2º grupo: os três tipos da força e coragem da Santíssima Virgem
Maria (irmã de Moisés), Débora e Judite.
Todas elas foram guerreiras cheias de heroísmo e de espírito patriótico. Representam, em particular no hino que cada uma cantou, um aspecto da luta dos filhos de Deus.
Seus cânticos fazem lembrar o Magnificat, brado de triunfo da humildade e da fé de Nossa Senhora.
Significado dos Cânticos:
Maria: a voz que canta a libertação (séc. XVI a.C.);
Débora: inspiração que conduz à vitória (1285 a.C.);
Judite: mão que fere e prostra o inimigo (séc. VI a.C.).
IV – Maria, irmã de Moisés:(8) primeira mulher bíblica com o nome de Maria
É a primeira mulher bíblica que aparece com o nome de Maria, o qual, no decorrer dos tempos, tantas virgens se ufanariam de o possuir.
O povo eleito, libertado por Moisés, atravessou o Mar Vermelho. À frente de todas as mulheres, Maria cantou o maravilhoso cântico de seu irmão: “Cantemos o Senhor, que é gloriosamente escoltado”.
A Santíssima Virgem também atravessou o “mar vermelho”. Um “mar” tinto com o sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, que da terra de escravidão do pecado conduz à terra da beatitude e do perdão.
Também a Santíssima Virgem entoou um hino que os católicos repetem pelos séculos, sempre com entusiasmo: Magnificat anima mea Dominum… (“Minha alma glorifica o Senhor”).
V – Débora:(9) “Minha alma esmaga com o pé os poderosos”.
Débora é uma mulher extraordinária do primeiro período da época dos Juízes. Ela nos é apresentada pela Sagrada Escritura como profetiza, juíza do povo, libertadora de Israel e poetiza.
Profetizou a Barac, comandante do exército dos israelitas, que o Senhor entregaria em suas mãos o chefe do exército do rei de Canaã, opressor dos hebreus durante 20 anos, juntamente com seus carros de guerra. Como Barac se recusou a ir sem ela ao combate, Débora lhe disse: “Está bem, eu irei contigo, mas desta vez não te será atribuída a vitória, porque Sísara [nome do general inimigo] será entregue nas mãos duma mulher”.
Levantou-se, pois, Débora e partiu com Barac. Apesar da fraqueza e da timidez de seu sexo, Débora — juntamente com Jael — foi o instrumento de que Deus se serviu para assegurar o triunfo dos israelitas. O nome de Débora permaneceu sempre relacionado a esta gloriosa vitória de Israel sobre Sísara, seu inimigo.
Débora foi também “juíza do povo”. Todo tipo de demanda era-lhe apresentado, pois naquela época não havia ainda tribunais para aplicar a justiça. Débora a tudo dava solução por seu espírito de profecia, aprimorado sentido de justiça, excelente bondade e singular sabedoria. Razão pela qual foi cognominada a “mãe de Israel”.
Trecho do cântico de Débora: “Calca, ó minha alma, esses valentes; (Sísara) caiu entre seus pés (de Jael), desfaleceu e expirou; contorceu-se e ficou estendido por terra, exânime e miserável;(10) Assim pereçam, Senhor, todos os teus inimigos; os que, porém, te amam, brilhem como o sol quando nasce”.(11)
A Santíssima Virgem é a Rainha dos Profetas e predisse que todas as gerações a chamarão bem-aventurada. Como mãe espiritual de todos os homens, a Ela recorrem de todas as partes, em suas necessidades espirituais e materiais, os filhos da Igreja. Venceu um adversário não de carne e sangue, mas o próprio inferno, esmagando com o seu calcanhar o orgulho feroz do demônio. E também, como Débora, entoou o Magnificat, em que exaltou o triunfo de Deus sobre os soberbos da terra.
Portanto, em Débora se vê, pois, uma imagem da intrepidez calma e misericordiosa de Nossa Senhora.
VI – Judite: piedade aliada à coragem
Judite era viúva, já por um período de três anos e seis meses. Nesse período passava a maior parte do tempo em orações e jejuns, juntamente com suas criadas, exceto nas épocas de festas de Israel. Era de belíssimo aspecto, possuía muitas riquezas. Além disso era estimadíssima de todos, porque era temente a Deus e não dava ocasião a que ninguém dissesse dela uma palavra em desabono.
O episódio central da história de Judite é o fato de ela ter cortado a cabeça de Holofernes, general de Nabucodonosor, rei dos Assírios, e com isso ter livrado os israelitas de serem destruídos e escravizados.
Holofernes sitiou a cidade de Betúlia, onde se refugiaram os israelitas. Esgotaram-se as águas para todos os moradores. Então estes foram a Ozias, seu chefe, e lhe propuseram a rendição incontinenti, e que se entregasse a cidade nas mãos de Holofernes, preferindo morrer pela espada do que perecer pela sede.
Ozias, entretanto, propôs aguardarem mais cinco dias, e que nesse tempo orassem e fizessem penitência. Se, transcorridos os cinco dias, Deus não lhes enviasse o socorro, então se entregariam.
O socorro do Céu veio por intermédio de Judite. A princípio aparece na solidão e na prece. Persevera no jejum e na oração. Como está dito antes, a sua vida austera, bem como a piedade exemplar, fizeram-na digna de admiração pública. Ela é admirada por todos pela pureza de sua alma.
Para ir ao encontro do príncipe inimigo, vestiu-se com os vestidos de gala, adornou-se com as mais preciosas jóias, pôs braceletes etc., calçou os melhores sapatos e ungiu-se de preciosos perfumes. Conforme diz a Sagrada Escritura, o próprio Deus aumentou-lhe os encantos, porque todo este proceder não tinha em vista despertar a concupiscência, mas exclusivamente a glória de Deus. Por isso Ele aumentou-lhe ainda mais a formosura de modo que seus próprios compatriotas ficaram estupefatos e maravilhados com sua incomparável beleza.
E ela, após sair da cidade e adentrar o campo inimigo, sem prestar atenção aos elogios que os sequazes de Holofernes lhe faziam, recolheu-se um momento para orar. Depois, com a confiança em Deus, enquanto Holofernes se entregava ao gozo e a toda sorte de excessos, com sua própria espada corta-lhe a cabeça. Quando a notícia correu, todos os combatentes fugiram, gritando: uma só mulher derrubou o trono do nosso poder.
É uma prefigura da Santíssima Virgem, a triunfadora imaculada, que, com a simplicidade de sua virtude, salva a humanidade inteira.
Continua amanhã
Fonte: Catolicismo