Elementos para compreensão da realidade profunda da História: figuras emblemáticas do passado, que prenunciaram a Mãe de Deus, são como que ensaios da obra-prima do Criador.Por Marcos Aurélio Vieira
A vida de cada pessoa, em qualquer idade, comporta uma sucessão de escolhas de rumos: escolha do estudo, da profissão, de amigos, de formas de diversão, etc.
Dentre essas várias opções de rumo, a mais importante de todas, a fundamental e constante, é entre fazer a vontade de Deus ou seguir as próprias apetências e caprichos.
Daí o pensamento sublime de Santo Agostinho: “Dois amores construíram duas cidades: a cidade terrena, a fez o amor de si mesmo até o desprezo de Deus; a cidade celeste, a fez o amor de Deus até o desprezo de si mesmo” (“Cidade de Deus”, XIV, 26). E quem despreza a Deus está escolhendo, ainda que implicitamente, o demônio.
Uma consideração sobre essa escolha fundamental e constante dos rumos de vida é particularmente útil na época em que vivemos. De um lado, a autêntica Igreja Católica, Apostólica, Romana — não, evidentemente, o chamado progressismo católico –– e de outro todas as formas possíveis de corrupção e de mal. Mediante tal conflito, pode-se ver bem claramente que, no fundo, só há dois partidos: o de Deus e o do demônio.
No mundo, tudo quanto há de ordenado, de composto, de lógico, de limpo, digno de respeito e de admiração, em suas conseqüências lógicas, conduz à Igreja Católica. E desta a Deus. Em sentido contrário, se tomarmos as inúmeras desordens existentes hoje e tirarmos as últimas conseqüências lógicas delas decorrentes, chega-se ao culto do pai da mentira.
Tomemos como exemplo a imoralidade. Já existem em circulação numerosas revistas imorais em quadrinhos, como também desenhos animados, que apresentam o demônio como sendo o termo normal da pornografia. E até já se preludia uma época que não estaria longe, segundo tais revistas, na qual o demônio aparecerá de modo sensível para estimular os homens à prática da imoralidade e se fazer adorar.
Portanto, se se analisa com profundidade esse auge de obscenidade, concupiscência, ganância, incoerência e confusão de espírito, em que cada vez mais afunda o mundo contemporâneo, não é difícil constatar que se está a caminho do que Santo Agostinho denominava “a cidade terrena”, onde predomina a civilização do demônio.
Ora, a finalidade da criatura humana é conhecer, amar e servir a Deus neste mundo, para depois contemplá-Lo eternamente no Céu.
O conhecimento da verdadeira devoção à Santíssima Virgem
Assim, num momento crucial da escolha entre um caminho ou outro, é indispensável que cada um, para escolher bem, procure conhecer da melhor maneira possível aquilo que há de mais autenticamente belo na Terra.
O que há de mais belo na Terra é a verdadeira face da Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana. É conhecê-la segundo a sua verdadeira doutrina, seu verdadeiro espírito, seus verdadeiros costumes, sua verdadeira finalidade.
Exatamente por isso se torna mais necessário do que nunca conhecer a verdadeira devoção a Nossa Senhora. Porque Nossa
Assim, nós só seremos capazes de fazer acertadamente essa grande escolha se nos aproximarmos dessa Medianeira e d’Ela obtivermos os favores necessários.
Um modo excelente para conseguir essa meta é procurar aprofundar, sempre mais, o conhecimento da fisionomia espiritual de Nossa Senhora. Esta é a razão pela qual julgamos particularmente importante falar sobre as prefiguras de Nossa Senhora.
Papel das prefiguras na compreensão profunda da História
Numa palestra pronunciada em 27-3-79, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira ressaltou com precisão a importância das prefiguras para uma autêntica compreensão da História:“Os acontecimentos históricos não só são causadores uns dos outros, são também prefigurativos uns dos outros. Pois, em cada acontecimento histórico pode-se ter uma noção, embora confusa, daquilo que ele prefigura.
“Mais. Os acontecimentos passados não são apenas prefiguras, mas são incoativos. Quando aparece a prefigura, nas entranhas profundas da realidade a figura, que está remota, se aproxima mais do acontecer. A prefigura atrai e começa a gerar a figura. A cada nova prefigura, mais ela se aproxima da figura e torna mais intensa a sua gestação. Até o momento em que a figura se torna irreversível.
“Daí a razão da ‘energia’ das prefiguras. Neste sentido, Caim é pai dos celerados. O auge seria Judas, ou alguém que tenha pecado mais do que Judas.
“Este princípio serve para compreender a realidade profunda da História”.
Prefiguras da Virgem: “ensaios” da obra-prima do Criador
A Providência Divina não produz de uma vez as suas grandes obras. O mesmo princípio, guardadas as proporções, se aplica também aos homens.
Como é fácil observar, os artistas e os poetas costumam executar suas obras-primas após realizar alguns ensaios. Do mesmo modo Deus, não por falta de poder, mas para nos instruir, apresenta seus desígnios a nossas mentes, conduzindo a perfeita realização de suas obras, as mais maravilhosas, de maneira sucessiva, gradativamente.
É por isto que, segundo abalizados estudiosos, Ele empregou cerca de quatro mil anos em dispor os caminhos para a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Da mesma forma, as três Pessoas divinas prepararam com harmonia e grande sabedoria, bem como com traços cada vez mais acentuados, a criação da bem-aventurada Virgem Maria.
É, pois, com razão que os Doutores da Igreja reconhecem na História, ao lado das prefiguras de Nosso Senhor Jesus Cristo, grande número de figuras simbólicas das perfeições de sua Mãe Santíssima.
Entre estas figuras estão, em primeiro lugar, determinadas personagens femininas como reflexo, embora pálido, das virtudes e das prerrogativas espirituais de Nossa Senhora. A reunião de seus traços nos auxilia enormemente a completar o “retrato” da Santíssima Virgem.
Na verdade, essas personagens femininas são como “imagens” que um caminhante do deserto pode ver, e que a seus olhos refletem panoramas cada vez mais próximos do local aprazível que ele espera brevemente alcançar.
Continua amanhã
Fonte: Catolicismo
1 Comentário
Comos são lindas e instrutivas essas verdades da nossa fé. Nós católicos conhecemos tão pouco aquili em que acreditamos e conhecendo podemos amar mais e crer melhor. Obrigada, continuem e que Deus abençõe vosso trabalho evangelizador.
Maria Alcina