Quando o Arcanjo São Gabriel anunciou à Maria a graça de ter sido escolhida por Deus para ser a mãe de Seu Filho, num primeiro momento – diz-nos o Evangelho – Ela ficou perturbada por não entender o que significava a saudação: “Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo!”. Por isso o Anjo explicou-lhe detalhadamente a missão que Deus lhe havia confiado.

Chama-nos a atenção, antes de tudo, a humildade de Nossa Senhora, pois em nenhum momento Ela se exaltou perante o anjo, ao perceber ter sido a escolhida para uma missão ansiosamente esperada pela humanidade desde que Adão e Eva foram expulsos do Paraíso Terrestre, o acontecimento ápice da História, tanto que a divide em “antes” e “depois”: antes de Cristo e depois de Cristo. Sua atenção se voltou imediatamente não para sua glória pessoal, mas para aquilo para o que estava sendo chamada. Esclarecida quanto à questão da manutenção da virgindade, respondeu prontamente: “Faça-se em mim segundo a tua palavra!”.

Em tese, haveria ainda muitos “questionamentos” (para usar uma expressão de uso moderno) que Nossa Senhora poderia apresentar. Por exemplo, uma que deve ter surgido ao seu espírito, de imediato: “Como explicar para São José?”.

Ademais, naquela época qualquer personalidade que contestasse as autoridades vigentes era implacavelmente eliminada. Podia-se prever a fúria daqueles homens detentores do poder quando se espalhasse a notícia de que havia nascido o filho de Deus e verdadeiro Rei de Israel! Demonstra isso o fato de que, não podendo apoderar-se do Menino Jesus, mandaram matar todos os meninos até dois anos de idade!

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Nossa Senhora tinha uma visão lúcida da situação e deve ter percebido todas as implicações da missão a Ela proposta! Entretanto, sem prolongar um instante o maior acontecimento da História – a Encarnação do Verbo de Deus – disse logo: “Eis a escrava do Senhor!”. Com essa atitude Ela praticou um ato heróico de Fé e de Esperança de que a Providência resolveria todos os obstáculos com: bondade, sabedoria, poder e força…

Hoje, aprendamos com Maria Santíssima a fazer, na nossa vida diária, a vontade de Deus acima de todas as coisas, a ter humildade no enfrentar as contrariedades, a reconhecer que Deus é bondoso (ama-nos acima de tudo), é sábio e nos dá força, desde que saibamos pedir. Devemos nos lembrar disso. Se tivermos isso bem em mente, estaremos fazendo como São Pedro, que pediu o auxílio de Deus e a rede estalou de tão cheia de peixes.

Então, a lembrança e a meditação sobre as atitudes de Nossa Senhora são de muito propósito para termos presente, ao longo de nossa vida, aquela humildade, aquele espírito sobrenatural, para compreendermos que de nós para nós não somos coisa nenhuma e que na ordem sobrenatural não conseguimos nada; e que na própria ordem natural precisamos do auxílio de Deus. Auxílio de Deus que nos vem exatamente pela intercessão de Nossa Senhora, Auxiliadora dos Cristãos.

Busquemos primeiramente o Reino de Deus e a sua justiça e tudo mais nos será dados por acréscimo!

Agora, se não se procura, primeiro, o Reino de Deus e sua justiça, mas se pretende oficializar e impor todo de tipo de aberrações morais, o resultado vai ser vaidade, discórdia, dores e amarguras, sem descanso para a alma, nem de noite e nem de dia. E daí à perdição das almas.

Deus, ao homem que lhe é agradável, dá sabedoria e ciência, e alegria; mas ao pecador dá aflição e cuidado supérfluo para que ajunte e acumule bens e os deixe a quem Deus quiser. E isto é vaidade e um inútil tormento do espírito. (Eclesiastes, 2, 26)

Fonte: http://cotidianoespiritual.blogspot.com/