Durante o Sínodo geral realizado em Roma, Dom Virgil Bercea, bispo de Oradea Mare, na Romênia, lembrou o sangue vertido sob o regime comunista soviético pelo fato de se professar a fé em Jesus Cristo, noticiou a Rádio Vaticana.
“De 1948 em diante os cárceres da Romênia estavam cheios”, disse o prelado à própria Radio Vaticana.
“Os comunistas quiseram destruir a Igreja e os intelectuais para controlar tudo. Essas pessoas deram a vida por Cristo. Os comunistas procuraram pretextos para acusá-los, mas não acharam. A grande culpa deles era de serem católicos. Há ainda pessoas vivas que conheceram isso”, explicou.
Ele acrescentou que esses mártires “por toda parte eram modelares, até conseguiram moderar o comportamento dos guardas que antes os aterrorizavam. (…) Morreram por amor de Cristo, sem arrogância, mas com humildade e com a paz no coração, com serenidade, convencidos de que com seu comportamento iriam atrair a vida e a esperança.
“Sim, naqueles momentos em que os comunistas haviam conseguido transformar nosso país num grande cárcere do qual ninguém teria podido sair, havia uma grande necessidade de esperança.
“Quando meus pais obtiveram o primeiro rádio, conseguimos ouvir a Missa da Rádio Vaticano. Minha mãe pôs uma Cruz sobre o rádio e vieram muitas pessoas até a nossa casa, e nós nos sentíamos diante do rádio como diante de um altar. No início da liturgia, ficávamos todos em pé; durante o Evangelho – segundo nosso costume – nos ajoelhávamos. Obviamente, não podíamos comungar, não tínhamos sacerdote, mas todos usavam as roupas de domingo.
“Simultaneamente, nossos mártires estavam detrás das grades. Estávamos unidos pela oração: suas orações na prisão e as nossas puxadas pela Rádio Vaticano. Um tio meu que depois foi Cardeal passou 16 anos no cárcere. Quando ele voltou com os cabelos raspados a zero e os olhos esbugalhados, fiquei impressionado com a sua personalidade! Media 1,85m, mas o mantiveram durante três anos numa cela de um metro por um metro e cinquenta, devendo passar o dia todo de pé. Esses mártires estavam expostos ao frio de até -30°… Estas coisas ainda falam, são transmitidas: o sangue dos mártires é semente para o nascimento de novos cristãos”.
O Sínodo, entretanto, concentrou-se no tema do ecumenismo.
Ele relembrou o espírito e a atitude dos padres do Concílio Vaticano II, iniciado 50 anos antes.
Eles preferiram não condenar o comunismo nem os regimes que martirizavam tão cruelmente os católicos enquanto abriam otimista e imprudentemente os braços aos carrascos.
As corajosas e emocionantes palavras de Dom Virgil Bercea não foram em vão.
Ficaram registradas no Livro da Vida e um dia servirão para julgar todos os crimes do comunismo e todas as omissões e cumplicidades que ele encontrou no Ocidente.
Fonte: Instituto Plinio Corrêa de Oliveira
1 Comentário
Os mártires são sempre lembrados nas missas no decorrer da LITURGIA EUCARÍSTICA.