Há uma hierarquia entre os mandamentos, e o primeiro deles — Amar a Deus sobre todas as coisas — é mais importante do que os outros, inclusive o quarto — Honrar pai e mãe.
Valdis Grinsteins
De partida rumo à longínqua Ásia, de onde nunca mais voltaria, São Francisco Xavier devia ir a Lisboa, tendo de passar perto do castelo de sua família, na Espanha. Ele não quis, contudo, desviar-se do caminho para se despedir de seus familiares, apesar de saber que era muitíssimo provável que nunca mais os tornaria a ver, como de fato aconteceu.
Ele desejava chegar o quanto antes a seu destino em Portugal e de lá partir para as missões. O que ele fez pode parecer duro demais, ou até exagerado, mas Deus lhe pedia uma dedicação fora do comum pela salvação das almas.
Graças a seu zelo apostólico, milhares de pagãos foram batizados. E o santo missionário nos deixou uma lição de amar a Deus sobre todas as coisas, mesmo sobre aquelas mais conformes à natureza como é a família.
Difícil decisão, vencida pelo amor de Deus
Ora, é então fácil para um missionário, uma freira, ou uma pessoa dedicada à Igreja, deixar sua família? O amor de Deus torná-los-ia insensíveis quanto aos afetos naturais para com seus familiares? A História da Igreja nos revela o contrário.
Foram vários os santos para os quais custou mais abandonar a família do que ingressar no convento, seminário ou mosteiro para ali suportar uma vida difícil. E, infelizmente, também abundam casos de pessoas que não foram santas, as quais não tiveram o suficiente amor de Deus para O preferir a seus familiares. Somente no dia de juízo conheceremos quantos milhares de pessoas não corresponderam à sua vocação.
Além disso, não podemos nos esquecer que as pessoas são diferentes. Dependendo de certas circunstâncias, como educação, temperamento, cultura, bem como de fatores emocionais e até genéticos, algumas pessoas são muito mais sensíveis do que outras; e se para algumas abandonar os entes queridos é menos difícil, para outras é uma verdadeira tortura.
E, do ponto de vista católico, essa tortura pode ser agravada por uma ação do demônio — anjo decaído dotado de uma inteligência superior, e com capacidade de prever quão nociva esta ou aquela alma lhe pode ser caso se entregue ao serviço de Deus.
Nesse caso, se Deus o permite — o demônio fará todo o possível para cortar pela raiz todo o bem futuro que advirá dessa alma, impedindo-a de iniciar o caminho da perfeição pelo ingresso numa instituição religiosa. A pessoa é sempre livre de aceitar ou não as solicitações do maligno.
Relacionamento com a família: exemplo do Pe. Pio
Foi bem o caso do Santo Padre Pio de Pietrelcina. Aos 15 anos, ele teve de deixar sua família e partir para o noviciado dos capuchinhos na cidade de Morcone. À medida que se aproximava o dia, ele ficava cada vez mais triste; uma tristeza tal que, segundo suas próprias palavras, a sensação física era como se todos os seus ossos estivessem sendo triturados. Para medir bem o sacrifício que isto representava, devemos ter em vista que muitos anos depois, já sacerdote, quando morreu sua mãe Giuseppa, o Padre Pio chorou torrencialmente, não teve forças para assistir ao funeral, e precisou de vários dias para recuperar-se.
Igualmente, quando da morte de seu pai, Grazio Forgione, ele ficou tão chocado que não pôde retomar suas atividades sacerdotais por vários dias. Portanto, temos aqui um caso típico de alguém que por natureza era muito ligado à família. E a quem o demônio tinha o máximo interesse de atrapalhar no caminho da vocação, pois dele viria a depender a fé de milhares, senão milhões de pessoas.
Mas Deus, que permite a provação, também apresenta a solução. E, neste caso, foi uma solução totalmente sobrenatural. No dia anterior a sua partida para o noviciado, 5 de janeiro de 1903, ele teve uma visão de Nosso Senhor e Nossa Senhora, que resplandecentes de glória lhe disseram que tivesse confiança, pois estavam com ele e permaneceriam com ele na sua nova vida religiosa.
Ao final da aparição, Nosso Senhor colocou a mão sobre a cabeça do jovem Francesco (só depois, como capuchino, adotará o nome de Pio) e deu-lhe uma bênção. A aparição fortaleceu-o de tal maneira que, apesar de ser muito sensível, ao partir no dia seguinte não derramou uma só lágrima, indo em paz cumprir sua vocação.
Deus, que permite a provação, dá forças para vencê-la
Esta foi uma das diversas aparições de Nossa Senhora ao Santo Padre Pio e, em certo sentido, a mais necessária, pois do contrário ele não teria entrado no convento e seguido o chamado de Deus.
Algum leitor poderia dizer: “Bom, então a solução para alguém com vocação e apegado à família é ter uma aparição da Santíssima Virgem! Assim ele esquece a tentação e pronto!”.
Mas esse não é o caminho de Deus para todos, nem é como a sabedoria divina habitualmente age. Deus muitas vezes não suprime a tentação, mas dá forças para vencê-la. No caso do Padre Pio, Deus não eliminou seu amor pela família, mas ajudou-o a carregar sua cruz.
Além disso, o auxílio de Nossa Senhora é proporcionado à tentação de que somos alvo. Nem todos os homens são tentados como o foi o Padre Pio, a quem o demônio tinha especialíssimo interesse em fazer cair na tentação.
Sua vida foi marcada por numerosos dons sobrenaturais, que o ajudavam a fazer bem às almas: bilocações; lia a consciência dos penitentes no confessionário, a ponto de contar-lhes os seus pecados antes de ouvi-los; recebeu as chagas da Paixão de Cristo impressas em seu corpo; conhecimento do conteúdo das cartas sem necessidade de abri-las; confessava penitentes em línguas que desconhecia; misteriosos perfumes nos locais onde atuava, etc. etc.
A vida do Padre Pio assemelha-se a uma lenda medieval acontecida em nossos dias. Neste século de incredulidade, seus milagres são impressionantes, como o operado em Gemma di Georgi, que via sem ter a pupila do olho, forçando literalmente os médicos sem fé a reconhecerem a presença do sobrenatural.
Nada disso teria acontecido se o Padre Pio não tivesse abandonado sua casa para entrar na Ordem dos Capuchinhos e nela santificar-se. Mas foi necessária uma intervenção especial de Nossa Senhora.
Intervenção que sempre ocorrerá, de uma ou de outra forma, desde que peçamos insistentemente a Ela forças para cumprir o primeiro mandamento. Ainda que o preço seja a privação de nossos parentes queridos, amizades, bens, ou o que for.
Fonte: Reivsta Catolicismo
2 Comentários
MEU SENHOR E MEU DEUS, NOSSA SENHORA, ABENÇOA NOSSA IGREJA, E TODAS AS PESSOAS QUE ESTARÂO NO CONCLAVE, PARA ESCOLHEREM O NOSSO NOVO PAPA. QUE TENHAMOS SABEDORIA PARA AJUDAR O CONCLAVE COM NOSSAS ORAÇÔES.
Frade Pio, lembra em muito o Papa Bento XVI. Ambos lutaram contra a falsidade e os interesses mais escusos que tentam assolar a IGREJA. É minha opinião também que
Frade Pio deveria ser mais divulgado, pois ele enfrentou o maldito em deiversas
passagens da sua vida, ou seja, deixou um recado claro à toda gente:
-“NÃO TENHAM MEDO , ENFRENTEM, NÃO CORRAM DO MALDITO, ELE CORRERÁ DE CADA UM
DE VOCÊS”.