.
Ou seja, todos esses sentimentos entravam no Coração dEle e constituíam um claro-obscuro de tristeza e de alegria. Mas há um momento em que o claro-obscuro fica obscuro. O claro se retira.
Nosso Senhor, então, vai entrando cada vez mais nas sombras de Sua dor e de Sua morte, cada passo que se aproxima é mais trágico do que o outro. Se isto se pudesse dizer de Nosso Senhor, se diria que é mais sinistro do que o outro.
6 Comentários
Tive a oportunidade de vivenciar a experiência de estar no Horto das Oliveira em 2010 numa viagem a Israel.
Lugar de espiritualidade e meditação sobre todo o sofrimento de Jesus. Não há pessoa alguma que passe por este lugar e saia do mesmo jeito.
Que a cada dia de minha vida,Deus me conceda a mais profunda reflexão e conversão,pedindo perdão pelos meus pecados.Que eu O busque cada vez mais nas orçãoes,assim como Jesus Cristo na sua Agonia rezou ao Pai no Horto das Oliveiras!Por intercessão de Maria Santíssima,Amém!
DEVEMOS CARREGAR NOSSA CRUZ COM GALHARDIA.
Uma coisa é suportarmos o peso da nossa cruz individualmente, outra coisa é sermos feitos
de palhaços, otários, bobos por seitas, idolatrias e afins. NÃO SOMOS MINORIA e o nosso
MESTRE mostrou com chicote na mão como se trata o aliado ao chifrudo no templo.
PAZ E BEM À TODOS.
A quarta-feira de cinzas é o primeiro dia da Quaresma no calendário cristão ocidental. As cinzas que os cristãos católicos recebem neste dia são um símbolo para a reflexão sobre o dever da conversão, da mudança de vida, recordando a passageira, transitória, efêmera fragilidade da vida humana, sujeita à morte.
Ela ocorre quarenta dias antes da Páscoa (sem contar os domingos) ou quarenta e seis dias (contando os domingos). Seu posicionamento no calendário varia a cada ano, dependendo da data da Páscoa. A data pode variar do começo de fevereiro até à segunda semana de março.
Alguns cristãos tratam a quarta-feira de cinzas como um dia para se lembrar a mortalidade. Missas são realizadas tradicionalmente nesse dia nas quais os participantes são abençoados com cinzas pelo padre que preside à cerimónia. O padre marca a testa de cada celebrante com cinzas, deixando uma marca que o cristão normalmente deixa em sua testa até ao pôr do sol, antes de lavá-la. Esse simbolismo relembra a antiga tradição do Médio Oriente de jogar cinzas sobre a cabeça como símbolo de arrependimento perante Deus (como relatado diversas vezes na Bíblia). No Catolicismo Romano é um dia de jejum e abstinência.
Como é o primeiro dia da Quaresma, ele ocorre um dia após o Carnaval.
Jesus, atraiçoado por um discípulo, abandonado pelos outros, é preso pelos soldados, que O levam às autoridades. Apesar de inocente, Pilatos manda que O flagelem. Os soldados despem Jesus, atam-n’O a uma coluna e descarregam sobre Ele, com toda a força e crueldade, muitas dezenas de chicotadas com correias terminadas em pontas de ferro! Assim O vê a Mãe amargurada.
Jesus começa a dolorosa Paixão retirando-Se no Horto com 3 Discípulos. Aí tem a visão horrível de todos os pecados do Mundo, que são ofensa a Deus e desgraça dos homens. Sente uma tristeza mortal, até suar sangue. Pede, por 3 vezes, ao eterno Pai que O livre daquela amargura, mas logo acrescenta: “Pai, faça-se a Tua vontade e não a minha”!